O presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (Epamig), Rui Verneque, disse que o agronegócio brasileiro tem potencial para suprir a necessidade de alimentos da população mundial, que deve crescer cerca de 30% nas próximas três décadas.

O dado foi apresentado no segundo dia do Ciclo de Debates Produtos Especiais dos Campos de Minas: As Tecnologias e os Mineiros em Destaque, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). As atividades continuam durante todo dia nesta sexta-feira (1°/12/17).

Rui falou sobre produção agropecuária e responsabilidade ambiental. Segundo ele, o bom momento da agricultura mineira é resultado de um trabalho de longo prazo, e o crescimento demográfico mundial traz uma expectativa de aumento na demanda de alimentos, em especial nos países da Ásia. “Esses locais não terão como ofertar a quantidade necessária de comida, e caberá a países como o Brasil suprirem essa carência”, salientou.

Para Rui, um indicador preocupante é o desequilíbrio entre a população urbana, que é crescente, e a rural, que vem diminuindo. Ele explicou que, hoje, apenas 15% das pessoas estão no campo e, em 2050, esse percentual deverá ser de apenas 6%.

“O envelhecimento da população e o aumento da renda per capita no Brasil e no mundo também impactam as demandas e o processo de produção, uma vez que se refletem em crescimento do consumo, em especial dos alimentos de origem animal”, alertou Rui.

Sustentabilidade – Para o presidente da Epamig, a escassez de água e as mudanças climáticas, provocadas por desequilíbrios em escala global, são desafios a serem enfrentados.

Apesar disso, ele apontou que o cenário atual mostra um processo de crescimento produtivo, em especial de grãos. “Somente em Minas, o aumento foi de 214% nos últimos 20 anos. A pecuária também tem números positivos no mesmo período e o fator mais importante desse crescimento passa pelo investimento em tecnologia”, disse.

Ainda em relação à sustentabilidade, ele pontuou que o Brasil se preocupa com a preservação do meio ambiente, uma vez que tem 66% do seu território considerado área de preservação. Além disso, segundo ele, existem diversos indicadores de sustentabilidade para monitorar a degradação ou o desequilíbrio ambiental, assim como tecnologias de proteção e recuperação.

Vinhos mineiros ganham o mundo

Em painel específico sobre o vinho mineiro, produtores e especialistas destacaram o aumento na produção e na demanda de mercado, assim como o reconhecimento nacional e internacional do produto.

O engenheiro agrônomo e PhD em Viticultura e Enologia pela Universidade de Bordeaux (França), Murillo de Albuquerque Regina, produz uvas para vinhos finos desde 2000. Neste ano, segundo ele, o produto mineiro ganhou cinco medalhas em premiações mundiais, graças a uma tecnologia totalmente desenvolvida no Sul de Minas. “Nossa técnica tem sustentabilidade e demanda de mercado. Hoje, temos produção em diversas regiões no Brasil”, comemorou.

Ainda de acordo com o produtor, a atual safra brasileira de vinhos é de 333 milhões de litros por ano, sendo que o consumo per capita é de dois litros anuais. “Nossos desafios passam pela melhora da qualidade da matéria-prima e pela redução dos impostos e do preconceito com o vinho nacional”, completou.

Outro produtor premiado a participar do ciclo de debates foi Eduardo Júnior, que fabrica o vinho Maria Maria, em Três Pontas (Sul de Minas). Ele apresentou o processo produtivo da bebida, que é exportada para vários países, e, emocionado, citou as medalhas conquistadas no Brasil e na Inglaterra. “Estamos atuando em diversas frentes, como café e alface, além do vinho. Esses resultados nos mostram que estamos no caminho certo”, celebrou.

O consultor, escritor e especialista em vinhos Júlio Anselmo Souza Neto lembrou que chama atenção há quase duas décadas para a produção de vinhos em Minas Gerais. Em sua participação, ele destacou a evolução da bebida no Estado ao longo dos anos e defendeu que seu crescimento é um caminho sem volta.

Orgulho – Ao final, o presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da ALMG, deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), destacou que os produtores de vinho mineiros estão conquistando prêmios nacionais e internacionais, o que demonstra um momento de crescimento do setor. “É motivo de orgulho para o nosso Estado observar o sucesso de um trabalho feito com muita dedicação, esforço e amor”, concluiu.