Aconteceu nas Comissões
A Comissão de Política Energética, Hídrica e Minerária realizou ontem uma reunião, com representantes da Secretaria d...
23/09/1996 - 08:46Aconteceu nas Comissões
A Comissão de Política Energética, Hídrica e Minerária realizou ontem uma reunião, com representantes da Secretaria da Fazenda, da Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Setor Mineral (CNTSM) para esclarecer aspectos do acordo celebrado entre a Comig e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) na exploração do nióbio de Araxá. Segundo os representantes da confederação, a primeira versão desse contrato, assinada em janeiro de 1973, foi lesiva para o Estado de Minas Gerais, entre outros aspectos, por não prever uma participação para a Comig nos ganhos obtidos através de aplicações no mercado financeiro. Em 1988, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), convocada pela Assembléia Legislativa, chegou às mesmas conclusões, sugerindo que o contrato fosse renegociado. Conforme esclareceu o próprio presidente da Comig, Carlos Cotta, a CBMM continuou argumentando que cumpria o contrato vigente e que não tinha interesse em modificá-lo. Em 1991, a nova diretoria da Comig, presidida por Carlos Cotta, atendendo às diretrizes da CPI da Assembléia, insistiu em sua posição e notificou a CBMM para a instalação de juízo arbitral, fôro previsto na escritura de constituição societária. As negociações se estenderam até abril deste ano, quando foi possível por termo às ações, mediante um encontro de contas entre as partes litigantes. Por este acordo a CBMM concordava em pagar as receitas financeiras desde a CPI da Assembléia, aceitando, portanto, a renegociação retroativa do contrato até esta data. Mas, ao mesmo tempo, a empresa argumentava que parte desse débito estava prescrito e, assim, pagaria somente o diferencial de 1992 a 1995. Apesar das divergências, prevaleceu o ponto de vista defendido pela Procuradoria Geral do Estado, ficando acordado que o período de apuração seria computado a partir de novembro de 1988. O presidente da Comig ressaltou ainda que, além de ter conseguido recuperar parte dos créditos prescritos, foi possível renegociar o contrato na forma de acordo, visando incorporar ao resultado social todas as receitas financeiras e ainda estabelecer condições mais vantajosas de estoque, além da redução do prazo de pagamento de 30 dias após o mês de apuração para o quinto dia útil do mês subsequente. O secretário da Fazenda, João Heraldo Lima, questionou os dados apurados pela CNTSM e a avaliação que a entidade fez do contrato entre as duas empresas. O secretário desafiou ainda a confederação a apresentar uma proposta jurídica viável, que garanta à Comig a recuperação dos valores perdidos, anteriores a 1988. O representante da Confederação, João César de Freitas, respondeu que a área jurídica da entidade fará um estudo nesse sentido e reafirmou que o Estado teve prejuízo no período em que a primeira versão do contrato esteve em vigor, devendo ser reparado por isso. O secretário da Fazenda comentou ainda, no encerramento da reunião, presidida pelo deputado Álvaro Antônio (PDT), o programa de enxugamento da Comig. Ele ressaltou que de 1973 a 1996, a empresa faturou perto de US$ 400 milhões a título de pagamento de royalties e não repassou um centavo ao Estado, gastando tudo com a sua folha de pagamentos. "A empresa, apesar de bem administrada, não está conseguindo cumprir seus objetivos e, por isso, ´precisa ter a sua atuação revista. E é o que estamos fazendo. O seu quadro de pessoal está sendo enxugado sim e, a partir de janeiro, a receita da empresa com o pagamento de royalties será depositada nos cofres do Tesouro. Essa é uma decisão do governo" - sentenciou ele. Participaram ainda da reunião o deputado Anivaldo Coelho (PT), autor do requerimento que viabilizou a reunião, assessores da Comig, o assessor da Secretaria da Fazenda, José Luiz Ladeira, representantes das empresas auditoras do contrato entre a Comig e CBMM e funcionários da Comig.
Responsável pela informação: Patricia Duarte - GCS - 031-2907800