ALEMG discute critérios para continuidade de cursos técnicos
A Comissão de Educação, Cultura, Desporto e Turismo e Lazer promoveu, nesta terça-feira (17), audiência pública para ...
18/12/1996 - 03:10ALEMG discute critérios para continuidade de cursos técnicos
A Comissão de Educação, Cultura, Desporto e Turismo e Lazer promoveu, nesta terça-feira (17), audiência pública para discutir a Resolução 7.905/96, da Secretaria de Estado da Educação, que estabelece diretrizes para a continuidade do funcionamento de cursos profissionalizantes em escolas estaduais. A reunião, presidida pelo deputado Gilmar Machado (PT), durou mais de quatro horas e contou com a presença do secretário-adjunto da Educação, João Batista dos Mares Guia; do coordenador do Grupo Interdisciplinar da Revisão do Ensino Médio, Joaquim Antônio Gonçalves; dos representantes do Sind-UTE José Augusto Braga e Waldir Araújo, além do estudante Ricardo Alves Soares, da União dos Estudantes Secundaristas de Uberlândia (UESU). Uma nova data, em fevereiro, deverá ser marcada para continuar o debate, uma vez que o Legislativo entrará em recesso no final da semana. O deputado Gilmar Machado esclareceu que a Comissão de Educação da Assembléia irá acompanhar junto à Secretaria de Estado da Educação, ainda nessa semana, os casos concretos apresentados na reunião. Em ampla exposição, João Batista dos Mares Guia fez um histórico da situação do ensino de 2º grau em Minas Gerais. Segundo ele, o Estado tem 1.185 escolas com ensino de 2º grau - sendo que, dessas, apenas 40 têm só o 2º grau -; 1.145 oferecem também de 5ª a 8ª séries e 870 escolas têm cursos técnicos profissionalizantes. O secretário- adjunto observou que o Estado tem 44 modalidades de cursos técnicos e apontou números negativos: 30% é a média de repetência; 31% dos professores não têm a habilitação acadêmica básica; não há um programa de qualidade de ensino e há grande evasão. Mares Guia ressaltou que o custo dos alunos que estão no 2º grau é muito elevado: o dobro dos estudantes do ensino fundamental. Ele afirmou que o governo está aplicando atualmente em Educação 42% das receitas orçamentárias e que não há margem para aumentar o investimento e atender à crescente demanda - algo em torno de 100 mil novas matrículas por ano. As alternativas, segundo ele, são a tele- educação para alunos com mais de 20 anos, cursos de suplência e melhor administração dos recursos. O secretário-adjunto informou, ainda, que a Secretaria irá encomendar ao Cedeplar/UFMG pesquisa bianual de tendências do mercado de emprego para adaptar o oferecimento de cursos profissionalizantes a essa realidade. "Muitos cursos foram criados para atender a demandas políticas, fazendo-se casuísmo e clientelismo com dinheiro público nas décadas de 70, 80 e às vezes até ainda em 90", disse. Sindicatos e alunos pedem ampliação do debate O secretário ressaltou que as alterações propostas pela Resolução foram amplamente discutidas em um ano e meio de trabalho, com pesquisas, intercâmbios com outros países e instituições, seminários, debates públicos e seminários, além de consultas a professores. Nisso, foi contestado pelos representantes do Sind-UTE. José Augusto Braga afirmou que, nos eventos patrocinados pela Secretaria da Educação, havia apenas conferências, sem debate profundo com a comunidade, alunos e professores. Para ele, o governo está legislando por resoluções, passando por cima da Assembléia Legislativa. Braga sustentou que não é apenas o ensino médio que está em discussão, mas todo o sistema de educação no Estado. Para o sindicalista, a prática do governo tem sido sucatear as escolas para depois alegar ineficiência. "Se há problemas, não devem ser resolvidos destruindo, mas dando condições para que a escola funcione bem e seja modernizada", ressaltou. Entre as condições para a continuação dos cursos profissionalizantes, estabelecidas pela Resolução que entra em vigor já em 1997, ele lembra a exigência de professores efetivos habilitados, laboratórios, bibliotecas e o cumprimento de estágios. Nucleação - Waldir Araújo, do Sind-UTE de Uberlândia, reclamou do número excessivo de escolas que tiveram o 2º grau extinto naquele município. Ele e o estudante Ricardo Alves Soares, da UESU, lembraram casos como o de um bairro, distante 15 quilômetros do centro de Uberlândia, que teve fechado o curso de 2º grau devido ao sistema de nucleação (concentração de cursos em algumas escolas). Waldir admitiu que é necessária uma reestruturação, mas criticou o fechamento de escolas por uma "visão economicista", sem discussão com a comunidade. O deputado Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB) manifestou, também, preocupação com o fechamento de escolas profissionalizantes no Sul de Minas e pediu esclarecimentos sobre os critérios para isso. Questionou, ainda, se a nucleação não seria elitizante. Arnaldo Penna (PSDB) também manifestou preocupação com a mudança abrupta e perguntou se não seria possível garantir ao menos que os cursos já iniciados sejam finalizados. Participaram da reunião, ainda, estudantes, representantes de escolas, professores, além dos parlamentares: Aílton Vilela (PSDB), Marcelo Gonçalves (PDT), Geraldo Nascimento (PT), Paulo Piau (PFL) e Francisco Ramalho (PSDB).
Responsável pela informação: Fabiola Farage - GCS - 031-2907800