A preocupação com os prejuízos da renovação antecipada das concessões foi apontada como uma das prioridades da comissão na solenidade de lançamento
João Leite, que preside a comissão, frisou a necessidade da ALMG debater o assunto e propor soluções.
Deputados querem levar o debate sobre ferrovias mineiras a Brasília

Malha ferroviária vem definhando há mais de cinco décadas

Solenidade apresenta Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras, que pretende discutir concessões e ampliar rede.

14/06/2018 - 12:38

Deputados e representantes da sociedade civil reforçaram a importância de se pressionar o governo federal, que anunciou a renovação antecipada das concessões de ferrovias no País, pela reforma e ampliação desse tipo de transporte.

O alerta foi feito em solenidade nesta quinta-feira (14/6/18) para a apresentação formal da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Criada pela Mesa no último dia 5, a comissão tem como presidente o deputado João Leite (PSDB). Ele explicou que debate público realizado em 2017 sobre o transporte de cargas e passageiros em ferrovias deixou clara a necessidade de se criar uma representação oficial na ALMG para debater o assunto e propor soluções.

Essa será, segundo o parlamentar, a função da comissão, que deverá colher informações e dados para subsidiar ações políticas em prol da ampliação do uso desse tipo de transporte.

“Se não agirmos agora, só teremos outra chance como essa daqui a 40 anos”, disse João Leite, em referência ao anúncio do governo federal, que pretende renovar as concessões atuais por mais quatro décadas.

A renovação seria feita de forma antecipada, já que os contratos ainda não estão vencidos, para, ainda de acordo com anúncio oficial do governo federal, aumentar os investimentos. Por isso, os deputados e convidados presentes acreditam que esse é um bom momento para pressionar pela ampliação de rede mineira.

Malha ferroviária brasileira é menos da metade do que era na década de 1960

Os dados apresentados demonstram que a rede ferroviária vem sendo abandonada e sucateada desde a década de 1960. De acordo com André Tenuta, da ONG Trem e do Instituto Cidades, nessa época, o País contava com 40 mil quilômetros de ferrovias e hoje só estariam em funcionamento 15 mil quilômetros.

Ele disse também que não são necessários apenas investimentos para ampliar a malha, mas também é preciso melhorar as tecnologias utilizadas.

“Enquanto outros países estão discutindo e implantando o trem-bala, no Brasil nossos trens andam a 15 km/h”, afirmou.

Os parlamentares lembraram da greve dos caminhoneiros, que recentemente dificultou a mobilidade das pessoas e o transporte de cargas em todo o País, para ressaltar que é fundamental diversificar os meios de transporte.

A deputada Marília Campos (PT), vice-presidenta da comissão, também defendeu grandes investimentos na Região Metropolitana de Belo Horizonte para transporte de passageiros. “Não é só em ganhos econômicos que temos que pensar, mas também em melhoria de qualidade de vida para as pessoas”, disse.

Durante a solenidade, o 2º-vice-presidente da ALMG, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), representou o presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (MDB), e salientou o apoio à recuperação e ampliação da malha ferroviária mineira.

Ele disse, ainda, que a comissão vai realizar,  até o fim do ano, quando as atividades da comissão extraordinária devem ser encerradas, uma série de atividades em conjunto com comissões temáticas da Casa com as quais tenha afinidade de assuntos.

Requerimentos pedem reuniões para discutir usos do trem

Ao fim do encontro, a comissão realizou reunião ordinária para votação de requerimentos e alguns pedidos já foram aprovados.

O deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), em conjunto com a deputada Marília Campos, solicitou visita técnica à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para verificar a possibilidade de realização de audiências públicas desse órgão em Minas Gerais, visando assim garantir recursos e novos investimentos no Estado.

Celinho do Sinttrocel também pediu audiência pública para debater o transporte ferroviário de cargas e de passageiros no Vale do Aço e visita técnica ao trecho mineiro da ferrovia que liga Vitória (ES) a Belo Horizonte.

Já o deputado Dirceu Ribeiro (Pode) solicitou audiência pública em Ubá (Mata) para discutir o transporte de cargas e de passageiros na região e seus impactos sobre o polo moveleiro do município.

Por fim, a deputada Marília Campos solicitou ainda audiência com convidados para tratar do uso do transporte ferroviário na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Consulte o resultado da reunião.