Patrús e Walfrido discutem Audiências com lideranças do interior
Prefeitos, vereadores e representantes das comissões eleitas durante as 12 Audiências Públicas Regionais realizadas n...
23/09/1996 - 08:46Patrús e Walfrido discutem Audiências com lideranças do interior
Prefeitos, vereadores e representantes das comissões eleitas
durante as 12 Audiências Públicas Regionais realizadas no ano passado
se reuniram ontem, na Câmara Municipal de Lavras, com o presidente da
Assembléia Legislativa, deputado Agostinho Patrús, e o secretário de
Estado adjunto do Planejamento, Marcos Pestana, para analisar o
andamento das 122 propostas votadas nesses encontros. A reunião é a
segunda realizada em conjunto pela Assembléia e a Seplan para prestar
contas do andamento das propostas, no objetivo de esclarecer aos
participantes sobre as dificuldades e perspectivas das Audiências,
processo pioneiro de democratização da participação popular no
Orçamento estadual. A terceira e última reunião será realizada em
Governador Valadares, na segunda-feira 24.
Na primeira reunião, na segunda-feira, o presidente Agostinho
Patrús e o vice-governador e secretário do Planejamento, Walfrido dos
Mares Guia, falaram das dificuldades de atender à maioria das obras e
serviços constantes das propostas votadas, decorrentes das
dificuldades de caixa do Executivo, mas reafirmaram compromisso com a
execução das obras de maior investimento, à medida que forem sendo
conseguidos recursos, e o atendimento de reivindicações de menor custo
através de programas em andamento nas Secretarias de Estado. Agostinho
Patrús fez um histórico da evolução das audiências públicas e de seu
aprimoramento, reconhecendo que "estamos num processo permanente de
aprendizagem". Segundo Patrús, as últimas audiências mostraram a
necessidade de alongar o prazo destinado ao cumprimento das propostas,
o que levou os três poderes do Estado envolvidos na organização do
processo a realizar as audiências de dois em dois anos, com um período
intermediário para avaliação. O presidente também defendeu, para o
próximo ano, a destinação de uma quantidade determinada de recursos,
por região, a fim de que as prioridades sejam eleitas com base nesse
montante.
Walfrido dos Mares Guia concordou com a posição do chefe do
Legislativo, após explicar às lideranças regionais as dificuldades que
enfrenta para atender às obras relacionadas pela comunidade. Segundo
Mares Guia, o Estado continua comprometendo cerca de 90% de suas
receitas livres com o pagamento da folha do funcionalismo, sobrando
muito pouco para custeio, pagamento de dívida e novos investimentos.
Lembrou, ainda, que o processo de escolha das prioridades nas
audiências públicas não fixou limites orçamentários. Em função disso,
muitas obras eleitas ultrapassam a capacidade de investimento do
Estado para um só ano. "Algumas obras relacionadas exigem
investimentos altos e períodos longos de realização", disse ele,
citando como exemplo a criação de um pólo de fruticultura no Vale do
Jequitinhonha e o asfaltamento de até 300 quilômetros de estradas. Mas
ele ressalvou que muitas das reivindicações constantes das propostas
priorizadas nas Audiências, que não dependem de altos investimentos,
podem ser atendidas através dos programas em andamento nas Secretairas
de Estado. Em Lavras, ontem, o secretário adjunto Marcos Pestana
acrescentou que as audiências podem também ser aperfeiçoadas com
discussões prévias com os secretários de Estado sobre o que pode ser
priorizado, levando-se em consideração os programas de suas pastas.
Processo participativo
Das 122 propostas votadas nas audiências realizadas nas 12
macrorregiões, 41 foram incluídas no Orçamento estadual a partir de
emendas dos deputados estaduais e cinco no Orçamento federal, por
iniciativa de parlamentares federais. Cerca de outras 40 constam
desses programas em andamento. As incluídas em Orçamento, de maior
monta, dependem de financiamentos externos ou recursos de programas
federais que serão destinados a essas obras, tão logo sejam liberados,
segundo Walfrido.
Técnicos da Assembléia e da Seplan já tinham feito reuniões de
acompanhamento das propostas com representantes das comissões eleitas
nas audiências, em novembro e fevereiro. O questionamento dessas
lideranças, reafirmado nas reuniões desta semana, é principalmente o
não atendimento propostas priorizadas. Isso estaria frustrando as
pessoas que participaram das audiências públicas. A maior parte delas
referem-se a estradas ou obras de construção de hospitais. Alguns
oradores defenderam a proposta de se garantir previamente o recurso
orçamentário que poderá ser utilizado por cada região, antes da
definição das obras prioritárias. Também surgiu a proposta de se criar
um tratamento diferenciado para Belo Horizonte, para evitar prejuízos
aos outros municípios que fazem parte da mesma macrorregião.
Embora questionem os resultados, a maioria das lideranças mantém
elogios ao processo. A prefeita de Raposos, Thaís Brina, disse que os
recursos podem ser otimizados quando se administra com planejamento e
que as Audiências podem ser um bom caminho para se discutir o
planejamento. O vereador Jaime Nogueira Filho, de Baroso, disse que,
num Orçamento participativo, é possível às autoridades captar "as
verdadeiras aspirações das comunidades".
Responsável pela informação: Ramiro Batista - GCS - 031-2907800