Com. de Fisc. Financeira discute privatização do Credireal
O processo de privatização do Credireal reuniu ontem (26/06), na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária d...
27/06/1997 - 02:13Com. de Fisc. Financeira discute privatização do Credireal
O processo de privatização do Credireal reuniu ontem (26/06), na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia, toda a diretoria do banco, que em mais de 3 horas de reunião debateu com o presidente do Sindicato dos Bancários e com os deputados as medidas que vêm sendo tomadas para sanear a instituição. O deputado Marcos Helênio (PT), autor do requerimento que deu origem à reunião, falou sobre a necessidade de se esclarecerem aspectos da privatização, como o montante injetado pelo governo na reestruturação do Credireal, a data do leilão de venda e os problemas relativos às administrações anteriores. O presidente do Credireal, José Afonso Bicalho Beltrão, disse que a privatização dos bancos está ligada a uma preocupação maior do governo de preservar a economia de uma crise do sistema financeiro. Segundo ele, os gastos com o saneamento deste setor, no Brasil, em torno de 2,8% do PIB, é bem inferior ao que outros países foram obrigados a pagar em situações de crise. José Afonso Bicalho explicou que o governo optou por um modelo de privatização segundo o qual é feita uma reestruturação do banco e repassados ao Estado os ativos que seriam desvalorizados pelos eventuais compradores. No processo de reestruturação, o banco enxugou seu quadro de funcionários, reduziu o número de agências e melhorou os seviços. Hoje, com 2.340 funcionários e 86 agências em cidades com bom potencial, segundo Bicalho, "o banco é de ótima qualidade". Ainda segundo ele, os ativos do banco somam R$ 1 bilhão e o patrimônio cerca de R$ 98 milhões. Sobre o volume de recursos injetados pelo Estado para preparar o banco para o processo de privatização, o presidente do Credireal informou que os recursos somam cerca de R$ 800 milhões, sendo a metade financiada pelo governo federal. Disse também que, desse total, o Estado terá como recuperar quase a totalidade, sendo mais de R$ 300 milhões através da recuperação de créditos do banco, uma parcela proveniente da venda da instituição, uma parte dos ativos que serão resgatados a longo prazo e mais de R$ 200 milhões que foram usados para pagamento do plano de aposentadoria e que de qualquer forma seriam obrigação do Estado. Quanto à data da privatização, José Afonso Bicalho disse que ela só será definida no momento em que o edital de venda for publicado. Segundo ele, o banco está em fase final de avaliação, que é feita pela diretoria da instituição e uma equipe de consultores externos. A partir desta avaliação, o secretário da Fazenda e o governador fixam o preço mínimo de venda. Bicalho também mostrou uma pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi, segundo a qual 62% das pessoas entrevistadas acham que os bancos estaduais devem ser privatizados. A mesma pesquisa aponta que 57% aprovam a privatização do Credireal e 29% são contrárias, porém, mais de 80% das pessoas desconhecem que o banco esteja sendo vendido. Sindicato teme novas demissões O presidente do Sindicato dos Bancários, Pompilho de Lourdes Canaves, e o economista do Dieese, Hugo Cerqueira, disseram que o movimento sindical sempre se opôs à venda dos bancos públicos, defendendo, contudo, que eles sejam reestruturados. Segundo Pompilho Canaves, não é possível saber se haverá novas demissões no banco e se o novo controlador vai transferir a sede da instituição. Já o economista do Dieese falou do papel das instituições em localidades onde os bancos privados não têm interesse em atuar, uma vez que seu objetivo é o lucro e não o desenvolvimento social e regional. Falaram também do papel histórico das instituições bancárias públicas no desenvolvimento do Estado e mostraram-se temerosos de que a privatização possa deixar desassistidas mais de 200 cidades mineiras onde somente o Bemge ou o Credireal se fazem presentes. Na fase de debates, os deputados questionaram os números sobre a injeção de dinheiro do Estado no processo de privatização; manifestaram preocupação com as demissões, com a situação de impunidade dos devedores do banco, com a apuração dos créditos irregulares e com a ausência dos bancos nas localidades mais pobres do Estado, após a privatização. Participaram da reunião os deputados Miguel Martini (PSDB), Marcos Helênio (PT), Gilmar Machado (PT), Roberto Amaral (PSDB), Antônio Roberto (PMDB), Sebastião Navarro Vieira (PFL), Gil Pereira (PPB), José Braga (PDT) e Adelmo Carneiro Leão (PT). Comissão vai investigar monopólio de placas Ainda na reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, foram aprovados dois requerimentos. O primeiro, do deputado Durval Ângelo, para discutir o monopólio da comercialização de placas de veículos. O segundo, do deputado Gilmar Machado (PT), para obter esclarecimentos do Tribunal de Contas sobre as providências tomadas pela instituiçãoo relatório da CPI do VAF.
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