Participantes vêem Dirietos como premissa de desenvolvimento
Com a presença de diversos deputados, juristas, delegados de polícia, oficiais da Polícia Militar, representantes dos...
08/05/1997 - 06:10Participantes vêem Dirietos como premissa de desenvolvimento
Com a presença de diversos deputados, juristas, delegados de polícia, oficiais da Polícia Militar, representantes dos movimentos dos Direitos Humanos das esferas estadual e municipal, representantes dos movimentos dos direitos dos indígenas, movimentos negros, Tortura Nunca Mais, entre outros, a Assembléia Legislativa realizou, nesta segunda-feira (5/5), o Ciclo de Debates sobre Direitos Humanos. O presidente da Casa, deputado Romeu Queiroz, abriu o Ciclo afirmando que "onde não houver pleno exercício da cidadania, onde os direitos humanos forem espezinhados, qualquer veleidade de desenvolvimento não passará de farsa". Ele lembrou que a preocupaão com os direitos humanos não é nova na Assembléia de Minas, como o demonstram, por exemplo, as CPIs sobre o trabalho escravo, prostituição infantil, violência contra a muulher, e a mais recente, sobre o sistema penitenciário estadual, da Comissão de Direitos e Garantias Funadamentais, grande responsável pela realização do Ciclo. Cursos - O primeiro conferencista, Ivair Augusto Santos, representante da Secretaria Nacional de Direitos Humanos fez uma avaliação do Programa Nacional de Direitos Humanos , um ano depois de sua implantação. Falou sobre a ação do Ministério da Justiça junto às policias civis e militares de todo o País,e sobre o acompanhamento pelo Ministério dos programas como o de proteção às testemunhas, implementado em Pernambuco; o sistema de proteção às vítimas, do Paraná, e o programa de proteção às vítimas de crimes violentos, que recebem orientação de psicólogos, juristas e outros profissionais ligados aos direitos humanos em outros Estados. Ivair afirmou, ainda, que o Ministério da Justiça definiu uma postura de implantação de cursos para policiais, em parceria com entidades civis, Anistia Internacional, tendo realizado 10 estágios em diversos Estados, voltados para formação de oficiais militares. O pesquisador sênior do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, Paulo Meslquita Neto assinalou que o impacto do Programa Nacional de Direitos Humanos ainda é incerto e vai depender muito da forma pela qual o estado, a sociedade política e a sociedade civil se comprometam com o programa e participem da sua implementação. Para Mesquita, o Programa de Direitos Humanos, num curto espaço de tempo atingiu um de seus objetivos e passou a ser um marco referencial para as ações governamentais e para a construção, por toda a sociedade, da convivência sem violência que a democracia exige. A sociedade passou a cobrar do governo federal, este passou a cobrar dos governos estaduais, do Congresso Nacional, do Judiciário e da sociedade a participação e implementação do programa. Na concepção de Paulo Mesquita, o programa é mais do que um conjunto de 228 propostas de ação governamental para proteger e promover os direitos humanos no Brasil. É também a afirmação de uma nova concepção de direitos humanos como um conjunto de direitos, universais e indissociáveis, definidos não apenas em constituições e leis nacionais, mas, também, em tratados internacionais. Ao concluir, Mesquita afirmou que ainda que não seja possível dizer que há um aumento no grau de respeito aos direitos humanos no Brasil, parece possível dizer que há uma desaceleração do processo de aumento da criminalidade e da violência e uma erosão dos direitos de cidadania. Ele citou as graves violações ocorridas como o assassinato de Chico Mendes, o episódio da penitenciária do Carandiru, Candelária, chacina de Vigário Geral, Nova Brasília, Corumbiara, Eldorado dos Carajá, Favela Naval e Cidade de Deus, como casos mais conhecidos de uma longa lista. Mas que a diferença agora é que o governo federal não dá sustentação (como aconteceu no regime autoritário, ou se omitindo como aconteceu nos governos Collor, Sarney e Itamar Franco), diante das violações dos direitos humanos. Ao contrário, o governo federal passou a exercer um papel ativo na proteção e promoção dos direitos humanos, criando condições menos favoráveis para a continuidade de práticas ilegais e violentas de resolução de conflitos Ele fez questão de demonstrar a ação governamental que sancionou a lei que transferiu da Justiça Militar para a Justiça Comum a competência para julgar policiais militares acusados de crimes dolosos contra a vida. A lei que tornou crime o porte ilegal de armas, criando, ainda o Sistema Nacional de Armas. A lei que tipifica o crime de tortura e o desarmamento de pessoas com porte ilegal de armas e repressão ao tráfico de drogas, contrabando, extrativismo ilegal e invasões de reservas indígenas. Na sua concepção, "são inegáveis as mudanças e avanços nas políticas governamentais no que se refere à proteção e promoção dos direitos humanos durante o primeiro ano de vigência do Programa Nacional de Direitos Humanos".
Responsável pela informação: Maria Teresa - GCS - 031-2907800