Comissão discute implantação do simples em MG.
A simplificação do processo de recolhimento de impostos e a eficácia para reduzir a informalidade são as principais v...
18/04/1997 - 06:10Comissão discute implantação do simples em MG.
A simplificação do processo de recolhimento de impostos e a
eficácia para reduzir a informalidade são as principais vantagens do
Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples), segundo as
lideranças empresariais que participaram, nesta quinta-feira (17), da
reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da
Assembléia, que discutiu o assunto. O encontro reuniu, além de
representantes de várias entidades empresariais, o secretário adjunto
de Estado da Fazenda, Luiz Antônio Athayde de Vasconcelos, e o
superintendente da Receita Federal em Minas, Geraldo Magela Pinto
Garcia.
Ao longo da reunião, os empresários manifestaram total apoio à
adoção do Simples, recomendando aos micro e pequenos empresários a
opção por este sistema de recolhimento. Também insistiram para que o
governo do Estado se esforce para aderir ao sistema, que permite o
cálculo e recolhimento único de vários impostos federais, estaduais e
municipais. No Brasil, somente o Estado do Maranhão fez esta opção.
Segundo o secretário adjunto de Estado da Fazenda, Luiz Antônio
de Vasconcelos, o Simples é uma iniciativa instigante, que concilia um
novo regime de recolhimento de tributos a recursos que permitem dar
maior formalidade à atividade econômica. Disse, porém, que o sistema
provoca algumas distorções que precisam ser estudadas e corrigidas
antes que o Estado opte pela sua adoção.
O secretário disse que cerca de 150 mil empresas que hoje são
isentas de ICMS terão de pagar 1% de imposto, caso o Estado venha a
aderir ao Simples. Também citou problemas com o impedimento da geração
de crédito para as empresas e dificuldades legais na área do comércio,
com produtos que já são tributados na origem e que poderiam sofrer uma
bitributação. Para Vasconcelos, não é pela perda de receita de cerca
de R$ 114 milhões que o Estado ainda não fez a sua opção, mas por
sentir a necessidade de aperfeiçoar o modelo e evitar distorções e
injustiças.
Estatísticas - Já para o superintendente da Receita Federal em
Minas, Geraldo Magela Pinto Garcia, as estatísticas mostram que a
adesão ao novo modelo de recolhimento pelas pequenas e microempresas é
uma questão de tempo. Segundo ele, do universo de 227 mil empresas com
potencial para adesão, 143 mil já vêm recolhendo através do novo
processo, segundo dados do mês de março. Este número deverá ser ainda
maior em abril. Ele explicou, ainda, que as empresas têm prazo para
optar definitivamente pelo Simples até 31 de dezembro e que até o
momento cerca de 70 mil já se anteciparam.
A tendência é confirmada pelo diretor do Sebrae, Afonso Maria
Rocha, que considera a proposta do Simples uma "excelente" opção para
o microempresário, não só pela simplificação do processo, mas porque a
lei que criou o Simples revogou os benefícios anteriores dados pelo
governo federal às microempresas. O líder empresarial mostrou dados
apontando que as pequenas e microempresas são hoje responsáveis por
97% dos negócios e geram cerca de 60% dos empregos existentes. Também
apontou dados sobre o expressivo percentual de emprego gerado por
empresas que se encontram na informalidade e que podem ser atraídas
para o mercado formal: cerca de 57% da mão-de-obra economicamente
ativa.
Ainda segundo o diretor do Sebrae, oito de cada 10 empresas que
são abertas fecham suas portas no primeiro ano de vida. "Isso não é
uma questão de competência técnica, mas do tratamento que se dá ao
micro e pequeno empresário, obrigado a ter praticamente as mesmas
obrigações das grandes empresas", disse ele. Afonso Rocha acredita que
a criação do Simples "é um indício do tratamento diferenciado que
começa a ser praticado".
O combate à informalidade, a redução do desemprego, a
simplificação do processo, o estabelecimento de alíquotas progressivas
e a desoneração do emprego, foram as vantagens destacadas também pelo
representante da Federação das Associações Comerciais e da Associação
das Micro e Pequenas Empresas, Bruno Lourenço de Lima. Ele cobrou uma
posição mais definitiva do governo estadual para adesão ao Simples e
"a continuidade dos estudos técnicos para encontrar as saídas para os
problemas detectados pelo governo".
Da mesma forma, o diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL),
Anderson Souza Rocha, disse que o setor varejista é favorável ao
Simples. Segundo ele, 91% dos estabelecimentos comerciais seriam
beneficiados. Anderson Rocha destacou, ainda, a importância do
processo de revisão da legislação tributária como forma de tornar as
empresas nacionais mais competitivas, diante da entrada de fortes
grupos varejistas internacionais.
Participaram da reunião, além das lideranças empresariais,
técnicos da Receita e do governo do Estado. O encontro também foi
acompanhado pelos deputados Miguel Martini (PSDB), presidente da
Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária; Paulo Petersen
(PPB), vice-presidente; Geraldo Rezende (PMDB), autor do requerimento
que deu origem à reunião e que justificou, na abertura, a importância
das discussões para que o Estado possa aderir e consolidar o processo,
promovendo desenvolvimento econômico e social. Também participaram os
deputados Paulo Schettino (PTB), Péricles Ferreira (PSDB), José Braga
(PDT) e Antônio Roberto (PMDB).
Responsável pela informação: Rodrigo Lucena - GCS - 0311-2907800