Convidados criticam implementação do Prog.de Direitos Humanos
Críticas generalizadas à implementação do Programa Nacional de Direitos Humanos em Minas Gerais e ao papel do Estado ...
18/04/1997 - 06:10Convidados criticam implementação do Prog.de Direitos Humanos
Críticas generalizadas à implementação do Programa Nacional de Direitos Humanos em Minas Gerais e ao papel do Estado marcaram, nesta quinta-feira (17), a reunião da Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais. O encontro, do qual participaram diversos convidados, discutiu a implementação do Programa no que diz respeito à mulher, à criança e ao adolescente. Texto vago; ações que não prevêem mecanismos de cobrança; e a não-contrapartida de recursos para implantar o que determina o Programa foram os principais problemas abordados. Na próxima semana (23), as discussões serão sobre os temas "segurança pública" e "portadores de deficiências". As reuniões servem como base para a elaboração de um documento a ser discutido no Ciclo de Debates que a Assembléia realizará no próximo dia 5 de maio. Estará presente ao evento o recém-nomeado secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori. No dia 13, data em que o Programa Nacional de Direitos Humanos estará completando um ano, os deputados da Comissão deverão estar em Brasília, participando de Fórum Nacional sobre o assunto. Conselhos - A maioria dos convidados afirmou que, apesar de o Programa apontar ações importantes quanto aos direitos da mulher, criança e adolescente, nada foi implementado até agora. Segundo destacou a representante da Frente Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, Gláucia Sander, o Programa não passou "do plano das intenções". Para ela, Minas caminha na contramão do que prevê o documento, no que diz respeito aos Conselhos de Direitos. "Concretamente não temos valor. Não há condições de trabalhar e os Conselhos que funcionam devem isso à sociedade civil e não ao empenho dos Governos", afirmou. Tanto ela quanto representantes de diversos Conselhos defenderam a descentralização - tanto do poder quanto dos recursos. Esses grupos são formados pelo Estado, entidades e membros da sociedade civil. Segundo Alvino Custódio de Souza, do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, apenas 28% dos municípios mineiros têm Conselhos da Criança e do Adolescente. Souza também defendeu que esses grupos estejam subordinados diretamente ao governador, para que possam interferir, de forma mais efetiva, nas ações de Estado. Mulheres - A análise do Programa Nacional de Direitos Humanos também é comprometida pelo desconhecimento do tema. A representante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Maria Izabel Siqueira Ramos, afirmou, na reunião, que o documento que contém o Programa chegou ao órgão na semana passada. A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Neuzinha Santos, reivindicou, por outro lado, a destinação de recursos no Orçamento estadual para a casa-abrigo de Belo Horizonte, bem como para a construção de casas-abrigo na região metropolitana, entre outras ações. Solidariedade - Para a representante do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, Maria Eneide Teixeira, os vários movimentos pelos direitos humanos e pela cidadania existentes hoje devem ser solidários. "Nosso projeto tem novos atores e devemos nos juntar aos movimentos mais fortes e mais organizados", afirmou, citando o Movimento dos Sem-Terra (MST) como exemplo. Na fase de debates, os convidados cobraram ações do Governo e reivindicaram o apoio da Assembléia. A representante da Secretaria de Estado do Trabalho, da Assistência Social e da Criança e do Adolescente, Maria das Mercês Mesquita, admitiu as contradições existentes nas políticas públicas. O deputado João Leite, presidente da Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais, lembrou, por outro lado, que é preciso garantir, no Orçamento, espaço para as prioridades sociais. Citou as Audiências Públicas Regionais como um dos mecanismos possíveis para se atingir a meta. Segundo o parlamentar, um dos desdobramentos das reuniões que estão ocorrendo agora poderá ser um seminário legislativo sobre direitos humanos, previsto para setembro. Participaram inicialmente da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), Miguel Martini (PSDB) e Maria José Haueisen (PT).
Responsável pela informação: Fabiana Oliveira - GCS - 031-2907800