Comissão de Saúde discute saneamento básico
A Comissão de Saúde e Ação Social realizou um debate ontem (19/06) com representantes de diversas entidades govername...
20/06/1997 - 02:13Comissão de Saúde discute saneamento básico
A Comissão de Saúde e Ação Social realizou um debate ontem
(19/06) com representantes de diversas entidades governamentais e não-
governamentais, para avaliar os resultados do seminário "Saneamento é
Básico", promovido pela Assembléia, há cinco anos. A reunião foi
realizada a requerimento do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), que
criticou a não-regulamentação de alguns dos instrumentos previstos na
lei aprovada a partir das sugestões do seminário, como a constituição
do Conselho Estadual de Saneamento e a elaboração do Plano Estadual de
Saneamento.
O primeiro convidado a falar foi o secretário de Estado da
Habitação, Sílvio Mitre, que mostrou as estatísticas sobre o déficit
habitacional, que hoje chega a 440 mil moradias no Estado. Ele
considerou, como déficit habitacional, também os serviços de água,
esgoto e lixo. O secretário lembrou que 80% das doenças são
transmitidas pela água contaminada.
Por sua vez, o presidente da Associação Nacional dos Serviços
Municipais de Água e Esgotos, Carlos Henrique de Melo, destacou a
importância de se retomar o tema do seminário legislativo, em função
dos inúmeros problemas do setor, que não foram resolvidos com a
aprovação da lei. Ele citou a duplicidade de ações do Estado, a falta
de critérios para a distribuição dos recursos, o clientelismo, a falta
de transparência no planejamento das ações e de assistência técnica
aos municípios. Defendeu a regulamentação da lei de saneamento e a
elaboração de uma política estadual de saneamento e a implantação do
Conselho Estadual.
O diretor do Departamento de Recursos Hídricos do Estado de Minas
Gerais, Sebastião Virgílio Figueiredo, pediu uma maior coordenação em
termos de políticas públicas de saneamento básico, "sempre na visão de
bacias hidrográficas". Explicou que a discussão atual se insere na
preocupação com a quantidade e com a qualidade da água, tendo como
ótica as exigências ambientais.
Entidades pedem maior participação da sociedade civil
A presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental, Cacilda Teixeira de Carvalho, falou da importância de se
discutirem novos desenhos para o setor de saneamento, definindo quais
as intervenções necessárias para a falta de cobertura. Ela criticou a
ausência de representantes da sociedade civil nas definições das
políticas públicas para o setor. Disse que os efeitos da legislação de
cinco anos atrás foram aquém do que os participantes do seminário
esperavam e pediu maior transparência do colegiado que decide onde são
aplicados os recursos do FGTS para investimentos em saneamento básico.
Na fase de debates, houve diversas intervenções por parte dos
representes das diversas entidades, entre as quais a UFMG, o Crea, a
Associação de Moradores do bairro Cruzeiro, de Ribeirão das Neves; a
Feam, a Fundação Nacional de Saúde e a Secretaria da Saúde. Todos
foram unânimes em defender a maior participação da sociedade civil nas
decisões políticas, com a criação do Conselho Estadual de Saneamento e
de representação em outras instâncias de decisão. Também criticaram o
fato de a lei criada após o seminário não ter produzido os resultados
esperados e pediram empenho dos deputados nas suas reivindicações.
Também falaram os deputados Wilson Pires (PFL) e Carlos Pimenta
(PL), que deram exemplos das dificuldades regionais e defenderam a
participação da comunidade nas instâncias decisórias, nos moldes do
seminário legislativo, quando dezenas de entidades se fizeram
representar. O deputado Adelmo Carneiro Leão propôs a revisão do
relatório, para incluir itens que possam ter sido deixados de lado e
criticou a posição do governo, que, segundo ele, defende sua visão
pessoal de política para o setor, em vez de acolher a lei "construída
de forma democrática pelas entidades, durante o seminário". A reunião
foi presidida pelo deputado Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB).
Copasa diz que atendimento será universal
O presidente da Copasa, Rui Lage, concordou com os demais sobre a
necessidade de se regulamentar a lei para aprimorar a política de
saneamento. Respondendo ao deputado Adelmo Carneiro Leão, ele disse
que não há dificuldades em conseguir informações sobre os projetos
Somma e Prosam. Segundo ele, a questão do reassentamento das famílias
é hoje o maior problema para a continuidade dessas obras. Falando
sobre as ações da Copasa, Rui Lage disse que a empresa tornou-se auto-
suficiente, é superavitária e aumentou consideravelmente os
investimentos, que somaram R$ 130 milhões em 1996 e podem atingir até
R$ 300 milhões este ano.
A expectativa da Copasa é de que até o final deste governo o
atendimento à população com água tratada seja totalmente
universalizado. Disse que num país pobre como o Brasil as ações em
saneamento acabam sendo hierarquizadas, em função da falta de
recursos. "Primeiro é preciso oferecer água tratada, depois rede de
esgoto, para em seguida tratar esse esgoto", disse Lage.
Comissão vai discutir uso de drogas
Ainda na reunião da Comissão de Saúde e Ação Social, foi aprovado
requerimento do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), solicitando a
realização de uma reunião para discutir o problema do alcoolismo, do
tabagismo e das drogas ilícitas.
Responsável pela informação: Rodrigo Lucena - GCS - 031-2907800