Trabalhadores da Petrobrás participaram da reunião que debateu a paralisação da categoria
Em greve, petroleiros afirmam que pode faltar combustível em Minas

Petroleiros relatam sucateamento da Petrobras

Em audiência, servidores relatam negativas de administração da Regap de negociar pautas dos trabalhadores.

11/02/2020 - 18:56

No 11° dia de greve dos petroleiros em todo o País, nesta terça-feira (11/2/20), a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) recebeu trabalhadores da Petrobras para debater a paralisação.

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O Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro/MG) está participando do movimento, que acontece em todo o Brasil em solidariedade ao fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR), no Paraná, cuja desativação foi anunciada no final de janeiro deste ano.

Cerca de mil funcionários diretos e terceirizados serão demitidos com o fechamento.

De acordo com o petroleiro e coordenador-geral do Sindipetro/MG, Anselmo Luciano da Silva Braga, a estratégia da Petrobras tem sido sucatear e “fatiar” as empresas que a compõem, tendo em vista que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu que uma eventual privatização da empresa precisa passar por aprovação do Congresso Nacional.

“Subsidiárias podem ser vendidas. Então se aparece interesse, a Petrobras sucateia e transforma em subsidiária. Fez isso com a Fafen e tem feito isso com várias empresas. Estão tirando da população a oportunidade de decidir”, disse Anselmo.

Falta de diálogo - O coordenador criticou também a atitude da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim (Região Metropolitana de Belo Horizonte), de não querer negociar com os trabalhadores. “O sindicato desde o início se dispôs a manter a refinaria em operação. Mas o gerente não veio aqui e desde o começo se recusou a negociar ou receber o sindicato. Se as operações pararem, haverá falta de combustível, por negligência e intransigência do gerente. Não vamos ceder e continuaremos denunciando os abusos”, completou.

O diretor de Comunicação do Sindipetro, Felipe Pinheiro Martins de Paiva, enfatizou que a grande mídia silenciou sobre a greve e por isso as pessoas não sabem o que está acontecendo.

“A população precisa saber que o petróleo é extraído a US$ 9 e vendido nos postos brasileiros a US$ 60, para que o mercado internacional se beneficie. Isso não faz sentido se o governo se diz nacionalista. O que aconteceu com a Fafen pode acontecer com todos nós. Por isso a greve não foi apenas em solidariedade, pensamos no futuro”, explicou.

Felipe lembrou também que 56% do ICMS de Betim vem da Regap. Além disso, 20% do ICMS do Estado vem da produção de combustíveis, maior parte disso vindo da Regap. “A privatização terá impacto perverso em empregos e impostos. A Vale deixou bem claro aqui no Estado quais são as prioridades de uma empresa privatizada, que busca o lucro máximo. Se Cemig e Copasa forem privatizados teremos preços triplicados e serviço péssimo”.

Apoio - A coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Denise Romano, elogiou a ação dos petroleiros na Pedreira Prado Lopes no último sábado, que venderam botijões de gás a R$ 40 em protesto contra preços considerados abusivos pela categoria.

Ela também falou da greve da educação, que se iniciou nesta terça-feira (11) por tempo indeterminado, e mencionou projeto que tramita na ALMG e que prevê um reajuste de mais de 40% para servidores da segurança.

“Não somos contra o reajuste da segurança pública. Essa ideia é falsa. Mas queremos o mesmo tratamento. Que o governo seja isonômico. Zema não pode escolher qual pauta atender. Isso é impossível. Como mensurar qual serviço público é o mais importante? O governo tem obrigação de atender e negociar com todos os trabalhadores”, explicou.

Autores do requerimento, os deputados Celinho Sinttrocel (PCdoB) e Beatriz Cerqueira (PT) manifestaram solidariedade aos trabalhadores. “Somos contra a privatização e o desmonte da Petrobras”, afirmou o deputado. Também manifestaram apoio aos petroleiros os deputados Betão (PT), Leninha (PT), Marília Campos (PT) e Andreia de Jesus (PSOL).