Secretário da Fazenda e pres.do Sindifisco debatem projetos
O secretário de Estado da Fazenda, João Heraldo Lima, e o presidente do Sindifisco (Sindicato dos Fiscais da SEF), Se...
23/09/1996 - 08:46Secretário da Fazenda e pres.do Sindifisco debatem projetos
O secretário de Estado da Fazenda, João Heraldo Lima, e o presidente do Sindifisco (Sindicato dos Fiscais da SEF), Severino Francisco Ribeiro Sobrinho, debateram nesta terça-feira (13-08), na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, o PL 879/96, do deputado Miguel Martini (PSDB), que altera multas e autoriza o Executivo a parcelar créditos tributários em até 100 meses. Enquanto Severino afirmou que a proposta constitui uma anistia aos que deixaram de recolher impostos aos cofres públicos, o secretário disse que não existe perdão de débitos. "Não há e nem haverá anistia", assegurou. A discussão aconteceu devido a requerimento apresentado pelo deputado Marcos Helêlio (PT). Ele afirmou que o seu objetivo era de esclarecer as consequências da aprovação do projeto. "Não temos certeza das consequências da aprovação da lei", disse Helênio, que defendeu que a proposta seja mais discutida e não aprovada a "toque de caixa". Já o autor do projeto, Miguel Martini, salientou que algumas informações divulgadas através da imprensa não têm coincidido com a verdade, ao dizerem que o projeto representa a concessão de anistia. Ele explicou que a principal preocupação de sua proposta, elaborada em conjunto com técnicos da Secretaria de Estado da Fazenda, é o de diferenciar o sonegador (aquele que esconde ter débitos com a Receita) do inadimplente (aquele que assume o débito mas não recolhe os impostos). O presidente do Sindifisco criticou a proposta e classificou-a de maléfica aos interesses dos cofres estaduais. Segundo ele, a cada dois ou três anos é concedida anistia aos contribuintes que não recolhem os impostos. "A lei estimula a sonegação e pune quem mantém o pagamento de impostos em dia", afirmou, ressaltando que nos últimos dez anos os grandes grupos econômicos adotaram a sonegação como prática corriqueira, sempre a espera de anistia. O secretário João Heraldo Lima seguiu no caminho inverso. Ele garantiu que o projeto não representa de forma alguma uma anistia aos que deixam de recolher os impostos aos cofres estaduais. "Na Prefeitura de Belo Horizonte o então prefeito Eduardo Azeredo e eu, como secretário municipal da Fazenda, não demos anistia. Não demos agora no Governo e não vamos dar. É um compromisso do governador. Nunca daremos anistia", disse. Em sua avaliação, o projeto de Miguel Martini é uma boa oportunidade para ser resolvida a questão da dívida ativa junto à Receita Estadual. Ele observou que a proposta tem dois objetivos: distinguir o sonegador do inadimplente e associar o tamanho da multa ao tamanho do prazo para que o débito seja pago. "O projeto é um estímulo ao pagamento mais rápido da dívida", disse. O secretário ainda observou que o projeto "não é simples nem simplista" e precisa ser analisado detidamente pelos parlamentares. Outro ponto polêmico foi o resultado do projeto sobre a arrecadação da Receita Estadual. O presidente do Sindifisco disse que a atual arrecadação com o parcelamento de dívida ativa em vigor, no valor de R$ 15 milhões, pode cair em 50%. Já o secretário da Fazenda e técnicos da Receita garantiram que a perda nesse caso será de apenas R$ 100 mil, enquanto o ganho geral com a proposta poderá chegar a R$ 6 milhões em um cenário "conservador". João Heraldo revelou que a arrecadação mensal da Receita está em cerca de R$ 460 milhões, tendo melhorado nos últimos meses. Ele afirmou que está em andamento na Secretaria de Estado da Fazenda um programa de modernizaçãop fiscal que tem, entre suas iniciativas, a renovação total da frota utilizada na fiscalização e a substituição de equipamentos de informática nas sedes do interior do Estado. "A nossa meta para este ano é um acréscimo real de 10% da receita." A maioria dos deputados que participaram da reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária se posicionou favorável à aprovação do projeto. O deputado Cleuber Carneiro (PFL) disse que a proposta é boa e oportuna, mesmo ponto de vista externados pelos deputados Alencar da Silveira Jr (PDT) e Ailton Vilela (PSDB). Já o deputado Geraldo Rezende (PMDB), mesmo se dizendo no caminho de apoiar a proposta, criticou a falta de ações do Executivo contra os sonegadores. Participaram da reunião os deputados Miguel Martini (PSDB) - presidente, Geraldo Rezende (PMDB), Glycon Terra Pinto (PPB), Cleuber Carneiro (PFL), Marcos Helênio (PT), Alencar da Silveira Jr (PDT), Ailton Vilela (PSDB), Paulo Piau (PFL) e João Leite (PSDB), além do diretor e do vice-diretor da Receita Estadual, João Alberto Vizzotto e Jorge Schimdt, respectivamente.
Responsável pela informação: Lucio Peres - GCS - 031-2907800