Celas do hospital judiciário viram almoxarifado e residências
O Hospital Judiciário de Toxicômanos, localizado em Juiz de Fora e o único especializado da América Latina neste tipo...
16/05/1997 - 06:10Celas do hospital judiciário viram almoxarifado e residências
O Hospital Judiciário de Toxicômanos, localizado em Juiz de Fora
e o único especializado da América Latina neste tipo de tratamento,
tem 62 celas desocupadas, em perfeito estado de conservação, servindo
de almoxarifado e residência de policiais. A constatação é dos
integrantes da CPI do Sistema Penitenciário, que estiveram nesta
quinta-feira (15) naquela cidade. O Hospital, que tem capacidade para
100 internos, abriga 38 - sendo que apenas três estão em tratamento e
os outros são doentes mentais. A comitiva foi formada pelos seguintes
deputados: João Leite (PSDB), presidente; Durval Ângelo (PT), vice;
Ivair Nogueira (PDT), relator; e pelo deputado Sebastião Helvécio
(PPB).
"Vamos cobrar explicações da Superintendência de Organização
Penitenciária, que alega não haver vagas no sistema. As celas estão
sendo usadas irregularmente, o que é absurdo, enquanto a Promotoria
aguarda que 26 encaminhamentos sejam feitos para o Hospital", destacou
o vice-presidente da CPI, deputado Durval Ângelo (PT). Requerimento
cobrando providências deverá ser apresentado pelo parlamentar na
próxima reunião da Comissão. Para os deputados, os doentes devem ser
transferidos para Barbacena.
Ressocialização - Nos outros locais visitados em Juiz de Fora, os
parlamentares encontraram experiências bem-sucedidas. Na Penitenciária
de Linhares, com capacidade para 183 pessoas, 173 presos estão
vivenciando um processo de ressocialização. O trabalho e a prática de
esportes são estimulados e, segundo os parlamentares, o ambiente na
penitenciária é saudável. Um curso de alfabetização por computação
está sendo ministrado aos detentos. A alimentação, além disso, não é
terceirizada. O diretor José Santos Aguiar está, segundo o deputado
Durval Ângelo, desenvolvendo um trabalho iniciado em outras gestões.
Outro local visitado foi a Casa do Albergado, onde 38 presos vivem em
regime semi-aberto.
Falta defensor - No presídio de Santa Terezinha, que funciona
como um cadeião, 230 presos estão amontoados onde haveria espaço para
apenas cem pessoas. Além disso, 136 condenados ainda não foram
transferidos para o sistema penitenciário - o que contraria a Lei de
Execuções Penais. A reivindicação maior dos detentos é que sejam
construídos dois pavilhões em Linhares, a fim de abrigar os
sentenciados. Outro problema constatado foi a inexistência de
defensores públicos para atender aos presos, o que também contraria a
Lei. Vinte e cinco mulheres, entre elas algumas grávidas, vivem em
condições subumanas.
Apesar dessas irregularidades, a CPI constatou a existência de um
trabalho de ressocialização dos presos, conduzido pela delegada
Cristiane Maciel de Andrade. Comissões de representação dos detentos
são encarregadas de encaminhar reivindicações e o local está sendo
reformado com a ajuda da Igreja Católica.
Durante a visita, os parlamentares estavam acompanhados de uma
comissão de vereadores de Juiz de Fora que tem atuado na questão
penitenciária; e de representantes do Ministério Público e Pastorais
Carcerária e Evangélica.
Responsável pela informação: Fabiana Oliveira - GCS - 031=2907800