Líderes políticos apoíam construção da barragem de Irapé
As lideranças políticas das regiões do Norte de Minas e do Jequitinhonha aprovaram ontem, em reunião na Assembléia Le...
10/04/1997 - 02:11Líderes políticos apoíam construção da barragem de Irapé
As lideranças políticas das regiões do Norte de Minas e do Jequitinhonha aprovaram ontem, em reunião na Assembléia Legislativa com deputados e técnicos da Cemig e da Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentado, a data de 25 de maio para realização de uma audiência pública, que irá deflagrar o processo de licenciamento prévio para construção da barragem de Irapé. A barragem terá capacidade de produção de 360 MW e para sua instalação será necessário inundar uma área de 137,2 km2, atingindo áreas de oito municípios das duas regiões e 600 famílias. A definição de uma data foi defendida pelos deputados Carlos Pimenta (PL) e Roberto Amaral (PSDB), como única alternativa para superar o impasse que vem dificultando o entendimento entre as lideranças populares da comunidade e os órgãos públicos. O representante da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), José Cláudio Junqueira, advertiu que a obra provoca impactos significativos na região, mas a realização da audiência pública é fundamental para iniciar a negociação O encontro foi aberto pelo deputado Romeu Queiroz (PSDB), presidente da Assembléia, que chamou a atenção das lideranças políticas da região para a necessidade delas se posicionarem mais firmemente em relação ao projeto de construção da Usina de Irapé. O deputado advertiu para o risco das duas regiões perderem a obra, por indefinição da comunidade, já que a Cemig tem outras demandas em carteira, que poderão ser priorizadas, se não houver esse posicionamento. O vice-presidente da Cemig, Benjamim Campolina, fez um relato sobre os benefícios que a obra irá trazer para o Norte de Minas e Região do Jequitinhonha, como o de mudança do perfil econômico das duas regiões; melhoria da infra-estrutura; geração de receita, com o recebimento de royalties; além da criação de 1 mil 700 empregos direto no pico das obras. Apesar dos benefícios, as famílias atingidas, somando mais de 3 mil pessoas, estão questionando o processo e adiando a convocação da audiência pública, necessária para tramitação da licença prévia. Elas querem uma definição prévia sobre a desapropriação, que será necessária para inundação de áreas e construção da barragem. Segundo o técnico da Cemig, James Gomes Simpson, já foram realizadas 43 reuniões com a comunidade para discutir detalhes das obras, processo iniciado em julho de 1991. "Mas, nos últimos sete meses - relatou ele -, as lideranças das comunidades atingidas estão resistindo a uma negociação e à definição da data da reunião". Simpson explicou que as lideranças querem antecipar o acordo sobre a desapropriação, visando com isso dar segurança às famílias atingidas. "Mas isso é difícil, - explicou o técnico da Cemig - porque o processo de licenciamento tem etapas a serem cumpridas e a antecipação de algumas delas não é garantia alguma para as partes envolvidas, principalmente nesse caso, que não temos ainda os empreendedores da obra definidos. E essa definição depende da licitação que, por sua vez, depende da audiência pública com a comunidade. Então, não adianta anteciparmos, se não podemos garantir que os termos do acordo serão cumpridos". Simpson explicou que, no estágio atual, de solicitação da licença prévia, o que se negocia são apenas princípios e estes estão claramente definidos em propostas já encaminhadas às comunidades. O representante Feam, José Cláudio Junqueira, confirmou que o órgão já tentou marcar a audiência pública duas vezes, mas a comunidade está resistindo. O deputado Carlos Pimenta defendeu que, para superar esse impasse, era necessário que as lideranças ali presentes definissem uma data para realização dessa audiência pública. "O que aconteceu até agora é um desencontro, pois só a partir dessa reunião poderemos começar a conversar. É essa oportunidade que está faltando" - disse ele. Como sugestão de algumas lideranças presentes, o deputado Roberto Amaral apresentou a data de 25 de maio, aprovada por todos. A deputada Elbe Brandão (PSDB), que também participou da reunião, chamou a atenção dos prefeitos e vereadores da região para a importância da construção da barragem. "Temos projetos de investimento já sendo analisados para a região, como o de implantação de um polo moveleiro, mas sem energia elétrica tudo isso vai para a gaveta" - disse ela. O representante dos municípios de Cristália e Grão Mogol, que deverão ser os dois dos oito municípios mais atingidos pela obra, Afrânio Augusto Figueiredo, defendeu a agilização dos procedimentos para início das obras. "Lutamos por essa barragem desde 1976, quando fui prefeito de Grão Mogol - disse ele - e fico preocupado quando constato que até hoje não conseguimos viabilizar a obra e corremos o risco de atrasá-la ainda mais e até de perdê-la". Segundo os técnicos da Cemig se essa reunião ocorrer agora e as obras forem aprovadas e autorizadas sem nenhum imprevisto, elas poderão ter início no final de 1998. Qualquer novo atraso na convocação da audiência pública, caso a obra seja aprovada, já irá jogar esse calendário para 1999. A conclusão das obras de construção da barragem levam pelo menos mais quatro anos. "É um investimento de longo prazo, que poderá se inviabilizar se ficarmos nessa indefinição" - advertiu o ex-prefeito de Grão Mogol, Afrânio Figueiredo. Participaram ainda da reunião, além dos prefeitos e vereadores dos principais municípios das duas regiões, os deputados Ermano Batista (PL), José Braga (PDT), Olinto Godinho (PL), Durval Ângelo (PT), Péricles Ferreira (PSDB) Luiz Fernando Faria (PPB).
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