Secretário Santos Moreira debate chacina com deputados
O Secretário de Segurança Pública, Santos Moreira da Silva, esteve na Assembléia nessa quarta-feira (23) para debater...
23/09/1996 - 08:46Secretário Santos Moreira debate chacina com deputados
O Secretário de Segurança Pública, Santos Moreira da Silva, esteve na Assembléia nessa quarta-feira (23) para debater com os deputados a a atuação da Secretaria na condução dos inquéritos referentes à "Chacina do Taquaril". A reunião, realizada na Comissão de Defesa Social, presidida pelo deputado Djalma Diniz (PFL), foi produto de um acordo entre o deputado Romeu Queiroz (PSDB), líder do Governo na Assembléia, e o deputado Durval Ângelo, líder do PT e autor do requerimento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o assunto. Ao justificar o convite, o deputado Durval Ângelo elogiou o trabalho de Santos Moreira e lembrou que sua gestão na Secretaria se iniciou com ameaças pessoais a Santos Moreira, seguindo-se uma série de episódios não solucionados na Capital, como as bombas no início do ano passado, a invasão do Hospital João XXIII por policiais a pretexto de vingar a morte de um colega e, recentemente, a chamada Chacina do Taquaril, local onde três menores fossem assassinados. Em todos os casos, havia demonstração da Polícia Civil quanto à situação salarial da categoria, disse Durval Ângelo, que acrescentou que, no caso da chacina, está em jogo "a autoridade do Governo e o próprio estados de direito". O deputado disse que a presença do Secretário poderia desfazer as dúvidas provocadas por desinformações desencontradas que provocam inquietação na população. O parlamentar justificou também o pedido de formação de uma CPI, que teria o papel de dar transparência aos fatos e dar respaldo político e social às medidas que o Secretário tomar. Santos Moreira disse que desde o início de sua gestão, vem tomando medidas radicais, para promover mudança estrutural e comportamental na Polícia e para mudar o próprio conceito de polícia. "A Polícia não deve ser o braço armado do Estado contra o cidadão, mas o braço da cidadania", concluiu. Essas mudanças, segundo Santos Moreira, incomodam a alguns grupos, mas ele não se restringe a referir grupos internos à própria polícia civil. "Sou o presidente do Conselho de Segurança da Região Sudeste (Condest), cuja ação tem incomodado a grupos do narcotráfico", disse Santos Moreira, acrescentando que a criação da Central de Inteligência da Polícia Civil também contraria interesses. O Secretário disse que a "Chacina do Taquaril" sofre uma investigação meticulosa, que é um trabalho científico demorado e que além do que é noticiado, a polícia tem outras linahs de investigação sigilosas, pois a divulgação poderia atrapalhar os trabalhos. Santos Moreira disse que as cartas anônimas podem não ser dos autores da chacina, mas de grupos que se aproveitam da situação para tentar desestabilizar a cúpula da polícia. Entre outras linhas, a polícia investiga o grupo que age na Avenida Oiapoque, com o veículo que teria sido usado para transportar os menores assassinados e as cartas anônimas. O Secretário desmentiu a informação de que renunciaria ao cargo caso não resolvesse o caso da "Chacina do Taquaril". "Não daria uma declaração dessas porque estaria demonstrando fraqueza", disse o Secretário. Em relação às bombas que explodiram em Belo Horizonte no início do ano passado, Santos Moreira disse que, sem testemunhas, é muito difícil se incriminar alguém, por falta de provas. O caso específico da bomba da OAB, em que foi acusado o sindicalista Austen Mudado, teve solução porque testemunhas apontaram o sindicalista como suspeito, segundo o secretário, numa "investigação sincera", embora Austen Mudado tenha sido absolvido pela Justiça, por falta de provas. Santos Moreira disse que tem convicções pessoais sobre o episódio das bombas e que quando deixar de ser secretário de Estado poderá escrever um livro sobre o assunto. Quanto invasão do Hospital João XXIII o Secretário colocou à disposição dos parlamentares o inquérito administrativo que está sob responsabilidade da Corregedoria de Polícia. Tortura - O deputado João Leite pediu informações sobre as providências tomadas no caso em que foi vítima de tortura o funcionário do Banco do Brasil Sidney Cangussu. O Secretário informou que os policiais envolvidos respondem a processo judicial e que foram punidos com suspensão administrativa, mas caberá à Justiça decidir se houve ou não tal prática na Delegacia de Furtos e Roubos. Santos Moreira respondeu a perguntas dos deputados Paulo Schettino (PTB), Gilmar Machado (PT), Dílzon Melo (PTB), José Bonifácio (PSDB), Carlos Pimenta (PL), Marco Régis (PPS) e Ivo José (PT). Participaram ainda da reunião os deputados Romeu Queiroz (PSDB), Sebastião Navarro (PFL), Elbe Brandão (PSDB), Sebastião Costa (PFL), Ajalmar Silva (PSDB), Arnaldo Penna (PSDB), Antônio Andrade (PMDB) e Marcos Helênio (PT), Geraldo Nascimento (PT) e Antônio Roberto (PMDB).
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