Alemg debate aumento das tarifas de energia e telefonia
A Comissão de Defesa do Consumidor da Assembléia reuniu ontem representantes dos consumidores e de diversos órgãos pú...
20/05/1997 - 08:10Alemg debate aumento das tarifas de energia e telefonia
A Comissão de Defesa do Consumidor da Assembléia reuniu ontem
representantes dos consumidores e de diversos órgãos públicos, entre
os quais a Cemig e a Telemig, para discutir os recentes aumentos das
tarifas públicas de energia elétrica e telefonia. Segundo o deputado
Marcos Helênio (PT), autor do requerimento que deu origem à reunião, é
preciso esclarecer à comunidade as razões desses aumentos, o impacto
sobre a inflação e a relação entre esse reajuste e o projeto de
privatização desses setores.
O chefe de Divisão de Tarifas da Cemig, Emílio Castelar, explicou
que o reajuste médio ocorrido no dia 8 de abril, que para a Cemig vai
representar um percentual de 9,9% significará 9,75% de majoração para
os consumidores finais. Segundo ele, o aumento maior foi na área de
suprimento entre as empresas, que ficou na faixa de 13,5%. Disse,
ainda, que a empresa passou 18 meses sem praticar qualquer aumento em
suas tarifas e que historicamente esses reajustes têm sido menores que
os índices de inflação.
O diretor do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro), Maurílio
Chaves dos Santos, disse que os números apresentados pela Cemig estão
exatos, mas alertou que este pode ser o início de um processo de
majoração de preços, uma vez que as demais empresas do setor
energético que foram privatizadas aumentaram suas tarifas acima da
inflação. Segundo ele, se for realizado o leilão de 33% das ações
preferenciais da Cemig pertencentes ao governo, a tendência é de que
haja uma nova política tarifária.
Ainda segundo Maurílio Chaves, os consumidores ainda não
perceberam o impacto desses aumentos porque as novas faturas demoram
cerca de 45 dias para chegar às residências. O diretor do Sindieletro
também informou que algumas reclamações feitas pelos consumidores se
devem à leitura do consumo, cujo serviço foi terceirizado.
Anteriormente, esclareceu, muitas residências tinham uma leitura
estimada pela Cemig, abaixo do consumo real. Com a terceirização dos
serviços os valores das contas têm aumentado, assustando os
consumidores.
Telemig tem plano de reestruturação tarifária
Já os aumentos praticados pela Telemig fazem parte de um plano de
reestruturação tarifária que teve início em novembro de 1995, disse o
gerente do Departamento de Marketing da empresa, Dário Arantes Nunes.
Segundo ele, os objetivos desta reestruturação são, principalmente, a
diminuição dos subsídios cruzados entre os serviços de telefonia, mas
admitiu que há uma adequação da empresa para o processo de
privatização.
Ainda segundo o gerente de Marketing da Telemig, os serviços
interurbanos e internacionais subsidiavam as chamadas locais. Com a
inversão deste processo, a Telemig está colaborando para a redução do
"Custo Brasil", uma vez que as empresas gastam mais com as chamadas
interurbanas e internacionais, que foram reduzidas cerca de 38% e mais
16% devido a uma nova sistemática no cálculo dos impulsos.
Já a segunda fase do plano de reestruturação foi iniciada no dia
4 de abril último, com o aumento do pulso e da ficha telefônica e a
redução das comunicações de dados e chamadas internacionais. Já no dia
1º de maio, a Telemig deu sequência à reestruturação extinguindo a
locação e o plano de autofinanciamento para obtenção de linhas
telefônicas. A empresa adotou uma nova modalidade de serviço com a
habilitação das linhas, processo pelo qual o consumidor paga R$ 300,00
e passa a ter direito ao uso do terminal, mas sem ter direito às ações
do sistema Telebrás. "Era preciso acabar com a idéia de que linha de
telefone era um bem e passar a entender que é um serviço", disse Dário
Nunes.
A inspetora regional da Secretaria de Direito Econômico de Minas
Gerais, Estael Cristian Riani, considerou que seria prematuro fazer um
julgamento de abusividade dos aumentos, uma vez que deveria antes ser
elaborado um laudo econômico e jurídico. Também a juíza da 6ª Vara
Cível, Vanessa Verdolim Hudson Andrade, preferiu não comentar os
aumentos "por um impedimento jurisdicional", já que ela é responsável
por julgamento de diversas ações sobre o tema.
Aumentos da telefonia causam impacto até o mês de junho
Já o professor Wanderley Ramalho, do Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas (Ipead), procurou dar informações técnicas sobre
o impacto dos aumentos para os consumidores finais e sobre o índice de
inflação. Segundo ele, ainda que a Telemig tenha praticado aumentos de
até 270% no valor das assinaturas, isto não quer dizer que os aumentos
médios têm esse percentual. Segundo ele, o impacto médio do aumento
das contas da Telemig vão representar para o consumidor 28% em abril,
20% em maio e 24% em junho. Já o aumento da energia elétrica será de
cerca de 9% para o consumidor.
Já na fase de debates os deputados Marcos Helênio (PT); Geraldo
Nascimento (PT); presidente da Comissão; e Antônio Andrade (PMDB)
questionaram os representantes da Cemig e da Telemig sobre diversos
pontos, entre os quais a possibilidade de reverter alguns dos aumentos
mais altos, como o de 61% sobre o pulso. Também questionaram sobre a
função social das empresas; o custo industrial comparativamente com o
custo residencial da energia e a perda das ações da Telemig, para quem
optar pela habilitação, entre outros temas. Também participou da
reunião o deputado Mauri Torres (PSDB).
Responsável pela informação: Rodrigo Lucena - GCS - 031-2907800