Ediraldo Brandão afirma Polícia Civil não quer perder prestígio
O superintendente de Organização Penitenciária da Secretaria de Justiça de Minas, Ediraldo Brandão, afirmou nesta qui...
06/06/1997 - 10:01Ediraldo Brandão afirma Polícia Civil não quer perder prestígio
O superintendente de Organização Penitenciária da Secretaria de
Justiça de Minas, Ediraldo Brandão, afirmou nesta quinta-feira, ao
depor à CPI Carcerária, a Política Civil não transfere a guarda de
presos condenados à Secretaria de Justiça para não perder prestígio.
Ao mesmo tempo, ressaltou que 99,9% do delegados de Polícia são
favoráveis à transferência. Para ele, o problema pode ser resolvido
por decisão do governador Eduardo Azeredo. Brandão também contestou
números sobre o sistema carcerário apresentados à CPI pelo Ministério
Pública e pela Polícia Civil.
Segundo ele, os dados não distinguem o preso condenado do preso
condenado definitivamente, pois esta última situação somente acontece
quando não há mais possibilidade de apelação. O superintendente
questionou ainda dados de que 85% dos presos voltariam ao crime após
serem soltos. Ele disse um mesmo censo feito pelo Ministério da
Justiça, em 1995 e 1995, aponta 85% e 35%, respectivamente, dos casos
de reincidência.
Outro ponto de discordância indicado por Ediraldo Brandão foi em
relação a afirmação feita pelo deputado Durval Ângelo (PT), de que o
Sul de Minas não necessitaria de construção de penitenciária por ser
uma região de baixa criminalidade. Ele citou números do Ministério
Público segundo os quais a região é recordista em Minas nos índices de
criminalidade, superando a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Já o diretor da Associação dos Servidores da Secretaria de
Justiça, Marcos Aurélio Terrinha, afirmou, para um Auditório lotado
por agentes penitenciários e outros funcionários da SJ, que o salários
são muito baixos: os guardas penitenciários recebem R$ 119 por mês.
Além disso, destacou, a jornada de trabalho excede as 120 horas
previstas, chegando a 192 horas; não é pago adicional por
insalubridade e noturno.
Terrinha denunciou que mais de 50% dos guardas penitenciários não
têm formação de 1º grau, quando para ocupar o cargo é exigida formação
até a 8ª série. Ele afirmou aos deputados que a tortura é condenada
pelos guardas penitenciários.
O presidente, o vice-presidente e o relator da CPI, deputados
João Leite (PSDB), Durval Ângelo (PT) e Ivair Nogueira (PDT),
respectivamente, consideraram que o depoimento de Brandão não foi
esclarecedor. Durval o classificou de inconsistente. Diversos
documentos encaminhados à Comissão por Brandão serão agora examinados
pelos deputados.
Responsável pela informação: Lucio Perez - GCS - 031- 2907800