Procurador diz que Ipsemg não sobrevive sem novo plano de custeio
Se a atual lei de custeio e benefícios do Ipsemg não for modificada a curto prazo, o Instituto não terá condições de ...
11/12/1996 - 07:10Procurador diz que Ipsemg não sobrevive sem novo plano de custeio
Se a atual lei de custeio e benefícios do Ipsemg não for modificada a curto prazo, o Instituto não terá condições de sobrevivência para chegar ao ano 2000. A advertência é do procurador- geral do Ipsemg, José Felipe dos Santos Neto, que compareceu ontem (10/12) à reunião da Comissão Especial constituída pela Assembléia Legislativa para analisar a real situação financeira daquela autarquia, incluindo a falta de repasses de recursos pelo Tesouro do Estado. De acordo com o procurador, o Ipsemg vem passando por "notórias dificuldades" causadas pelas mudanças introduzidas pela Constituição de 88 nos benefícios concedidos pela previdência, sobretudo a paridade dos proventos dos aposentados e a equiparação das pensões aos vencimentos do pessoal da ativa, além do direito dos viúvos de ex- servidoras a receberem pensões. Ele reconheceu que, por falta de recursos, o Instituto não vem cumprindo as determinações constitucionais. A situação tende a se agravar pois há mais de 2.800 pensionistas com ações na Justiça contra a autarquia, que tem sido sistematicamente derrotada no Supremo Tribunal Federal (STF). Mensagem - O procurador lembrou que em 1991 o governo chegou a enviar, ao Legislativo, uma mensagem alterando a lei de custeio e benefícios da previdência que, dentre outros pontos, alterava a correlação entre a contribuição dos servidores e a contrapartida do Estado. O projeto acabou sendo retirado pelo governo. Ele defendeu, ainda, o fim do atual teto de contribuição, que faz com que os servidores com maiores vencimentos paguem proporcionalmente menos. Governo atual agravou situação Ao analisar a questão dos não-repasses dos recursos arrecadados dos servidores e da contribuição devida pelo Estado, Santos Neto afirmou que nos governos passados era comum o Tesouro atrasar o pagamento de 30 a 90 dias, em média, mas que no atual governo a situação se agravou, com atrasos de 11 ou 12 meses. Ele reconheceu que o Estado nunca pagou as multas e juros devidos pelos atrasos e não soube precisar o valor da dívida, cujo cálculo foi solicitado ao Tribunal de Contas. Por conta dos atrasos, o Ipsemg teve que lançar mão de sua reserva técnica. "A reserva acabou, agora dependemos da boa vontade da Secretaria da Fazenda nos repasses mensais", confessou. Imóveis na Praça Sete Questionado pelo deputado Gilmar Machado (PT), relator da Comissão Especial, o procurador eximiu-se de responsabilidades com relação à renovação do aluguel de área do Ipsemg no centro de Belo Horizonte. Ele disse que, na condição de procurador-geral, examinou apenas a "parte legal" do contrato. "O exame da oportunidade e conveniência administrativa cabe à alta administração", justificou-se. Ainda respondendo ao relator, Santos Neto afirmou ter aconselhado o presidente do Ipsemg a não abrir mão da reserva técnica. "Mas não posso responder se foi, ou não, feito empréstimo", disse. O deputado lembrou que, em reunião anterior da Comissão, o presidente da autarquia, José Maria Borges, declarara não ter havido empréstimo, o que estava em contradição com o depoimento do procurador. Instituto não tem cadastro de segurados Também presente à reunião, o superintendente de Interiorização do Ipsemg, João Augusto Amaral, traçou um quadro estatístico dos serviços médicos médicos e odontológicos prestados no interior, sendo que os números foram colocados em dúvida pelo presidente da Comissão, deputado Miguel Martini (PSDB). "As informações são discrepantes com as impressões que nós deputados colhemos em nossos contatos no interior", argumentou Martini. O superintendente defendeu a necessidade de se investir na autogestão para aprimorar a prestação de serviços; criticou os valores dos honorários médicos pagos pelo Instituto, considerados baixos; defendeu convênios com os consórcios intermunicipais de saúde e a informatização do Ipsemg. "Hoje, não temos sequer um cadastro geral dos segurados", reconheceu. Presenças Compareceram à reunião, presidida pelo deputado Miguel Martini (PSDB), os deputados Gilmar Machado (PT), relator da Comissão, Jorge Hannas (PFL), Jorge Eduardo de Oliveira (PMDB), José Braga (PDT) e Alberto Pinto Coelho (PPB). Na reunião, foi aprovado requerimento do deputado Miguel Martini solicitando ao superintendente de Finanças do Instituto cópia do contrato de aluguel e informações acerca do terreno na Praça Sete, em Belo Horizonte.
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