Cerca de 70 mil motoristas de aplicativos de mobilidade atuam em Belo Horizonte

Rigor no cadastro de motoristas de aplicativos é cobrado

Representantes de empresas não compareceram à reunião. Insegurança para passageiros foi um dos pontos abordados.

10/04/2019 - 19:57 - Atualizado em 11/04/2019 - 11:16

Em virtude da ausência de representantes dos principais aplicativos de mobilidade usados em Belo Horizonte - Uber e 99Pop - em audiência realizada pela Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte nesta quarta-feira (10/4/19), o gerente do Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Gilberto Dias de Souza, disse que vai acionar o Ministério Público para que o órgão esteja presente em uma nova reunião, para discutir a qualidade do serviço prestado e a segurança dos passageiros.

A delegada de Polícia Titular da 4ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Belo Horizonte, Larissa Mascotte Carvalhaes, relatou a prisão de quadrilha que vendia carteiras de motoristas falsas e usava chips de celular para fazer o cadastro em aplicativos.

Segundo ela, eles confessaram ter criado pelo menos cem contas falsas em aplicativos de mobilidade. “E ainda disseram que não eram os únicos no mercado a vender esses perfis”, pontuou.

Além disso, a delegada relatou 25 crimes sexuais na Capital desde o ano passado, cometidos por motoristas de aplicativos de mobilidade. “Precisamos pensar em normas de segurança mais rígidas no cadastro de motoristas. Atualmente não se exigem coisas básicas como comprovante de endereço ou atestado de bons antecedentes. A impressão que dá é que qualquer um consegue se cadastrar. Precisa de mais rigor, com conferência mais efetiva. E dados reais de pessoas reais”, completou.

O presidente da Frente de Apoio Nacional ao Motorista Autônomo (FANMA), Paulo Xavier Júnior, disse que em Belo Horizonte, atualmente, existem em torno de 70 mil motoristas de aplicativos de mobilidade e cerca de um milhão de usuários. Segundo ele, as empresas são as responsáveis pela segurança dos passageiros e também dos motoristas. “Barrar as fraudes e conter os fakes é obrigação deles. Eles precisam melhorar as ferramentas que têm”.

Ele também pediu maior fiscalização da Polícia Militar, blitzes e mais abordagens policiais, para que menos motoristas sejam vítimas de “assalto delivery”. “Os problemas são simples de resolver, com um cadastro mais rígido, critérios melhores e maior fiscalização”, explicou.

O presidente da comissão, deputado Bartô (Novo), se disse contra a regulamentação dos aplicativos por parte do poder público porque, segundo ele, isso impede a regulamentação pelo livre mercado. “Os aplicativos são negligentes e têm perfis falsos, aí o poder público deve interferir e punir. Mas sou contra a regulamentação que está sendo proposta na Câmara Municipal de BH. Os motoristas devem se mobilizar para ela não ser aprovada”.

O deputado Cleitinho Azevedo (PPS) demonstrou apoio aos motoristas e concordou com o colega. “Tínhamos de ter vereadores de BH aqui hoje. Os motoristas têm meu respeito, porque trabalham para não ficarem desempregados e enfrentam inúmeros perigos em seu dia a dia. Mas se essa lei que está na Câmara passar, depois não adianta chorar”, frisou.

Consulte o resultado da reunião.