Comunidade participou da discussão sobre a criminalidade em Fabriciano.
PM aponta estatísticas de violência em Coronel Fabriciano

Município pede investimentos no tratamento de dependentes

Para autoridades de Coronel Fabriciano, essas ações podem reduzir a violência na cidade.

30/11/2012 - 15:15

Aproximadamente 60% dos 38 homicídios registrados este ano em Coronel Fabriciano (Vale do Rio Doce) têm relação direta com o tráfico e o uso de drogas. A informação foi transmitida pelo comandante da 12ª Região da Polícia Militar, coronel Geraldo Henrique Guimarães da Silva, em audiência pública da Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta sexta-feira (30/11/12).

O reforço da rede de tratamento dos dependentes químicos foi uma das principais ações defendidas na reunião para conter o tráfico e o consumo do crack no município. Para a promotora de Justiça Juliana da Silva Pinto, as comunidades terapêuticas da cidade, conduzidas por grupos e igrejas locais, precisam ser divulgadas e ampliadas, inclusive com o apoio de investimentos públicos.

O deputado Paulo Lamac (PT), autor do requerimento para a realização da audiência, lembrou que já existem editais do Governo com incentivos previstos para essas instituições. O parlamentar destacou, no entanto, que por falta de qualificação muitas dessas comunidades terapêuticas têm encontrado dificuldade para acessar a verba. “Têm sobrado vagas desses editais. Por isso, estamos prevendo, para 2013, recursos no orçamento para preparar essas instituições no sentido de pleitear esses investimentos”, afirmou.

Como reforço à rede de tratamento, a psicóloga da Secretaria Municipal de Saúde, Juliana Correia de Andrade, anunciou a instalação de um Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Droga (CAPS-AD) em Fabriciano, prevista para agosto de 2013. Ela destacou, no entanto, a medida como uma alternativa complementar ao trabalho que já vem sendo realizado pelas comunidades terapêuticas. “Não podemos abrir mão de nenhum recurso que compõe a rede de tratamento. Todas as alternativas são importantes e vistas como formas de tratamentos diferentes para sujeitos que são diversos”, destacou.

Reforço na estrutura das polícias também foi reivindicado

O delegado de Polícia Civil, Paulo César Assumpção Dettogie, alertou sobre a falta de estrutura adequada para o tratamento dos presos que são dependentes. “Cadeia não recupera ninguém. Por isso mesmo, 80% deles são reincidentes. Este é um trabalho de médio e longo prazo”, afirmou. Na audiência, ele também defendeu a criação de um Batalhão da PM e de uma regional da Delegacia Civil, com um serviço de inteligência bem estruturado, para a repressão do tráfico em Fabriciano.

Segundo o coronel PM Geraldo Guimarães, um dos pontos críticos da rede de combate ao uso do crack é a falta de um centro de internação para adolescentes infratores na região. “Já temos local e recursos assegurados, mas o processo de implantação é lento”, pontuou. A expectativa é de que a licitação do projeto executivo do centro, que será construído em Santana do Paraíso, seja publicada em janeiro de 2013.

Para evitar a proliferação do crack na cidade, a juíza da Vara Criminal da Comarca de Coronel Fabriciano, Beatriz dos Santos Vailante, sugeriu ações de prevenção direcionadas aos jovens e crianças de famílias carentes, como a realização de oficinas e palestras em escolas públicas, a oferta de atividades extra-escolares e o apoio psicológico no caso daquelas que forem vitimadas pelas drogas. “A situação está gravíssima e reflete diretamente no judiciário, nas ações e condutas ilícitas que registramos para viabilizar a aquisição da droga”, destacou.

Como ação preventiva, o coronel Geraldo Guimarães destacou o trabalho que vem sendo desenvolvido no Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), que atendeu 15 mil crianças de escolas públicas e privadas no município, nos últimos dez anos. “A meta, para os próximos dois anos, é que 100% dos estudantes sejam beneficiados”, afirmou.

O deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB) apresentou alguns dados alarmantes da Confederação Nacional dos Municípios relativos ao uso de drogas. Segundo ele, 93% dos municípios brasileiros registram número expressivo de consumo de entorpecentes, que tem se alastrado por todas as classes sociais. Na ocasião, o parlamentar destacou ainda que a falta de um órgão especializado no combate às drogas é uma das causas do cenário preocupante. “Em Minas, dos 853 municípios, apenas 135 afirmaram ter um Conselho Municipal Antidrogas, e 30 informaram possuir CAPs”, disse.

Instalada em março, a Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack teve seu prazo de funcionamento prorrogado por duas vezes e, segundo o deputado Paulo Lamac, há grandes chances de que ela se torne uma comissão de caráter permanente em 2013. A exemplo de Coronel Fabriciano, já foram realizadas audiências públicas em vários municípios e eventos de grande porte em Belo Horizonte, como a Marcha Contra o Crack e Outras Drogas, no dia 26 de junho, que reuniu milhares de pessoas na Praça da Assembleia.

Consulte o resultado da reunião.