Deputados reclamaram de falta de comunicação por parte da Copasa e da Copanor.
Atuação da Copasa é criticada no Legislativo

Moradores do Norte de Minas reclamam de abastecimento

Copasa prometeu analisar caso a caso e disse que está aberta ao diálogo.

03/03/2020 - 16:28

Moradores e representantes de municípios do interior de Minas relataram, em audiência pública nesta terça-feira (3/3/20), diversos problemas de abastecimento de água relacionados a obras realizadas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e pela Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais S/A (Copanor). A reunião, da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), contou com a presença de representantes das empresas.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Um dos autores do requerimento para a realização da audiência, deputado Arlen Santiago (PTB), citou uma quantidade enorme de casos, com foco na região Norte do Estado. “Não é de hoje que a Copasa e a Copanor têm problemas na prestação de diversos serviços. Uma obra de R$ 150 milhões, para buscar água do Rio Tanque, que não tem água suficiente nem para os municípios que banha. Em Pedra Azul, 17 caminhões pipa buscam água no Jequitinhonha porque a barragem lá feita está assoreada. Pagam caminhão no lugar de fazer uma barragem nova e resolverem o problema em definitivo. No Rio Araçuaí, quatro municípios despejam esgoto em natura. Quantos outros rios estão na mesma situação? Faltam informação e diálogo”.

Representando o município de São João do Paraíso (Norte de Minas), a vereadora Selma Morais relatou falta de diálogo com a Copanor e a responsabilização do Executivo sobre aspectos que deveriam ser da empresa. “Os anos passam e os problemas continuam no município. Temos várias leis sobre abastecimento, que criamos e não são cumpridas. Quero saber quais os deveres da Copanor com a nossa cidade, porque eles culpam todo mundo. E, se reclamamos, ficamos com receio de cortarem o fornecimento e a população achar que não estamos fazendo nada. E esses problemas não impactam as altas taxas de cobrança”, enfatizou.

A diretora de Relacionamento e Mercado da Copasa, Cristiane Schwanka, afirmou que a empresa deverá repactuar os contratos com os municípios para os quais presta serviço. “Sabemos que temos obrigações não cumpridas e que deverão ser repactuadas. Ou se cumpre ou se muda. Nossa gestão não fugirá desse debate. Estamos de portas abertas para conversar com cada um de nossos contratantes”, disse.

O diretor de Operações da Copasa, Guilherme Frasson Neto, enfatizou que saneamento básico é um desafio no Brasil. Ele se comprometeu a tomar providências em relação a todas as demandas mencionadas. “Acompanhei reuniões semanais com a equipe de Montes Claros (Norte de Minas) e vi os esforços da Copanor para equipar poços e aprimorar a malha de abastecimento na região. O projeto do São Francisco está concluído e, em 50 dias, deverá ter licitação para complementar o empreendimento e captar água. Não é fácil, são centenas de milhões de reais gastos a partir da renovação da concessão em Montes Claros, há cerca de um ano”, completou.

O deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) ressaltou que a Copasa precisa “aprender a ouvir o cidadão, suas reclamações e rever os seus procedimentos”. A deputada Leninha (PT) reforçou que a água de qualidade é direito de todos. “Acredito que a empresa não recebeu os investimentos que merecia para nos atender nos últimos 20 anos. Privatizar não é a solução. A Copasa deve continuar pública, com investimentos e planejamento estratégico”, concluiu a parlamentar.