Para autor do pedido da reunião, é importante que autoridades atentem para fenômeno da violência - Arquivo ALMG

Agressões na campanha eleitoral motivam audiência na ALMG

Comissão de Direitos Humanos quer debater tema na terça (23) e tirar lições para que episódios violentos não se repitam.

19/10/2018 - 16:10

As agressões, motivadas por divergências políticas, ocorridas no âmbito do Estado, durante o período das eleições, serão debatidas em audiência pública nesta terça-feira (23/10/18), pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O debate está previsto para acontecer no Auditório, a partir das 15h30, atendendo a requerimento do presidente da comissão, deputado Cristiano Silveira (PT).

Na avaliação de Cristiano Silveira, o comportamento violento dirigido sobretudo a eleitores de candidatos à Presidência da República deve ser avaliado, a fim de que se possa evitar episódios futuros.

“Já tivemos mais de 60 casos registrados de agressões em todo o País desde o início da campanha, inclusive com mortes. Há muitos outros casos que não foram denunciados até porque muitas dessas vítimas temem ser perseguidas. Esse não é o País que queremos, isso não é civilizado, não podemos permitir que divergências políticas e partidárias sejam motivos para crimes. Não queremos ser o País da intolerância”, afirmou o parlamentar.

Ainda de acordo com o parlamentar, é importante chamar a atenção das autoridades para esse fenômeno da violência. "É preciso que providências sejam tomadas. Agressores não podem ficar impunes, pois isso seria uma forma de legitimar esses ataques. Temos também que levar em conta os crimes de ameça, inclusive os que são feitos nas redes sociais. É preciso apuração e punição para esses casos”, afirmou Cristiano Silveira.

O deputado denunciou a contribuição do candidato a presidente pelo PSL, Jair Bolsonaro, para este cenário.

“Não é admissível que ele, que lidera as pesquisas para a disputa pela Presidência, continue incentivando a violência. Quando ele diz que vai ‘metralhar a petralhada’, que ‘a ditadura devia ter matado uns 30 mil’, que ele é favorável à tortura, entre outras barbaridades, isso incentiva a violência. É um candidato que diz que vai combater a violência e que vai resolver os problemas da segurança pública, mas que se mostra despreparado para isso”, avalia.

Entre os episódios que ilustram a tensão nestas eleições está também o ataque sofrido por Jair Bolsonaro durante um ato de campanha em Juiz de Fora (Zona da Mata), no último dia 6 de setembro.

E no dia 7 de outubro, primeiro turno de votações, o mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa foi assassinado com 12 facadas em um bar em Salvador (BA), após supostamente declarar o voto em Fernando Haddad, candidato do PT a presidente, conforme conclusão do inquérito da Polícia Civil baiana. Paulo Sérgio Ferreira de Santana, também segundo o inquérito, teria confessado o crime.

Convidados - Foram convidados para a audiência pública representantes de diversos órgãos, como Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e das polícias Civil, Militar e Federal. Também devem estar presentes representantes de entidades cuja trajetória está ligada à defesa dos direitos humanos, como o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Fórum Mineiro de Direitos Humanos e Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.

Também foram convidados representantes de entidades sindicais, como a presidente da Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT/MG), a deputada eleita Beatriz da Silva Cerqueira (PT). Representantes de entidades religiosas também devem participar da discussão, como da Arquidiocese de Belo Horizonte e da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

Consulte a lista completa de convidados para a reunião.