Denúncias contra Hospital Unimed de Betim são debatidas
As Comissões de Defesa do Consumidor e de Saúde e Ação Social realizaram nesta quarta-feira (19-06) audiência pública...
23/09/1996 - 08:46Denúncias contra Hospital Unimed de Betim são debatidas
As Comissões de Defesa do Consumidor e de Saúde e Ação Social realizaram nesta quarta-feira (19-06) audiência pública para discutir novas denúncias de irregularidades e crimes cometidos no Hospital da Unimed de Betim. Enquanto vítimas denunciaram a existência de erros médicos, omissão de socorro e negligência, relatando casos ocorridos, o presidente da Unimed-Betim, Jamil José Saliba, afirmou que os fatos estão sendo distorcidos pelas vítimas, sendo que a empresa contesta "tudo o que foi colocado". No ano passado, denúncias contra o hospital já haviam sido debatidas na Assembléia. Entre as vítimas, Rute da Fonseca relatou caso de seu filho, que, segundo ela, teria sofrido consequências cerebrais por não ter recebido atendimento; Nilza Castro Cabral Oliveira afirmou que seu filho, logo após o parto, em 1993, ficou internado 14 dias no hospital e foi liberado com problemas cerebrais e físicos, o que teria acontecido devido a negligência, que resultou em falta de oxigênio no cérebro e consequentemente na deficiência. Adriane Franco Amaral contou que seu filho ficou deficiente devido à falta de um aparelho aspirador cirúrgico, logo após o parto; e Tânia Faustino da Silva relatou o caso de seu filho, que, no ano passado, foi encaminhado ao hospital com desidratação e teria morrido por falta de atendimento adequado. O presidente da Unimed-Betim, Jamil José Saliba, disse que os casos já estão na Justiça, que, em sua opinião, é o foro ideal para se discutir assuntos desta natureza. "Nós contestamos tudo o que foi colocado", afirmou, ressaltando que em nenhum caso ocorreu erro médico. No mesmo sentido, o diretor clínico do hospital, Antônio Ferreira Freitas, contestou as acusações e declarou que o hospital está sendo tratado como o vilão da história, quando tem lutado para aperfeiçoar a medicina. O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Marcos Helênio (PT), ressaltou que o objetivo da audiência pública era de debater as denúncias e não de julgá-las. Outros deputados também avaliaram o problema: Marco Régis (PPS) afirmou que erro médico não pode ser tolerado e deve ir para o campo policial e judicial; Ivair Nogueira (PDT) disse que "cada caso é um caso" e que deve ser feita justiça. Hely Tarquínio (PSDB) ressaltou os problemas debatidos e ainda outros ao sistema de saúde brasileiro; Carlos Pimenta (PL) registrou que as discussões demonstravam que ao contrário de anos passados, hoje a sociedade busca a garantia de seus direitos, como nos casos de erros médicos; Antônio Andrade (PMDB) declarou que os casos relatados são um retrado da medicina no Brasil; e Marcelo Gonçalves (PDT) considerou que houve erro médico ou negligência nos casos debatidos. Visita - Foram aprovados três requerimentos durante a reunião, dois de autoria do deputado Marcos Helênio: o primeiro solicita que a Superintendência de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde tome providência em relação ao hospital, e o seguinte requerimento pede que a Defensoria Pública ingresse na Justiça para pleitear indenizações para as vítimas. O outro requerimento, de autoria do deputado Ivair Nogueira (PDT), solicita que as Comissões realizem visita ao hospital para checar de perto as suas instalações e funcionamento. Participaram da reunião os deputados Marcos Helênio (PT) - presidente da CDC, Carlos Pimenta (PL) - presidente da CSAS, Marco Régis (PPS) - vice-presidente da CSAS, Hely Tarquínio (PSDB), Ivair Nogueira (PDT), Antônio Andrade (PMDB) e Marcelo Gonçalves (PDT). E, ainda, a presidenta da Apae de Betim, Sonia de Melo; a promotora Cristiane Mesquita, da Promotoria de Erros Médicos; e Adir José de Souza, do Conselho Municipal de Saúde de Betim, além de parentes das vítimas.
Responsável pela informação: Lucio Peres - GCS - 031-2907800