Setor seria um dos que mais sofreram nos últimos três anos com a crise, levando ao fechamento de 70 usinas em todo o País
O presidente da Siamig disse que MG é o terceiro maior produtor de cana do Brasil e o segundo produtor de açúcar
Agricultores e usineiros comemoram resultados da cadeia produtiva da cana

União entre setor produtivo e indústria é saída para a crise

Convidados da Comissão de Agropecuária defendem integração e se entusiasmam com Megacana Tech Show.

20/06/2018 - 20:01

A integração entre o setor produtivo e a indústria é um caminho para sair da crise e um estímulo para o desenvolvimento econômico. Esse foi o pensamento dominante entre os convidados da audiência pública da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quarta-feira (20/6/18). A reunião destinou-se a debater a situação econômica do setor sucroenergético no Estado.

Convocada a requerimento do presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), a audiência mobilizou representantes do agronegócio e da agroindústria do setor sucroenergético em função da 10ª edição do Canacampo Tech Show, que a partir deste ano passará a se chamar Megacana Tech Show.

O evento é realizado anualmente no município de Campo Florido (Triângulo Mineiro). A edição 2018 está marcada para os dias 8 e 9 de agosto. A mudança do nome se deve ao novo formato do evento, fortalecido com a participação de 26 usinas de açúcar e álcool.

A integração entre os produtores de cana-de-açúcar e a indústria, no planejamento e execução do evento, se deu por meio da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido (Canacampo) e da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig).

Após três anos de crise, setor espera recuperação

O presidente do Canacampo, Marcos Cesar Brunozzi, vê na realização do evento a oportunidade de selar uma aliança robusta, capaz de tirar o setor da crise. “A intenção da feira é levar as usinas a atuar junto com os produtores rurais, já que a produção do campo representa 60% do orçamento da usina”.

Ele ressalta que o setor foi um dos que mais sofreram nos últimos três anos com a crise, que levou ao fechamento de 70 usinas em todo o País. Minas Gerais também não ficou alheia ao problema. Após um período de crescimento, entre 2005 e 2012, que favoreceu cidades como Campo Florido e Pirajuba (Triângulo Mineiro), a crise se abateu sobre o setor, lamenta.

Marcos Brunozzi afirma ainda que esse segmento econômico alimenta uma boa expectativa com o programa Renovabio, do governo federal, que tem por objetivo traçar uma estratégia para reconhecer o papel de todos os tipos de biocombustíveis na matriz energética brasileira, tanto para a segurança energética quanto para mitigação de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, conforme define o Ministério das Minas e Energia.

O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Ferreira Campos, também demonstrou entusiasmo com a proposta.

“O biocombustível é uma forma de energia solar – ecológica, eficiente e segura”, diz ele, lembrando que em 2015 o Brasil assinou o acordo climático mundial, comprometendo-se a reduzir emissão de gases e que o Renovabio, aprovado em 2016, favorecerá as indústrias do setor por meio da concessão de um certificado de descarbonização, entregue a cada produtor segundo a sua eficiência e desempenho.

Mário Campos também defendeu a aliança entre a agricultura alimentar e a agricultura energética. E destacou a importância do setor na geração de empregos, responsável por mais de 160 mil postos de trabalho no Estado, 65% concentrados na região do Triângulo.

Segundo Mário, Minas Gerais é o terceiro maior produtor de cana do Brasil e o segundo produtor de açúcar, mas já ocupou o segundo lugar como produtor de etanol e hoje caiu para a terceira colocação. “O desafio é tornar o Estado cada vez mais atrativo”, disse.

Ele também abordou a questão da crise, mas mostrou-se esperançoso em uma reversão, lembrando que usinas que haviam falido em Canápolis e Capinópolis, municípios do Triângulo, foram adquiridas no ano passado por um grupo da Paraíba e outro de Goiás, gerando boa expectativa.

Representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), do Sistema Ocemg – Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais e prefeitos de municípios do Triângulo Mineiro também se mostraram otimistas quanto à superação da crise e ao sucesso do Megacana Tech Show.

Deputados também manifestam apoio

O presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), também manifestou-se entusiasmado. Segundo ele, o setor sucroenergético avançou muito, agregando valor com mecanização e tecnologia. Além disso, afirmou, a cana-de-açúcar é um produto “altamente ecológico e sustentável”.

O parlamentar comparou a cana, em Minas, aos poços de petróleo em outros estados, como o Rio de Janeiro.

“Bravos empresários e trabalhadores do setor estão fazendo a diferença, temos que valorizar nossos produtores”, disse. O parlamentar foi homenageado pela diretoria da Canacampo, "em reconhecimento ao seu trabalho em prol do setor".

O deputado Felipe Attiê (PTB) ressaltou que os produtores de cana-de-açúcar assim como as usinas são responsáveis por levar prosperidade a vários municípios.

Citou o exemplo de Capinópolis, onde o fechamento de usina fez cair a receita da prefeitura e aumentar o desemprego. Agora, porém, com a reabertura das usinas, novos empregos serão gerados e a cidade retomará o seu crescimento, acredita. 

Consulte resultado da reunião.