Excesso de consumo em horário de pico provocou blecaute

A falta de investimentos no setor de produção de energia, desde a promulgação da Constituição de 1988 até a regulamen...

10/06/1997 - 10:03

Excesso de consumo em horário de pico provocou blecaute



     A falta de investimentos no setor de produção de energia, desde a

promulgação da  Constituição de 1988 até a regulamentação das leis que

regem o  setor, que  aconteceu em  meados de  1995, e  a  elevação  do

consumo, especialmente  no horário  de pico,  entre as 18h e 21 horas.

Estes foram  os principais motivos apontados pelos técnicos da Cemig e

pelo presidente  do Conselho  de Consumidores da Cemig e da Associação

Brasileira de  Grandes Consumidores  de Energia,  Carlos Anísio  Rocha

Figueiredo, para  explicar os  blecautes ocorridos  nas  regiões  Sul,

Sudeste e  Centro-Oeste, em  abril. Os especialistas falaram durante a

reunião da  Comissão de  Defesa do Consumidor da Assembléia, a convite

do  deputado Geraldo Nascimento (PT), presidente da Comissão.

     Para  Carlos  Anísio  Rocha  Figueiredo,  os  blecautes  não  são

indicativo de  que haverá  falta de energia. Segundo ele, o excesso de

chuvas verificado  no começo  do ano  foi suficiente para abastecer os

reservatórios da  Cemig e  garantir que não haverá falta de energia em

1997 e  1998. Em  1999, porém,  há risco  de um  déficit de  20% se as

condições climáticas  não  forem  favoráveis,  completou  ele.  Carlos

Anísio observou  que houve  um aumento  significativo  do  consumo  de

energia após o Plano Real e que o congestionamento no horário de ponta

se  dá  pela  elevação  do  consumo.  Contribuem  para  esse  aumento,

principalmente, a  iluminação pública e o uso dos chuveiros elétricos,

quando as pessoas chegam em casa.

     Ainda segundo o presidente da Associação de Grandes Consumidores,

que representou,  na reunião,  o presidente  da Comissão de Energia da

Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a busca de parcerias

junto à  iniciativa privada,  para a  construção de novas usinas, como

Igarapava,  Funil,  Guilma-Amorim,  Aimorés  e  Irapé,  entre  outras,

afastará, a partir do ano 2.001, o risco de falta de energia.

     Sistema de proteção provoca blecaute

     Com relação  aos blecautes acontecidos nos dias 24 e 25 de abril,

o engenheiro  Roberto del  Giúdice R. Pinto, gerente de Planejamento e

Operação Elétrica  da Cemig,  explicou, através de gráficos e quadros,

como houve  o "esgotamento  dos recursos  para controle da voltagem no

horário de  pico,  em  regiões  importantes  do  sistema  interligado,

resultando na  perda de  um ponto  de transmissão".  Ele explicou  que

existem sistemas  de proteção  que,  quando  há  risco  de  queima  de

equipamentos ou  de propagação  do  problema,  eliminam  o  tronco  de

transmissão para evitar prejuízos maiores.

     O técnico  mostrou os  números do  crescimento do  consumo após o

Plano Real,  que atingiu  seu ponto  máximo em  1995, quando  houve um

aumento de 12,6% do consumo residencial e 11% do consumo comercial, em

relação  a   1994.  Ainda  segundo  ele,  a  Eletrobrás  e  as  demais

concessionárias de  energia tomaram  medidas emergenciais  para evitar

novos blecautes.  Entre as  medidas,  estão  a  expansão  da  geração,

investimento em novas usinas elétricas e termelétricas.

     O superintendente  regional  de  Distribuição  Centro  da  Cemig,

Marcos Aurélio  Madureira da  Silva, alertou,  por outro lado, sobre a

importância  da  conscientização  dos  consumidores.  Ele  comparou  o

elevado consumo  de energia nos horários de pico aos congestionamentos

de trânsito provocados pelo aumento da circulação de ônibus no momento

em que  as pessoas retornam do trabalho. Em determinadas horas do dia,

a demanda  é reduzida e os ônibus ficam parados na garagem, disse ele,

deixando claro  que há  energia disponível e que o objetivo da Cemig é

distribuir melhor o consumo ao longo do dia.

     Programa reduz conta para quem não usa energia no horário de pico

     Ele  citou   um  programa   que   vem   sendo   implantado   pela

concessionária mineira para impedir a utilização de energia no horário

de pico, dando, em contrapartida, um desconto no valor da conta. Disse

que as campanhas são importantes, tendo-se em vista que há um universo

de 4  milhões de  consumidores domésticos em Minas Gerais e cerca de 1

milhão na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

     O secretário  Executivo do  Procon Estadual, promotor Geraldo  de

Faria Martins  da Costas,  destacou a  importância  das  campanhas  de

educação para  evitar o  desperdício de  energia.  Também  alertou  os

consumidores para escolherem melhor os eletrodomésticos, definindo sua

opção  não  apenas  pelo  preço,  mas  pelas  especificações  técnicas

relativas ao consumo de energia.

     Na fase  de debates,  os deputados fizeram vários questionamentos

sobre eletrificação  rural, alternativas  para aumentar  a geração  de

energia e   evitar  o alto consumo no horário de pico e demais medidas

que a  Cemig vem  adotando para  atender o consumidor. Participaram da

reunião os  deputados Geraldo  Nascimento  (PT),  presidente;  Antônio

Andrade (PMDB),  Ajalmar Silva (PSDB) e Geraldo Rezende (PMDB). Também

participaram Márcio  Eimar Marçal Santos, administrador de empresas da

Cemig; e Wagner Delgado Costa Reis, gerente de Divisão de Supervisão e

Operação de Distribuição Centro da Cemig.



     Requerimentos

     Durante a  reunião da  Comissão de  Defesa do  Consumidor,  foram

aprovados três  requerimentos convidando  técnicos e  autoridades para

debater sobre diversos assuntos.

     Para discutira  Medida Provisória  que dispõe sobre a extinção da

Sunab, foi  aprovado requerimento do deputado Geraldo Nascimento (PT),

convidando o  presidente da  Associação  Brasileira  de  Consumidores,

Danilo Santana; o promotor de Justiça e secretário Executivo do Procon

Estadual, Geraldo  Faria Martins  da Costa;  o coordenador  do  Procon

Municipal, Rodrigo  Botelho Campos; o delegado Regional da Sunab, José

Arnaldo Lima  da Silva; o presidente da Comissão de Direitos Humanos e

de Defesa  do  Consumidor  da  Câmara  Municipal  de  Belo  Horizonte,

vereador Antônio Pinheiro.

     Do  deputado  Marcos  Helênio  (PT),  foi  aprovado  requerimento

solicitando audiência  pública para discutir assuntos relacionados com

a  Caixa   Beneficente  dos  Guardas  Civis  e  Fiscais  de  Trânsito,

especialmente o  anteprojeto de  lei aprovado  no Fórum  Técnico sobre

Seguridade  Social   do  Servidor  Público  Estadual,  realizado  pela

Assembléia, que trata da reestruturação da entidade.

     Do deputado  Ivo José (PT), foi aprovado requerimento solicitando

reunião conjunta das comissões de Administração Pública e de Defesa do

Consumidor, para  ouvir o  presidente da Fiemg, Stefan Bogdan Salej; o

vice-prefeito de  Belo Horizonte,  Marcos  Santana;  o  secretário  de

Estado do  Trabalho, Criança  e Adolescente,  Eduardo Luiz  de  Barros

Barbosa; o presidente da CUT estadual, Carlos Campos;  o presidente da

Federação Democrática  dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Oraldo Paiva;



e o  representante do  Dieese, Frederico Melo; para tratar da cobrança

de taxas e tarifas públicas de trabalhadores desempregados.

Responsável pela informação: Rodrigo Lucena - GCS - 031-2907800