Estado não repassa recursos de dívidas com precatórios judiciais
Representantes da Fundação Rural Mineira (Ruralminas), da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e do Departamento...
06/06/1997 - 10:01Estado não repassa recursos de dívidas com precatórios judiciais
Representantes da Fundação Rural Mineira (Ruralminas), da
Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e do Departamento de
Estradas de Rodagem (DER/MG) disseram, ontem, durante reunião da
Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia, que
suas respectivas unidades administrativas não têm responsabilidade
sobre o pagamento dos precatórios judiciais trabalhistas porque o
Estado não repassa os recursos previstos no Orçamento. A reunião foi
convocada a requerimento do deputado Durval Ângelo (PT), que pediu
providências da Procuradoria da Assembléia contra o procurador-geral
do Estado, por não ter enviado as informações solicitadas há mais de
60 dias sobre a dívida do governo com precatórios.
O presidente da Ruralminas, Aluízio Fantini Valério, respondendo
a cerca de 20 questões formuladas pelo deputado Durval Ângelo,
informou que o contencioso trabalhista do órgão se deve a 3.300 ações
trabalhistas transitadas em julgado, cujos débitos não são pagos desde
1995. Segundo ele, a Ruralminas, por não ter estrutura jurídica capaz
de acompanhar o volume de processos, assinou convênio com a MGS para
gerenciar a questão dos precatórios.
Segundo Aluízio Fantini, os débitos de 1995 somam R$ 6 milhões,
com encargos; os de 96 atingem R$ 10,9 milhões e de 1997 R$ 1,5
milhão. Ele disse que em 1994, último ano em que os débitos foram
quitados, o pagamento obedeceu a ordem cronológica. Ainda segundo ele,
por causa das dívidas com precatórios, a Ruralminas sofre ameaça de
ter bens sequestrados pela Justiça, em função de uma ação coletiva, "o
que seria profundamente danoso à consecução dos trabalhos do órgão".
Fantini disse ainda que não pode se responsabilizar pelo não-pagamento
dos precatórios uma vez que não houve repasse de recursos por parte do
Estado, para esta finalidade.
Dinheiro da Feam é sequestrado
Representando a Feam, o superintendente financeiro Luiz Adolfo
Vidigal informou que os débitos trabalhistas da Fundação somaram R$
1,3 milhão, em 1995; R$ 3,08 milhões, em 1996; e R$ 1,28 milhões, em
1997. Ele também eximiu a Fundação de responsabilidade pelo não-
pagamento, uma vez que os recursos previstos no orçamento do órgão
para pagamento de precatórios não foram repassados pelo Tesouro
estadual.
Luiz Adolfo informou ainda que uma ação de sequestro de bens
retirou da conta da Feam R$ 1,28 milhões. O dinheiro, segundo o
técnico, era proveniente do pagamento pelas empresas e prefeituras das
taxas de fiscalização e licenciamento ambiental. Sem os recursos, a
Feam não tem como fazer este trabalho, comprometendo até mesmo a
instalação de novas indústrias no Estado, como a Mercedes Benz e a
fábrica de chocolates Ferrero Rocher. Luiz Adolfo Vidigal disse também
que para fazer caixa suficiente para cobrir o custeio da Feam, que
atua com apenas 131 funcionários para atender a todo o Estado, o órgão
seria obrigado a aumentar as taxas de fiscalização de R$ 900 para
cerca de R$ 4 mil. "Isto inviabilizaria o funcionamento de muitas
empresas de pequeno e médio porte, que, sem o licenciamento, podem até
ser fechadas".
DER está reavaliando valores de todos os processos
Já o superintendente Jurídico do DER, João Batista Ardizoni dos
Reis, esclareceu que os pagamentos dos precatórios daquele ógão não
foram feitos porque houve desconfiança quanto aos valores a serem
pagos. Ele informou que, ao tomar posse como superintendente, passou a
verificar caso a caso e descobriu que, em alguns casos, as ações não
eram contestadas quando ainda tramitavam em primeira instância. Diante
da suspeita de irregularidades, o superintendente solicitou uma
revisão de cada projeto, "um trabalho exaustivo e demorado", disse
ele. O DER acumula cerca de R$ 25 milhões em dívidas de precatórios
judiciais.
Na fase de debates, o deputado Durval Ângelo mostrou decretos do
governo que indicavam o redirecionamento de recursos destinados ao
pagamento de sentenças judiciais trabalhistas para suplementação
orçamentária de outros órgãos. Questionou a responsabilidade dos
representantes da administração direta e indireta do Estado e pediu
esclarecimentos sobre aspectos constitucionais relativos ao pagamento
de débitos anteriores à promulgação da Constituição, que não estariam
sendo cumpridos. O deputado Sebastião Navarro Vieira manifestou sua
impressão de que, com a revisão de cada processo, estaria havendo uma
injustiça com as pessoas que têm direito às indenizações.
Participaram da reunião os deputados Miguel Martini (PSDB),
presidente; Sebastião Navarro Vieira (PFL), Durval Ângelo (PT),
Roberto Amaral (PSDB), Antônio Roberto (PMDB) e Wilson Pires (PFL).
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