Comissões condenam arrocho fiscal do Estado
A política truculenta de fiscalização, implantada pela Fazenda Pública de Minas Gerais, e os excessos cometidos pelo ...
18/06/1997 - 02:12Comissões condenam arrocho fiscal do Estado
A política truculenta de fiscalização, implantada pela Fazenda
Pública de Minas Gerais, e os excessos cometidos pelo poder público no
julgamento das ações envolvendo matéria tributária foram duramente
criticadas pelos tributaristas e empresários mineiros. Ontem, eles
participaram de reunião conjunta das comissões de Fiscalização
Financeira e Orçamentária e de Defesa do Consumidor, para discutir o
requerimento do deputado Sebastião Navarro Vieira (PFL), propondo a
criação de um setor específico, dentro do Centro de Atendimento ao
Cidadão (CAC), de atendimento ao contribuinte.
O professor e tributarista Sacha Calmon Navarro Coelho condenou o
as ações abusivas da fiscalização, que estariam extrapolando até mesmo
os parâmetros da justiça e da legalidade, ao desrespeitar os limites
impostos pelo Código Tributário para divulgação de informações
privilegiadas, que o Estado obtém junto ao contribuinte, pela sua
condição de autoridade.
Sacha Calmon argumentou que o Estado está atropelando a própria
Justiça e tirando do contribuinte o seu direito de defesa, condenando-
o publicamente, na imprensa, ao dar publicidade a informações
estratégicas das empresas, obtidas pela sua condição de fiscalizador.
O representante da Associação Comercial de Minas, Frederico Carlos Von
Dollinger da Motta Bastos, denunciou a ineficácia do Conselho de
Contribuintes, como instância de defesa do consumidor, ao permitir, no
final da tramitação de um processo, a possibilidade de recurso
especial para a Secretaria da Fazenda, sempre que esta é condenada
pelo plenário.
"Esse recurso vai para o gabinete do secretário da Fazenda -
denunciou ele - e todo o processo de uma ação é anulado, prevalecendo
o último julgamento, sempre favorável à Fazenda". Frederico Carlos
denunciou ainda duas resoluções, publicadas ontem pelo Executivo, no
Minas Gerais, que obriga o contribuinte interessado no parcelamento de
sua dívida a assinar um termo de confissão da dívida e apresentar dois
fiadores, que não terão direito à discutí-la. As resoluções
estabelecem ainda a possibilidade do contribuinte usar a garantia
hipotecária para o parcelamento, colocando em risco o seu próprio
patrimônio. "São exarcerbações da divisão Fazendária inaceitávies" -
disse ele.
As representantes da Câmara de Diretores Lojistas, Maria Lavra
Santos e Adalgiza Maria da Silva e o representante do Sebrae, Antônio
Eustáquio Barbosa também fizeram críticas à ação da fiscalização da
Fazenda Pública. Todos consideraram fundamental a ação do Legislativo,
tanto como instância de discussão da legislação tributária, que está
exigindo uma revisão, principalmente depois da edição da Lei Kandir,
que deu novo perfil ao ICMS, quanto para moderar os conflitos entre a
Fazenda e o contribuinte.
Nesse sentido, consideraram oportuno e manifestaram apoio ao
requerimento do deputado Sebastião Navarro Vieira. O deputado
comunicou ainda aos presentes, que está encaminhando à Mesa da
Assembléia uma proposta legislativa, criando o Código de Defesa do
Contribuinte. "Essa proposta - disse ele - vai tramitar na Casa e
deverá ser modificada, por isso, esperamos receber sugestões de todas
as entidades, visando o seu aprimoramento".
Participaram ainda da reunião, presidida pelo deputado Miguel
Martini (PSDB), os deputados José Militão (PSDB), Wilson Pires (PFL),
Geraldo Nascimento (PT)
Responsável pela informação: Patricia Duarte - GCS - 031-2907800