Discutida obrigatoriedade de gradeamento das bocas-de-lobo
A proposta de criação de uma lei que obrigue os municípios mineiros a gradear as bocas-de-lobo foi tema de uma audiên...
07/11/1996 - 03:30Discutida obrigatoriedade de gradeamento das bocas-de-lobo
A proposta de criação de uma lei que obrigue os municípios mineiros a gradear as bocas-de-lobo foi tema de uma audiência pública da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, realizada nesta quarta-feira (6). A idéia foi defendida por André Luiz Tenuta, diretor-administrativo da Associação Pró-Cultura de Ipatinga. Tenuta justificou a medida como forma de impedir que o lixo atinja os cursos d'água do estado. Mostrou fotos de lixo deposto às margens do Rio das Velhas, e de vários modelos de bocas-de-lobo usadas em municípios mineiros. Para Tenuta, a cobertura com grade é a melhor alternativa, uma vez que os bueiros sem gradeamento deixam passar o lixo, além de exigirem reparos constantes - como as bocas-de-lobo com tampa de concreto, que são pouco resistentes e representam riscos para pedestres e automóveis. "Minas Gerais pode sair na frente e dar o exemplo", defendeu. Segundo Tenuta, Ipatinga já tem lei pioneira que obriga o gradeamento das bocas-de-lobo e uma lei estadual seria o primeiro passo, um exemplo a ser estendido em nível federal. O diretor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, Orlando Vignoli Filho, apoiou a iniciativa. Segundo ele, as bocas-de- lobo de ferro, embora sejam 3,6 vezes mais caras que as outras, têm vida útil de 15 a 20 anos, enquanto a de concreto tem apenas dois anos. Vignoli afirmou que a grade não diminuiria o sistema de vazão de água porque o lixo flutuaria. Seria necessário, no entanto, uma limpeza pública eficiente porque, na próxima chuva, o lixo estaria obstruindo os bueiros. Competência do Copam para criar norma é questionada O representante do secretário do Meio Ambiente e assessor jurídico da Feam, Joaquim Martins Filho, relatou que o assunto foi levado ao Copam e que o presidente do Conselho está aguardando deliberação da Câmara de Política Ambiental. Ele questionou se seria competência legal do Estado e do Copam estabelecer normas para a instalação de grades e se uma medida como essa não seria uma interferência na autonomia dos municípios. Além disso, observou que a proposta não prevê sanções para as prefeituras que não cumprirem a determinação. Educação - Para o diretor de Controle Ambiental da Feam, José Cláudio Junqueira Ribeiro, a educação é um instrumento a ser usado pelos administradores públicos. Ele ressaltou o lixo de varrição representa uma pequena parcela da poluição dos rios, e que os maiores problemas são os lixões, que correm diretamente para os cursos d'água. "Não dá para resolver esses problemas na canetada", afirmou. Para José Cláudio Junqueira, a questão do gradeamento das bocas-de-lobo "é interessante, mas apenas complementar" e a discussão deve ser ampliada. "Não necessariamente gradear a boca-de-lobo é a melhor solução", observou. O presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Ivo José (PT), observou que a discussão do assunto não se esgotou e que há uma série de aspectos a considerar. Ele disse que vai analisar a proposta com a assessoria técnica da Assembléia e que a lei deve ser produto de entendimento com a sociedade, não uma forma de repressão. Estiveram presentes ´na reunião os deputados Ronaldo Vasconcellos (PL), Antônio Roberto (PMDB) e Raul Lima Neto (PPB). Participaram, ainda, o vice-presidente da Abes, Cláudio Moreira da Silva; o diretor de Proteção da Biodiversidade do Instituto Estadual de Florestas (IEF), David Márcio Rodrigues; a técnica do Comitê de Normas Técnicas e Administrativas da Feam, Ana Lúcia Baía Lopes; o assessor jurídico do Comitê, Ricardo Carneiro; e o coordenador técnico da Emater, Josué Seroa.
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