Com. de Administração Pública debate transporte coletivo

O diretor de Planejamento da BHTrans, João Luiz da Silva Dias, disse, nesta quarta-feira (11/6), que é de cerca de R$...

12/06/1997 - 02:12

Com. de Administração Pública debate transporte coletivo



     O diretor  de Planejamento  da BHTrans,  João Luiz da Silva Dias,

disse, nesta  quarta-feira (11/6),  que é  de cerca de R$ 15 milhões o

déficit da  Câmara de Compensação Tarifária da Região Metropolitana de

Belo Horizonte.  Ele  acrescentou  que  o  sistema  administrado  pela

BHTrans vem  acumulando superávit, mas que o transporte intermunicipal

gerido pelo  Departamento de  Estradas de  Rodagem (DER), que responde

por 35%  do sistema,  continua dando  prejuízos. O  diretor da BHTrans

participou  de   reunião  da  Comissão  de  Administração  Pública  da

Assembléia, presidida  pelo deputado Leonídio Bouças (PFL) e respondeu

a diversas  acusações, formuladas  pelo presidente  da Associação  dos

Usuários de  Transporte de  Passageiros e  Carga (Amut), Marco Aurélio

Carone e pelo deputado Irani Barbosa (PSD).

     Carone entregou  ao presidente  da Comissão  diversos documentos,

que, segundo  anunciou, contêm denúncias de implementação de linhas de

ônibus sem licitação, na Capital, cópia de ação judicial proposta pela

Amut contra  o aumento  das tarifas,  denúncia de  que a BHtrans forma

cartel e  não as  empresas, e  a denúncia  de um  acordo feito entre a

Prefeitura de  Belo Horizonte  e o  Fundo Monetário  Internacional (em

1995), para obter em recursos R$650 milhões, para  ampliação do metrô.

Segundo Carone, o déficit da Câmara de Compensação é de R$40 milhões.

     O deputado  Irani Barbosa, autor do requerimento que deu origem à

reunião, questionou  também a  criação da  empresa Trem Metropolitano,

proposta pelo  Governador do  Estado, e  que só teria participação dos

municípios de  Belo Horizonte,  Betim e  Contagem, contrariando  a lei

complementar  nº  26,  que  determina  que  as  ações  para  a  Região

Metropolitana de  Belo Horizonte  envolvam os 24 municípios da região.

Barbosa acusou  também a  BHTrans  de  não  ter  ouvido  a  Assembléia

Metropolitana -  Ambel, no  processo de  municipalização do transporte

coletivo, e  de aumentar  tarifas para subsidiar o trem metropolitano,

sem amparo  legal. Questionou  também o  fato de  a criação  da  linha

Circular-Saúde e  a construção da Estação Diamante, no Barreiro, terem

sido feitas sem licitação.

     Dificuldades com o DER

     João Luiz  disse que  o serviço  intermunicipal de  ônibus  é  de

responsabilidade do  DER, que tem delegação de 10 municípios da RMBH e

que,  no   caso  do  Trem  Metropolitano,  os  outros  municípios  são

representados  pelo   DER.  Sobre   a  municipalização,  disse  que  é

competência de  cada município.  Ele disse  também que  a adoção de um

modelo multigerenciado  seria o  melhor para  a Região  Metropolitana.

João Luís  Dias fez  duras críticas  ao DER,  que classificou  como "o

carona que  atrasa a  viagem". Ele disse que o DER opera com uma frota

sucateada, com  reflexos negativos na gestão do transporte municipal e

acusou ainda  o mau  gerenciamento como  responsável pelos  sucessivos

prejuízos acumulados no transporte intermunicipal.

     O presidente  da Ambel,  Roberto Pinheiro,  disse que  a  BHTrans

alijou a  entidade do  processo de  discussão do  transporte e  que os

prefeitos votaram  o último  aumento, de  18,5%, sob  pressão,  com  a

ameaça de  que a  BHTrans se  retiraria da  câmara de compensação se a

tarifa não  fosse aprovada.  João Luiz  disse que  a prova  de que não

houve intimidaçao  foi que  o  município  de  Contagem  se  recusou  a

aumentar a tarifa.

     Sobre as acusações formuladas por Marco Aurélio Carone, João Luiz

disse que  elas foram  feitas de má-fé e o que ele anuncia como acordo

entre a  gestão Patrus  Ananias e  o FMI  é um  acordo entre o governo

brasileiro e  o Banco  Mundial, em  que a Prefeitura de Belo Horizonte

aparece como beneficiária e não como tomadora do empréstimo. Chamou de

"baboseira" a  argumentação do  presidente  da  Amut  e  disse  que  a

integração do sistema de ônibus com o metrô foi exigência da PBH e não

do Banco Mundial.

     Gestão do sistema pode ser objeto de CPI



     O deputado  Álvaro Antônio disse que os problemas de entrosamento

entre a  BHTrans e  o DER  decorrem da  falta de  um órgão estadual de

gerenciamento do transporte. Ele defendeu a recriação da Secretaria de

Estado  de   Transportes.  O   deputado  Irani  Barbosa  disse  que  o

desentrosamento entre  BHTrans e DER é grave e prejudica a população e

que a  situação geral  do transporte  coletivo merece ser apurada numa

CPI. O  deputado Dinis  Pinheiro reclamou  que a  BHTrans  alijou  das

participação os  municípios da  Região Metropolitana e acrescentou que

se preocupa com a situação do município de Ibirité.

     Participaram da  reunião representantes  do Sinduscon, da CDL, do

Sindipass,  do   Setransp,  e   do  Sindicato   dos  Trabalhadores  em

Transportes  Rodoviários,   além  do   presidente  da  Ambel,  Roberto

Pinheiro, e da vereadora Lúcia Pacífico Homem. Participaram também dos

debates os  deputados Marcos  Helênio (PT), João Batista Oliveira (sem

partido.), Ajalmar  Silva, relator  do PL  nº 1217/97,  que autoriza o

Poder Executivo  a constituir  empresa  de  transporte  público  sobre

trilhos, Arnaldo  Penna (PSDB),  Antônio Andrade  (PMDB) e  Alencar da

Silveira Jr. (PDT).

     A Comissão de Administração Pública aprovou, ainda, requerimentos

do deputado  Marcos Helênio,  que pede  a realização  de reunião com o

Secretário de  Estado de  Recursos Humanos  e  Administração  Pública,

representantes do  SINEGEP e  da Coordenação  Sindical, para debater o

aumento concedido  a servidores civis e militares, e pede a realização

de reunião para debater com representantes do Poder Executivo, do DER,

da BHtrans,  da Ambel  e outros, o PL nº 1217/97, que autoriza o Poder

Executivo a constituir empresa de transporte público sobre trilhos.

     Foi aprovado  também requerimento  do deputado Ivo José (PT), que

propõe a  realização de  reunião conjunta  das comissões  de Defesa do

Consumidor  e   de   Administração   Pública   para   debaterem,   com

representantes da  PBH, da  Cut, da  Fiemg e  do Dieese,  a cobraça de

taxas e tarifas públicas de trabalhadores desempregados.

Responsável pela informação: Francisco Mendes - GCS - 031-290-7800