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Impactos da Crise

A crise afetou de forma global as economias de Minas Gerais e do Brasil, conforme demonstravam os números do Produto Interno Bruto (PIB), divulgados pelo IBGE no início de 2009*. O PIB mineiro ficou praticamente estagnado no quarto trimestre de 2008. Cresceu apenas 0,04%, em comparação com o mesmo período de 2007. Para se ter idéia dos efeitos da crise, o quarto trimestre de 2007 havia registrado crescimento de 7,69%, em relação aos três últimos meses do ano anterior. O PIB brasileiro também foi afetado. No quarto trimestre de 2008, a elevação foi de 1,27%, em relação a igual período do ano anterior. O resultado é bem inferior aos 6,14% dos três meses finais de 2007, na comparação com 2006.

Um dos setores mais atingidos da economia mineira foi a indústria, segundo dados do IBGE e da Fiemg. A produção industrial do Estado cresceu 1,6% em 2008, mas o desempenho poderia ter sido melhor, não fossem os resultados de novembro e dezembro de 2008, que registraram quedas de 22% e 27,1%, respectivamente, em relação aos mesmos meses de 2007.

A desaceleração da economia teve reflexos na arrecadação da União e do Estado. Em Minas, o Orçamento para 2009 estimava receitas de R$ 40,8 bilhões. O cálculo, no entanto, foi feito com base na expectativa de um crescimento de 5%. Em 2009, a previsão era de crescimento zero, o que forçará a revisão da receita estimada, formada principalmente pelo ICMS. De acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda, a arrecadação do imposto, em janeiro daquele ano, foi 3,67%, inferior à do mesmo mês de 2008. Em fevereiro, a queda foi ainda maior: 7,92%, na comparação com fevereiro do ano anterior.

Os municípios, sobretudo os menores, também foram penalizados pela crise. Em fevereiro, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), repassado pelo governo federal, caiu 13% em relação ao mesmo mês de 2008 e 7% em relação a janeiro de 2009. Os dados, divulgados pelo Tesouro Nacional, eram preocupantes. Historicamente, o repasse do FPM costumava subir entre janeiro e fevereiro. O fundo representava, em média, 50% da arrecadação total das cidades com até 50 mil habitantes. Em Minas, em 2009, eram 789, num universo de 853 municípios.

De setembro a dezembro de 2008, foram fechados 179 mil postos de trabalho em Minas Gerais, segundo o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged). O IBGE registrou elevação da taxa de desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que passou de 5,2%, em novembro do ano anterior, para 6,4%, em janeiro de 2009. No período de outubro a fevereiro, o único setor do Estado que teve crescimento na oferta de empregos foi o comércio. Todas os demais tiveram desempenho negativo, com destaque para a indústria de transformação e a agropecuária.

Apesar de contribuir para a redução na oferta de empregos, o setor agropecuário teve desempenho positivo em Minas entre 2008 e 2009. O PIB agropecuário do Estado cresceu 14,8% no ano anterior, em relação a 2007. Os motivos foram o crescimento da demanda mundial por produtos básicos e, conseqüentemente, dos preços. Porém, a expectativa era de que o PIB do setor voltasse, em 2009, aos patamares de crescimento registrados em 2004 e 2005, quando a expansão fora de 4%. O comércio alimentava então a expectativa por dias melhores. Após a desaceleração verificada a partir de setembro de 2008 (com retração de 5,2% em novembro), o comércio varejista mineiro tinha voltado a crescer em dezembro, ainda de forma tímida.

* Com dados da análise produzida pela Gerência Geral de Consultoria Temática da Diretoria Legislativa da ALMG.