Cobrança indevida é a maior causa de reclamações no Procon
Do total de queixas registradas no órgão, 41,6% se referem a essa prática, estimulada pela impunidade.
23/09/2014 - 13:43Nada menos que 41,6% do total de reclamações registradas no Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em 2014 se referem a cobrança indevida/abusiva e dúvidas sobre a cobrança. Técnicos do órgão fizeram uma análise das queixas formalizadas e constataram o problema em 7.013 das 16.858 reclamações. O levantamento diz respeito ao período de 2/1/14 a 17/9/14.
Levando-se em conta apenas esse tipo de irregularidade, o ranking dos 20 segmentos mais problemáticos do mercado é encabeçado pela telefonia celular, com 1.206 reclamações (66,7% do total) referentes a cobrança indevida/abusiva. Em seguida vem o cartão de crédito, com 1.163 registros. Nesse segmento, o percentual de queixas questionando a lisura da cobrança chega a 78,3%. Telefonia fixa (53%) ,TV por assinatura (63,5%) e “Combo” (Internet, TV por assinatura e telefonia – 57,6%) completam os cinco primeiros setores em quantidade de reclamações.
O que explica números e percentuais tão expressivos? “A falta de uma atuação mais efetiva das agências reguladoras e do Ministério Público e a ausência de decisões exemplares do Poder Judiciário condenando as operadoras às devidas indenizações ao consumidor”, responde o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa. Em setores teoricamente regulados da economia, como os planos de saúde, a telefonia e as instituições financeiras, por exemplo, faltam atitudes mais rigorosas por parte do poder público, o que acaba incentivando as empresas a desrespeitarem sistematicamente algumas normas do Código de Defesa do Consumidor.
O gerente administrativo do Procon Assembleia, Gilberto Dias de Souza, acrescenta que as multas aplicadas, quando aplicadas, são infinitamente inferiores aos lucros obtidos pelas cobranças em excesso praticadas contra o consumidor. “Dessa forma”, conclui, “por uma questão contábil, para várias empresas é vantajoso continuar com atitudes proibidas por lei.”
O que fazer? Se o poder público, a quem cabe zelar pelas boas práticas do mercado, se mostra inoperante, o consumidor precisa ficar atento e lutar pelos seus direitos quando estes forem desrespeitados. Uma atitude muito importante é conferir atentamente o valor da fatura. Marcelo Barbosa lembra que muita gente observa apenas a data de vencimento e o valor total da fatura, sem verificar se o que está sendo cobrado de fato é o devido.
Em caso de divergência, o cliente deve primeiro entrar em contato com a empresa e questionar a cobrança. Nesse momento, é muito importante exigir o protocolo de atendimento. Se não obtiver êxito na reclamação, o caminho é registrar uma queixa junto ao órgão de defesa do consumidor, que vai analisar o caso e intermediar uma negociação com o fornecedor. Não sendo possível essa negociação, o Procon orientará o reclamante a acionar a Justiça.
O quadro a seguir mostra a lista dos 20 primeiros segmentos que mais receberam reclamações no Procon Assembleia no período de 02/01/14 a 17/09/14 e o posicionamento do problema “cobrança indevida/abusiva e dúvida sobre cobrança” em relação ao total de queixas registradas para cada um deles.
Relação dos vinte primeiros assuntos que mais receberam reclamações no Procon Assembleia e classificação do problema “cobrança indevida, abusiva, dúvida sobre cobrança” em relação ao total de reclamações para cada um deles – Período de 02/01/2014 a 17/09/2014 |
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Class. |
Assunto |
Quantidade de reclamações |
Class. do assunto nas reclamações |
Percentual em relação ao total de reclamações para o segmento |
1º |
Telefonia celular |
1206 |
1º |
66,70% |
2º |
Telefonia fixa |
901 |
1º |
53% |
3º |
Eletrodomésticos e eletroeletrônicos |
85 |
4° |
5,60% |
4º |
Cartão de crédito |
1163 |
1º |
78,30% |
5º |
Combo (Telefonia, TV por assinatura, provedores Internet |
658 |
1º |
57,60% |
6º |
TV por assinatura |
697 |
1º |
63,50% |
7º |
Internet |
459 |
1º |
53,20% |
8º |
Cartão de crédito - Acordo |
- |
- |
- |
9º |
Empréstimo consignado |
245 |
1º |
39% |
10º |
Móveis, armários, cozinhas planejadas |
21 |
5º |
4,90% |
11º |
Estabelecimentos de ensino, autoescola, cursos, pré-vestibular |
139 |
1º |
41,70% |
12º |
Aparelhos telefônicos |
14 |
4º |
3,90% |
13º |
Editoras, revistas, jornais, assinaturas |
118 |
1º |
37,90% |
14º |
Planos de saúde, clínicas, consultórios |
115 |
1º |
49,50% |
15º |
Comércio eletrônico |
21 |
3º |
9,95% |
16º |
Empréstimo pessoal |
75 |
1º |
37,30% |
17º |
Informática/computador |
8 |
5º |
4,10% |
18º |
Veículos, carros, motos, automotores |
20 |
3º |
10,47% |
19º |
Vestuário, roupas, calçados, bolsas, acessórios |
6 |
7º |
3,40% |
20º |
Financiamento de veículo |
83 |
1º |
46,30% |
OBSERVAÇÕES: 1) Cartão de crédito – Acordo é o único assunto para o qual não há registro de reclamação em relação ao problema “cobrança indevida, abusiva, dúvida sobre cobrança”. Para esse assunto, todas as 733 queixas se referem a parcelamento/cancelamento da dívida. 2) O total geral de reclamações no Procon Assembleia no período examinado (2/1/2014 a 17/9/2014) é de 16.858. Os vinte primeiros assuntos que mais receberam reclamação no órgão, nesse período, reúnem 35,79% de reclamações acerca do problema “cobrança indevida, abusiva, dúvida sobre cobrança”. 3) Os cinco primeiros assuntos cujo percentual de reclamações é mais acentuado quando o problema se refere a “cobrança indevida, abusiva, dúvida sobre cobrança” são: |