Comissão discute seca no Norte de Minas
Existem aproximadamente 1 mil 200 poços artesianos no Norte de Minas já perfurados mas sem condições de operação por ...
23/09/1996 - 08:46Comissão discute seca no Norte de Minas
Existem aproximadamente 1 mil 200 poços artesianos no Norte de
Minas já perfurados mas sem condições de operação por falta de
maquinários complementares ou por falta de manutenção. São 800 poços
comunitários e cerca de 400 particulares, todos parados, numa região
que está sendo duramente castigada pela seca. Doze municípios já
decretaram estado de calamidade pública e outros 33 estado de
emergência, buscando com isso sensibilizar o governo do Estado a tomar
medidas mais efetivas de apoio à região.
Essa denúncia foi apresentada ontem (26/10), em reunião da
Comissão de Saúde e Ação Social da Assembléia, pelo seu presidente
deputado Carlos Pimenta (PL). Ele informou ainda que funcionava na
região um escritório do Departamento Nacional de Obras contra a Seca
(DNOCS) com quase 400 funcionários, bastante operativo e ágil. "Esse
escritório - disse Carlos Pimenta - foi esvaziado, a partir de
denúncias contra o DNOCS encaminhadas pelo Congresso Nacional. A
direção nacional do órgão reagiu com um decreto proibindo seus
escritórios de fazer perfuração de postos particulares. Assim, o
desempenho da regional do Norte de Minas, que era de 20 poços por mês,
ficou drasticamente comprometido".
Segundo Carlos Pimenta, a partir deste decreto restritivo, o
escritório mineiro está com cinco perfuratrizes rotativas paradas,
recebendo apenas manutenção dos 40 funcionários mantidos na regional.
"Estivemos com os secretários estaduais, com deputados federais e
diretores do DNOCS, em Brasília, denunciando esse absurdo e sugerindo
a criação de convênio que permitisse a utilização dessas máquinas, mas
não obtivemos nenhuma resposta até agora, nem do governo estadual nem
federal"- lamentou Carlos Pimenta.
O secretário executivo do Centro Estadual de Defesa Civil
(Cedec), Ten. Cel. Márcio José de Almeida, convidado a participar da
reunião, afirmou não ter conhecimento destes dados fornecidos pelo
deputado e disponíveis na Associação de Municípios da Área Mineira da
Sudene (AMAMS). "O Cedec - disse ele - tem na região 444 poços
artesianos perfurados e em funcionamento. A nossa meta para este ano é
de perfurarmos mais 150 poços, dos quais 83 já estão funcionando em 21
cidades da região". Ele mostrou, no entanto, interesse em repassar
esses dados para as demais secretarias de governo e buscar uma ação
conjunta que viabilize a entrada em operação destes poços e o suporte
do escritório do DNOCS para as obras ainda programadas.
O secretário do Cedec esclareceu que, no início do ano, numa ação
coordenada pelo vice-governador Walfrido dos Mares Guias, todas as
secretarias e órgãos da administração direta com ação na região
estiveram reunidos para traçar um plano de ação integrado com metas de
curto, médio e longo prazos. Além da perfuração de poços artesianos, o
Cedec está fazendo distribuição de alimentos nas áreas não assistidas
pelo Pograma de Distribuição Emergencial de Alimentos do governo
federal e gerenciando a cessão de seus equipamentos alocados na
região, como caminhões, ambulâncias e patrulhas motomecanizadas.
O presidente da Comissão de Saúde e Ação Social questionou, no
entanto, o resultado dessas ações, lembrando que, no início do ano, o
governador do Estado, Eduardo Azeredo, esteve no Norte de Minas e
anunciou uma série de medidas, como a criação de frentes de trabalho,
criando expectativas entre os prefeitos, hoje frustradas. "Os
municípios - esclareceu Carlos Pimenta - poderiam contratar até 4% da
sua população, durante três meses, pagando o salário mínimo. Muitos
prefeitos entenderam o pronunciamento do governador como uma
autorização para iniciar o programa e até hoje não receberam o
dinheiro e apenas cinco foram ressarcidos, assim mesmo com seis meses
de atraso".
Para o deputado, esse programa é importante e precisaria estar
contemplado no Orçamento de 1996. O secretário-executivo do Cedec
também considera o pleito justo. O deputado Jorge Eduardo (PMDB),
membro da comissão, sugeriu ao seu presidente que convide
representantes dos demais órgãos envolvidos no programa de atendimento
ao Norte de Minas, bem como o presidente da AMANS, para uma próxima
reunião, ampliando assim o debate e municiando a comissão para, se for
o caso, elaborar um programa de apoio a região.
O deputado Jorge Hannas (PFL) defendeu uma ação coordenadora
destas diversas iniciativas do poder público, a ser assumida pelo
Cedec. As duas propostas foram apoiadas pelo deputado Marcos Régis,
também membro da comissão. Hoje (27/10), o deputado Carlos Pimenta
participa de uma reunião no Norte de Minas, com cerca de 500
vereadores para discutir os problemas dos municípios atingidos pela
seca.
Responsável pela informação: Patricia Duarte - GCS - 031.2907800