Sec.da Fazenda afirma que Minas vai poupar R$ 270 milhões
O secretário de Estado da Fazenda, João Heraldo Lima, afirmou nesta terça-feira, durante reunião conjunta das Comissõ...
04/12/1996 - 03:10Sec.da Fazenda afirma que Minas vai poupar R$ 270 milhões
O secretário de Estado da Fazenda, João Heraldo Lima, afirmou nesta terça-feira, durante reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça e de Fiscalização Financeira e Orçamentária, que a renegociação da dívida mobiliária do Governo de Minas junto ao Governo Federal vai fazer com que o Estado deixe de agregar à sua dívida R$ 270 milhões somente este ano. Ele debateu por quase quatro horas com deputados o Projeto de Lei 1.039/96, do governador Eduardo Azeredo, que autoriza o Poder Executivo a realizar operação de crédito com a União para refinanciar a dívida pública do Estado, no valor total de R$ 11,5 bilhões. João Heraldo disse que os ganhos com a renegociação são enormes e salientou que o modelo de renegociação foi lançado por Minas Gerais, em janeiro do ano passado, e apoiado por vários Estados, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Ele citou as principais vantagens do acordo com o Governo Federal, que depende da aprovação do PL 1.039 pela Assembléia: recontratação da dívida a juros fixos e não flutuantes, redução do custo da dívida e utilização de subsídio. Acordo com União é retroativo - O secretário explicou que atualmente a dívida é corrigida por juros flutuantes e com a renegociação os juros serão fixos, no percentual de 6% ano ano. No caso de o PL 1.039 ser aprovado até 31 deste mês, Minas Gerais deixará de incorporar ao montante de sua dívida pública mobiliária R$ 270 milhões, pois o acordo com a União é retroativo a 31 de março deste ano. Ao invés da taxa flutuante, que já atingiu até 30% ao ano, será utilizada a taxa fixa de 6% a partir de então. Ainda segundo João Heraldo Lima, o benefício da redução dos juros implicará no não crescimento da dívida em R$ 350 milhões anuais. "Esse benefício é fundamental para o Estado a longo prazo", afirmou, salientando que pouco se tem saldado da dívida mobiliária atualmente. O que tem existido, disse, são pagamentos de compromissos de curto prazo de até R$ 100 milhões mensais. Já com a renegociação, observou, o serviço da dívida vai cair para R$ 55 milhões a R$ 60 milhões mensais. João Heraldo Lima afirmou que o acordo com o Governo Federal prevê que Minas Gerais vai gastar no próximo ano 11,5% de sua receita corrente líquida ordinária com o pagamento da dívida mobiliária. Esse percentual crescerá para 12% em 1998, 12,5% em 1999 e 13% a partir de 2.000. A renegociação é por um prazo de 30 anos. Segundo o secretário da Fazenda, todo os Estados passam por uma ampla reestruturação e reformução de seus passivos, que têm muitos pontos em comum, como "passivos ocultos". Esses passivos seriam dívidas qeu já existiam mas "por diversas razões não vinham sendo contatilizadas, registradas e reconhecidas pelos detentores do passivo". Os vários casos de "passivos ocultos" em Minas estão localizados em instituições bancárias oficiais. Deputados pedem maior discussão - Na fase de debates, o deputado Gilmar Machado (PT), autor do requerimento para a realização da reunião, questionou vários pontos do projeto do Governo. Um deles foi o empréstimo para cobertura de débito registrado na Minascaixa, atualmente em liquidação pelo Banco Central, de R$ 1,155 bilhão. O secretário afirmou que esse valor foi apontado pelos técnicos do Banco Central e que, por outro lado, o Governo de Minas tem direito aos ativos da Minascaixa. Somente a Carteira Imobiliária da instituição em liquidação tem o valor de face de R$ 912 milhões Outro ponto criticado foi a alienação total da participação acionária do Estado de Minas na Ceasa, que integrará um bolo que será apurado, com a venda de outras estatais, para pagamento antecipado de 20% do valor do refinanciamento. Gilmar Machado disse estar preocupado como futuro de pequenos produtores rurais, principalmente de Uberlândia. O secretário disse que a privatização da Ceasa já foi implementada na prática e agora vai ser oficialmente. Ele disse não ter maiores detalhes desta privatização. Detalhamento de créditos da Minascaixa - Já o deputado Miguel Martini (PSDB), presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, solicitou que os créditos da Minascaixa sejam mais detalhados. O secretário disse que o liquidante da instituição já fez esse detalhamento, ao publicar o quadro geral de credores. Caso seja necessário, afirmou João Heraldo Lima, o liquidante poderá ser convidado a explicar a atual situação aos deputados estaduais. Assim com o Gilmar Machado, os deputados Marcos Helênio (PT), Carlos Pimenta (PL) e Anderson Adauto (PMDB) criticaram a rapidez com que o Governo quer que o projeto seja aprovado pela Assembléia. Eles defenderam maior discussão do PL, devido à sua complexidade. "Temos de discutir o projeto com maior profundidade", disse Anderson Adauto, que ainda defendeu a não privatização do Bemge, que, em sua opinião, deveria ser o banco fomentador do desenvolvimento oficial, e não o BDMG, como quer o Executivo. Ele ainda disse que o Governo do PSDB vai ser marcado pela História por seu "entreguismo de bens públicos". O secretário João Heraldo Lima defendeu a privatização do Bemge e também do Credireal. "O Governo não deve ter banco comercial", afirmou, defendendo a capitalização do BDMG para que a instituição, hoje sem recursos, assuma de fato papel fomentador do desenvolvimento em Minas. Lima disse que ao contrário do que previu o peemedebista, acredita que o Governo do PSDB será marcado por ter coragem de encarar os problemas e propor soluções. Também da bancada do PMDB, o deputado Geraldo Rezende disse ser favorável à privatização dos bancos estaduais comerciais, posição que afirmou ter assumido após ser convencido pelo Governo. "Me preocupa a situação dos servidores destes bancos", disse Rezende. Nova reunião para Robin Hood - Além do secretário, participaram da reunião o secretário-adjunto da Fazenda, Luis Antônio Ataíde, e técnicos da Pasta. Estiveram presentes também o secretário de Estado de Assuntos Municipais, José Militão, e o secretário particular do Governador, José Henrique Portugal. Eles falariam sobre o PL 1.025/96, conhecido como Robin Hood II, que redistribui parcela do ICMS. Como a discussão da dívida mobiliária foi longa, os parlamentares aprovaram requerimento para que nova reunião seja realizada com os dois nesta quinta-feira, às 9 horas. Pelo mesmo motivo, não foi debatido o PL 1.016/96, que trata de modificações na legislação tributária de Minas Gerais. O mesmo requerimento marcou o debate com especialistas em tributação para a próxima quinta-feira, ás 14 horas. Participaram da reunião os deputados Geraldo Santanna (sem partido) - presidente, Simão Pedro Toledo (PSDB), Leonídio Bouças (PFL), Arnaldo Penna (PSDB), Anivaldo Coelho (PT), Ivair Nogueira (PDT), Anderson Adauto (PMDB), Antônio Júlio (PMDB), Marcelo Gonçalves (PDT), Jorge Hannas (PFL), Romeu Queiroz (PSDB), João Leite (PSDB), Elbe Brandão (PSDB), José Henrique (PMDB), Antônio Andrade (PMDB), Miguel Martini (PSDB), Geraldo Rezende (PMDB), Glycon Terra Pinto (PPB), Marcos Helênio (PT), Alencar da Silveira Jr (PDT), Carlos Pimenta (PL), Gilmar Machado (PT), José Braga (PDT) e Paulo Piau (PFL).
Responsável pela informação: Lucio Peres - GCS - 031-2907800