Empresários falam sobre irregularidades no comércio de carvão
A extinção do selo emitido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) para controle da comercialização do carvão no E...
23/09/1996 - 08:46Empresários falam sobre irregularidades no comércio de carvão
A extinção do selo emitido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) para controle da comercialização do carvão no Estado, e a regularização da situação dos transportadores para que eles possam emitir notas fiscais no ato da entrega do carvão nas siderúrgicas foram duas propostas apresentadas ontem, pelo deputado José Bonifácio (PSDB)< na reunião da CPI que apura denúncias contra a chamada "Máfia do Carvão", que vem atuando principalmente no Norte de Minas Gerais. As duas propostas receberam o apoio dos empresários, convidados a participar da reunião e deverão ser agora discutidas, numa próxima reunião, com representantes do IEF, da Secretaria da Fazenda, da Secretaria do Meio Ambiente, do Sindicato das Indústrias do Ferro (Sindifer0, da Associação Brasileira de Carvão Vegetal (Abracave) e empresários do setor. Um requerimento do deputado Gil Pereira (PP) foi aprovado ontem já solicitando que seja formalizado o convite a essas pessoas para que elas venham participar da reunião. O deputado José Bonifácio justificou suas propostas argumentando que o selo tem propiciado mais o surgimento de fraudes do que efetivado o controle das vendas do setor e defendeu a nota fiscal como o instrumento mais adequado para essa operação. Para ele, o fato dos pequenos produtores de carvão e transportadores não terem condições de emitir notas fiscais não inviabiliza a proposta, bastando, para isso, que os transportadores tenham sua atividade regularizada. "Como os pequenos produtores não fazem o transporte de carvão, essa exigência não seria feita a eles, mas diretamente junto aos transportadores", afirmou. Os empresários que participaram da reunião manifestaram o seu descontentamento quanto a forma como essa participação tem sido noticiada pela imprensa, que tem sugerido o envolvimento direto dessas empresas com a Máfia do Carvão. O deputado Gil Pereira, autor do requerimento que criou a CPI, esclareceu que todas elas foram convidadas a aprticipar das reuniões para ajudar a esclarecer as irregularidades denunciadas. "Os senhores foram escolhidos aleatoriamente como representantes das diversas siderúrgicas do setor para nos ajudar também a encontrar mecanismos que evitem a repetição destes problemas". O deputado Gil Pereira frisou que o objetivo da instalação da CPI não é o de se promover uma caça a bruxas, mas o de apurar as denúncias divulgadas pela imprensa, de buscar novos mecanismos que evitem os desvios dos selos e de garantir uma melhor distribuição da renda do setor, contribuindo para a melhoria das condições de vida dos pequenos produtores de carvão que recebem uma parte mínima deste bolo. "Os pequenos produtores não recebem R$ 1,00 por metro cúbico do carvão que chega nas siderúrgicas pelo preço de até R$ 30,00. Esse é um problema que estamos constatando aqui e na CPI que apura o trabalho escravo e que temos de encontrar uma solução", defendeu o deputado Gil Pereira, reafirmando que os trabalhos da comissão estão voltados para apurar os fatos denunciados e separar o joio do trigo, punindo aquelas empresas que estiverem envolvidas com as irregularidades e não o setor, que é fundamental para a economia mineira. Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PFL), Olinto Godinho (PL), Marcelo Cecé (PTB) e os empresáros Antônio Pontes Fonseca, presidente da Calsete, Carlos Maurício Vasconcelos Gonzaga, presidente da Cossisa, Roberto Santos Viana, presidente da Interlagos, Afonso Henrique Paiva Paulino, presidente da Siderpa, Luciano de Melo Figueiredo, da Insivi, Francisco de Paula Castro, assessor da diretoria da Itaminas, entre outros.
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