Você já havia notado que o busto localizado nos jardins da entrada do Palácio da Inconfidência, sede da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), retrata o artista Antônio Francisco Lisboa, popularmente conhecido como Aleijadinho?

O monumento, feito em bronze, é um dos mais antigos da Casa e está completando 49 anos.

Rosto foi embasado em tela

Mesmo após anos de sua morte, um mistério ainda pairava em torno do verdadeiro rosto de Aleijadinho. 

Foi apenas na década de 1950, que o pesquisador russo Miguel Theodorovitch Chquiloff, naturalizado brasileiro, descobriu numa arca antiga, em uma de suas visitas ao Arquivo Público Mineiro, a tela que, segundo registros não oficiais da época, retratava o escultor.

Tendo como referência a tela “Retrato de Aleijadinho”, de Euclásio Penna Ventura, Miguel foi em busca do reconhecimento de sua autenticidade. 

Como conta a jornalista e servidora aposentada Cristiane Pereira, em reportagem publicada em março de 1994, no extinto jornal de comunicação interna da ALMG “Parceria”, o processo de reconhecimento da obra como a representação oficial de Antônio Francisco Lisboa se deu alguns anos mais tarde, por meio da  iniciativa do deputado Nelson Lombardi, pela Lei 5.984 de 12 de setembro de 1972. 

Dessa forma, o busto foi encomendado por Miguel e instalado na entrada da ALMG, como forma de agradecimento pelo reconhecimento oficial do retrato e pelo apoio do Legislativo mineiro à causa.

Autor da obra

A obra é do escultor e ceramista mineiro Alberto de Castro e foi inaugurada em 27 de setembro de 1973.

De acordo com o livro “Monumentos de Belo Horizonte”, organizado por Clotildes Avellar Teixeira, Alberto nasceu em 1914 em Cataguases (MG). Era comerciante e, em 1958, já aposentado, se matriculou na Escola Guignard, onde se especializou em argila e modelagem, tornando-se professor e diretor da instituição.

Quem foi Aleijadinho

Antônio Francisco Lisboa nasceu em 1738, na cidade mineira de Vila Rica, hoje conhecida como Ouro Preto. Por influência direta de seu pai, que era carpinteiro, Antônio se tornou escultor, arquiteto, entalhador e também carpinteiro, mais tarde sendo referência em sua área.

Suas esculturas, feitas em pedra-sabão, foram cada vez mais ganhando espaço e constituindo o interior e as fachadas de igrejas de Minas Gerais.

Por volta de 1777, o artista perdeu os movimentos das mãos e dos pés, dando origem a seu apelido. 

Aleijadinho continuou a trabalhar com os instrumentos amarrados nos punhos, até perder a visão em 1812, vindo a falecer dois anos depois.