Comissão discute problemas da area de Ciências & Tecnologia
A falta de tradição e de experiência, tanto na área pública quanto privada, na gestão de Ciência e Tecnologia (C&T) é...
25/10/1996 - 03:30Comissão discute problemas da area de Ciências & Tecnologia
A falta de tradição e de experiência, tanto na área pública quanto privada, na gestão de Ciência e Tecnologia (C&T) é um dos principais problemas que o setor enfrenta para o seu pleno desenvolvimento. Essa foi a avaliação feita pelos representantes das instituições estaduais ligadas a essa atividade, que participaram ontem da reunião da Comissão de Ciência e Tecnologia, presidida pelo deputado Alberto Pinto Coelho (PPB). A reunião foi convocada a partir de requerimento do deputado Aílton Vilela (PSDB), para discutir os programas de atuação das entidades públicas ligadas a C&T. O deputado Mauro Lobo, secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, ressaltou que o setor enfrenta, sim, dificuldades de ordem financeira. "Faltam recursos, claro - disse ele -, mas esse não é o nosso maior problema. A nossa falta de experiência em gestão tecnológica é muito mais grave. Não sabemos trabalhar em equipes multidisciplinares e interinstitucionais. Não conseguimos perceber as prioridades, conceber bons projetos e gerí-los com eficiência. Também não temos experiência acumulada de avaliação desses projetos e políticas. Mas essa dificuldade é geral. Não é só de Minas, é de todos os estados e do governo federal também. É do setor público e da iniciativa privada. Agora, no entanto, estamos ao menos buscando encontrar um modus vivendi mais produtivo. Já é um passo importante." Legislação precisa ser aperfeiçoada Mauro Lobo destacou ainda que a indefinição da administração pública no Brasil, comprometendo a continuidade de programas em andamento e a carência de recursos humanos são outras dificuldades que inibem a atuação do setor. E esse quadro é agravado, na avaliação do diretor Científico da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Afrânio Carvalho Aguiar, pelos entraves da legislação federal. Um exemplo é a Lei de Licitação. "Se fossemos seguí-la a risca, estaríamos paralisados. Um só projeto, de uma instituição pública financiada pela Fundação, que se tornasse inadimplente, nos impediria de continuar a fazer repasse para todos os demais" - disse ele. No âmbito estadual, o presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), Marco Paulo Dani, citou a Constituição mineira, que impede a criação de fundações de direito privado para atuar junto ao setor público. "Ela só reconhece o regime de direito público . Mas o Cetec era muito mais eficiente e tinha muito mais flexibilidade para buscar solucões quando podia atuar como fundação de direito privado" - disse ele. Marco Paulo Dani argumentou que um dos objetivos propostos para o Cetec é o de criar institutos tecnológicos, com participação minoritária da fundação. "Temos capacidade para isso e uma demanda potencial imensa para atender. O Cetec teria o papel de uma holding, coordenando as atividades de diversos institutos tecnológicos. Mas, para viabilizar esse objetivo, teríamos de atuar como fundação de direito privado" - defendeu ele. Hora de planejar O diretor da Fapemig, Afrânio Carvalho destacou ainda que o setor de C&T careceu, até recentemente, de um direcionamento objetivo. "Atirávamos em todas as direções e, raramente e só por acaso, acertávamos o alvo. Essa definição é fundamental para darmos um norte comum às ações de todas as instituições do setor"- advertiu ele. O secretário Mauro Lobo concordou com o diretor da Fapemig, ressaltando, no entanto, que a gestão do atual do governo preencheu essa lacuna, ao definir, no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), seis programas estruturantes, entre eles, o da Ciência e Tecnologia, com suas Missões Tecnológicas. "Temos agora seis grandes áreas para direcionar nossa atuação: aqüicultura, biotecnologia, florestas renováveis, gemas e jóias, gestão de resíduos, e melhoria do rebanho". Para realizar as Missões Tecnológicas, o poder público deverá buscar como parceiro preferencial a iniciativa privada. "Nós, da secretaria - afirmou Mauro Lobo - somos uma estrutura enxuta e de baixo custo. Buscamos o mínimo de execução, para não inchar nem onerar o sistema e o máximo de articulação, para viabilizar os projetos através de parcerias". O presidente do Cetec concordou que esse é o grande desafio da Fundação para os próximos anos: trabalhar em parceria com a iniciativa privada. "Para isso, precisamos flexibilizar a nossa atuação e recompor nossos quadros, não através de novos concursos apenas, mas de parcerias mesmo com universidades e empresas" - defendeu Dani, finalizando que sem a presença da iniciativa privada, a fundação deixa de cumprir parte importante de seus objetivo. Participações A reunião foi presidida pelo deputado Alberto Pinto Coelho e teve a participação dos deputados Aílton Vilela (PSDB), Paulo Piau (PFL), Geraldo Nascimento (PT) e Dinis Pinheiro (PSD).
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