Comissão discute situação dos funcionários da Cenibra

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     A Comissão  de Direitos  e Garantias Fundamentais discutiu em sua

reunião da  manhã de  ontem (quinta-feira, 19) a situação profissional

dos trabalhadores da Cenibra e suas empreiteiras. Para o presidente do

Sindicato dos  Trabalhadores na  Indústria de  Extração de  Madeira  e

Lenha de  Açucena, Nereu Nunes Pereira, as relações de trabalho, entre

empresa e  funcionários sofreram  nesse tempo  um  grande  retrocesso,

sendo necessária  a revisão  das práticas  adotadas  pela  empresa  em

relação aos seus funcionários.

     O presidente  do sindicato alertou que as demissões tem aumentado

em função  do trabalho terceirizado. Para ele, essa atitude da Cenibra

revela um  descompromisso da  empresa  com  os  seus  funcionários.  O

presidente da  Federação dos  Trabalhadores na  Indústria Extrativa de

Minas Gerais, José Maria Soares, acrescentou que além das demissões, o

afastamento por acidentes de trabalho tem aumentado consideravelmente,

e que  o fator  agravante é  a omissão  da empresa  em relação a esses

casos.

     Para o  presidente da  Cenibra, Luiz  Otávio Mota  Valadares,  as

denúncias, por  parte das  entidades  sindicais  e  funcionários,  não

condizem com  a realidade. Ele esclareceu que a empresa encontra-se em

processo de  fusão com  Aracruz Celulose, e que isso fará da Cenibra a

maior exportadora  de fibra  de celulose branca do mundo. Sendo assim,

"a tendência é a de crescer e nunca de demitir". Ele acrescentou ainda

que a  empresa possui  um amplo  programa de  assistência  social  que

ampara seus  funcionários desde  alimentação na  empresa até a saúde e

educação de todos da família.

     O funcionário  Sandoval Ribeiro Borges contestou as afirmações do

presidente da  Cenibra. Ele  alegou que  a época  em que necessitou de

assistência médica  por parte  da empresa,  devido  a  uma  doença  do

trabalho, foi  desassistido. "Procurei o médico da Cenibra, mas ele me

encaminhou para  o SUS.  Lá o  médico recusou a perícia. A Cenibra não

fez nada  por mim.  Tive que  procurar assistência em Belo Horizonte e

até em  Brasília para  poder operar  o braço". Sandoval acrescenta que

por estar  afastado da empresa, ficou por mais de 2 meses sem receber,

e devido a isso teve dificuldades em procurar atendimento.

     O presidente da Cenibra afirmou desconhecer o caso e reconheceu a

possibilidade de  erro no  atendimento do funcionário, no que tange os

aspectos sociais.  Para ele,  casos isolados  como esse  não podem ser

utilizados como  parâmetro para  avaliar a  política  de  racionamento

adotada pela empresa com seus empregados. Luiz Valadares ressaltou que

a empresa  foi classificada,  em 96,  como a  melhor em  segurança  no

trabalho, no  ramo do  papel  e  celulose,  além  de  outros  diversos

prêmios, recebidos  ao longo dos anos, de reconhecimento aos programas

adotados pela empresa.

     O deputado Ivo José (PT) solicitou que a comissão realize visita,

em parceria  com as  entidades sindicais,  às dependências de Cenibra.

Para o  deputado, essa  medida enriquece  a discussão  sobre o  tema a

auxilia na  busca de  soluções  concretas  e  eficientes.  O  assessor

jurídico da  Federação dos  Trabalhadores solicitou  ao presidente  da

Cenibra  que  sejam  feitas  constantes  visitas  de  fiscalização  as

empresas que  prestam serviços  a Companhia,  com  a  participação  do

sindicato no  sentido de monitorar a atuação dessas junto a comunidade

operária da  região. Ele  solicitou ainda  a revisão  da  cassação  da

licença sindical  do  presidente  da  Federação,  José  Maria  Soares.

Segundo Valadares,  a cassação não existe, "somente paramos de pagá-lo

sem que  trabalhe em  sua função  original. trouxemos  de  volta  para

fabrica, pois  assim, mais  de perto  dos outros funcionários ele pode

representar melhor a categoria".

     Para o  presidente do  Sindicato  das  Empresas  de  Extração  de

Madeira de  Santa Bárbara,  Antônio Francisco Marques, essa atitude do

presidente da Cenibra compromete o trabalho da entidade e impede que o

seu presidente atue de forma afetiva por estar acumulando funções.

     Requerimentos

     Foram aprovados  dois requerimentos de autoria do deputado Durval

Ângelo  (PT).   No  primeiro,   ele  solicita   que  sejam  convidados

representantes do  Jornal HOJE  EM DIA e  Associação dos profissionais

de Imprensa de Ponte Nova para esclarecerem sobre fatos de desrespeito

aos direitos  humanos, entre  o jornal  e o  jornalista  José  Alfredo

Padonani.  No  outro  requerimento,  o  deputado  solicita  que  sejam

convidados para  participar de  audiência  publica  representantes  da

construção de  Hidrelétrica de  Cachoeira do  Emboque, na  divisa  dos

municípios de  Raúl Soares  e Abre  Campo, Fetaemg e sindicatos rurais

para discorrerem  sobre a  violação dos direitos humanos na região e o

desrespeito à propriedade dos pequenos proprietários da região.

     Participaram da  reunião os  deputados João  Leite (PSDB),  que a

presidiu; Ivo  José (PT), Durval Ângelo (PT), Geraldo Nascimento (PT),

Paulo Schettino (PTB) e Olinto Godinho (PL).

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