Alemg instaura CPI sobre presídios
A Assembléia Legislativa vai instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o sistema penitenciário em M...
26/03/1997 - 02:10Alemg instaura CPI sobre presídios
A Assembléia Legislativa vai instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o sistema penitenciário em Minas Gerais, segundo informou, nesta terça-feira (25), o presidente da Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais, João Leite (PSDB), em reunião realizada pela manhã. Requerimento do deputado Miguel Martini (PSDB) nesse sentido foi protocolado em Plenário, ainda na terça-feira, contendo 35 assinaturas. Inicialmente a discussão desse assunto estava sendo conduzida pela Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais. O pedido para instauração de uma CPI tinha sido feito pelo procurador Geral de Justiça, Epaminondas Fulgêncio, em ofício enviado ao presidente Romeu Queiroz (PSDB). A solicitação também foi feita pelo arcebispo metropolitano Dom Serafim Fernandes de Araújo. Uma CPI tem o poder de "determinar diligências, convocar secretário de Estado, tomar depoimento de autoridade, ouvir indiciados, inquirir testemunhas, requisitar informações, documentos e serviços, inclusive policiais, e transportar-se aos lugares onde se fizer necessária a sua presença", segundo prevê o Regimento Interno. Recebido o requerimento em Plenário, o presidente o despacha à publicação. No prazo de dois dias, contado da publicação do requerimento ou de sua aprovação, os membros da Comissão serão indicados pelos líderes. Se não houver indicação, o presidente, de ofício, designará os integrantes da CPI. Para que um requerimento desse tipo seja recebido é preciso coletar, no mínimo, 26 assinaturas (um terço dos parlamentares). Denúncias - Na reunião de ontem da Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais, foram ouvidos, a requerimento do deputado João Batista de Oliveira (sem partido), o promotor de Justiça Gilvan Alves Franco e o representante das Igrejas Evangélicas, Antônio Martins. O promotor fez várias denúncias, afirmando que não há critérios para a ocupação das vagas nos presídios; que a Secretaria de Segurança Pública é uma "caixa preta"; e que não se sabe, até hoje, a destinação dos recursos do Fundo Penitenciário, criado há mais de dois anos. "Quando o Ministério Público visitou a penitenciária Dutra Ladeira, informaram-nos que o diretor teria saído para escolher presos nas delegacias", ressaltou. A Dutra Ladeira é considerada modelo em Minas. Disse, também, que a verba empregada na reforma do presídio de mulheres Estêvão Pinto daria para construir quatro cadeias no interior. Segundo Gilvan Franco, há várias requisições de instauração de inquéritos na Corregedoria de Polícia do Estado, como resultado da constatação das irregularidades. "Temos tudo apurado e já enviamos as informações para o procurador-geral", atestou. Informou, também, que o Ministério Público já tinha solicitado à Secretaria da Fazenda números sobre o Fundo Penitenciário, mas a resposta foi insatisfatória. O representante das Igrejas Evangélicas, Antônio Martins, que cumpre pena na penitenciária José Maria Alckmin há mais três anos, também fez denúncias aos deputados. Afirmou que os presidiários que trabalham em regime semi-aberto nas fazendas da instituição não utilizam equipamentos adequados ou podem fazer reclamações. O deputado Paulo Schettino (PTB) contestou a afirmação de que a Secretaria de Segurança Pública é uma "caixa preta" e defendeu a Polícia Civil, afirmando que não há interesse em manter, nas delegacias, presos que pertencem à Justiça. Críticas - Os deputados João Batista de Oliveira e Adelmo Carneiro Leão (PT) fizeram críticas à forma como está sendo instaurada a Comissão Parlamentar de Inquérito. "Defendemos a CPI várias vezes e fomos derrotados. Agora ela é apresentada com articulações que nos excluíram", afirmou João Batista. Adelmo Carneiro Leão questionou os reais objetivos da Comissão. "Queremos a CPI apenas para expor os problemas na mídia? Se quisermos mudar o sistema penitenciário, é preciso maior responsabilidade da Assembléia, do Ministério Público, do Executivo e do Judiciário", ponderou. O deputado Durval Ângelo (PT) lembrou, por outro lado, que a maioria dos integrantes da Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais era favorável à CPI. "O governo tem medo de que as apurações demonstrem sua omissão. O sistema carcerário é retrato da exclusão social", acrescentou. Adiamento de visita - Os deputados aprovaram, ainda, dois requerimentos do deputado Durval Ângelo. O primeiro solicitou o adiamento da visita que seria feita nesta terça-feira (25) ao presídio de mulheres Estêvão Pinto, bem como a suspensão do cronograma de 20 visitas às penitenciárias. Essas visitas iriam ser agendadas pela Comissão de Direitos e Garantias Fundamentais, que, antes da instauração da CPI, iria cuidar do assunto. O segundo requerimento solicita ao procurador de Justiça Epaminondas Fulgêncio que encaminhe cópias das denúncias formalizadas de irregularidades no sistema penitenciário e informe as providências tomadas para resolver o problema. Compareceram à reunião os deputados João Leite (PSDB), que a presidiu, Ivair Nogueira (PDT), Durval Ângelo (PT), Miguel Martini (PSDB), João Batista de Oliveira (sem partido) - membros efetivos -; Ronaldo Vasconcellos (PL), Adelmo Carneiro Leão (PT), Paulo Schettino (PTB) e Antônio Roberto (PMDB).
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