Ministro da Justiça defende reformas Constitucionais
As Reformas Administrativa, Tributária e Eleitoral foram abordadas ontem (1/8) pelo ministro da Justiça, Nelson Jobim...
23/09/1996 - 08:46Ministro da Justiça defende reformas Constitucionais
As Reformas Administrativa, Tributária e Eleitoral foram
abordadas ontem (1/8) pelo ministro da Justiça, Nelson Jobim, na
abertura dos trabalhos da 2ª Sessão Legislativa Ordinária da
Assembléia de Minas. O ministro defendeu o fim de privilégios dos
servidores públicos, afirmando que, se antes esses instrumentos eram
legítimos para atualizar o poder aquisitivo do funcionalismo, hoje,
com a estabilização da economia, devem ser revistos. "É evidente que o
modelo que tinha consistência e justificativas com altas taxas de
inflação é incompatível com a realidade atual", ressaltou.
A Reforma Tributária, segundo Nelson Jobim, é hoje um grande
problema, que vai além da receita dos estados. Ele lembrou a
globalização da economia, que força a competitividade dos produtos e o
problema federativo que representa a criação de receita para os
estados. O ministro da Justiça definiu como uma distorção federativa a
tributação do consumo em detrimento da produção, citando o exemplo dos
estados do Nordeste do Brasil, que, já penalizados com a falta de
investimentos produtivos, sofrem com o pagamento de impostos na
importação de produtos de outros estados.
A necessidade de uma Reforma Eleitoral também foi lembrada pelo
ministro. "É fundamental assumir que temos uma democracia político-
partidária e ter clareza dos processos que nos regem", defendeu.
Nelson Jobim fez ampla exposição sobre o atual processo eleitoral,
afirmando que a inconsistência político-partidária compromete o
processo democrático. Ele criticou o sistema atual de eleição
proporcional, baseada em coeficientes eleitorais, por criar disputa de
votos entre candidatos do mesmo partido e, consequentemente,
dificultar a fidelidade ao partido político. Defendeu, também, a
revisão dos critérios de inelegibilidade, para que se tornem,
realmente, preservadores do processo eleitoral e não um mecanismo para
que alguns possam escolher com quem vão concorrer.
O presidente da Comissão de Acompanhamento das Reformas
Constitucionais junto à Câmara e ao Senado, deputado Cleuber Carneiro
(PFL), também fez pronunciamento lembrando que as reformas da
Constituição são objetivo de intenso trabalho por todos os poderes
constituídos. "Este encontro se reveste de maior relevância se
atentarmos para o fato de que esta Casa Legislativa constitui em Minas
Gerais um fórum privilegiado, onde o tema das reformas tem sido objeto
de especial preocupação", observou. Cleuber Carneiro citou a criação
da Comissão e a realização de seminários, ciclos de debates,
discussões e encaminhamento de sugestões como exemplos da participação
do Legislativo Mineiro nesse processo. O presidente da Assembléia,
deputado Agostinho Patrús, ressaltou que as dificuldades enfrentadas
pelo governo federal, estados e municípios clamam pelos ajustes
necessários para que o Brasil consolide um processo de crescimento
consistente.
Participaram da Mesa, além dos nomes já citados, o procurador-
geral do Estado, Arésio Dâmaso, representando o governador Eduardo
Azeredo; o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Monteiro
de Barros; o reitor da UFMG, Tomás Haroldo da Mota Santos; os
secretários de Estado da Justiça, Tarcísio Henriques; da Saúde, José
Rafael Guerra, e de Transportes e Obras Públicas, Israel Pinheiro
Filho; o procurador-geral da Justiça, Epaminondas Fulgêncio; e o
deputado Rêmolo Aloise, 1º secretário da ALEMG.
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