Objetivo da iniciativa é auxiliar na construção de um plano estadual para a área
Plano a ser construído vai pautar Executivo na consolidação de objetivos previstos em norma existente

ALMG vai promover fórum sobre população em situação de rua

Primeira reunião da comissão organizadora do evento foi realizada nesta quinta-feira (5).

05/10/2017 - 19:32

Uma política voltada para a população em situação de rua que extrapole o caráter assistencial. Esse é o anseio dos representantes da sociedade civil que participaram da primeira reunião de preparação do fórum técnico que pretende auxiliar na construção do plano estadual para a área. O encontro realizado nesta quinta-feira (5/10/17), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), contou ainda com a participação do deputado André Quintão (PT) e de membros da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, dentre outros agentes públicos.

Para os movimentos sociais, já há importantes diretrizes estabelecidas por normas federal e estadual. No entanto, reforçam que é preciso colocar em prática medidas efetivas para garantir serviços e direitos a essa população que ultrapassem os já prestados, como o abrigamento. Eles esperam que, após os debates e as propostas entregues pelo fórum, o Executivo apresente um cronograma de ações e implemente políticas de habitação que transformem a realidade de quem vive nas ruas.

De acordo com André Quintão, os cortes no orçamento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) têm agravado a situação desses grupos, além de terem contribuído para aumentar o número de pessoas em condições de vulnerabilidade. Por isso, ele disse acreditar que o plano é uma forma de assegurar, no Estado, a continuidade e o aperfeiçoamento dessas políticas, que já sofrem os reflexos das dificuldades financeiras do País.

Propostas – Nesse primeiro encontro, o deputado ouviu sugestões dos participantes sobre os temas e as abordagens que devem compor o escopo de trabalho durante a realização do evento, que contará com etapa de interiorização.

Uma das preocupações ressaltadas foi a necessidade de atendimento individualizado, que abarque as particulares dos grupos em relação ao contexto territorial e econômico.

Outra proposta a ser reforçada é a promoção de campanha de conscientização a fim de desconstruir o preconceito e a indiferença com os quais essas pessoas ainda são vistas pela sociedade.

A participação de conselhos estaduais e municipais na construção do plano e o envolvimento dos municípios que são, em geral, responsáveis pela implementação dessas iniciativas também foram lembrados. Por fim, apontaram a criação de mecanismos de monitoramento da execução das ações como indispensável para dar efetividade às políticas.

População de rua – O Decreto 7.053, de 2009, que instituiu a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento considera como tal “o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporária ou como moradia provisória”.

A Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), em parceria com a Pastoral do Povo da Rua, realizou pesquisa, em 222 dos 853 municípios mineiros, para coletar informações sobre as pessoas que vivem nas ruas.

De acordo com o estudo feito em 2010, quase 85% dessas são do sexo masculino e aproximadamente 60% se declararam negros, pardos ou “morenos”. Cerca de 50% desses estão na rua há mais de seis anos; 35% há mais de 10. Em geral, vivem solitárias: 81,8% não têm companheiro, embora 73,4% afirmem ter parentes no Estado.

Legislação estadual - A Política Estadual para a População de Rua foi criada em 2013, com a aprovação da Lei 20.846, pela Assembleia de Minas. O plano a ser construído vai pautar o Executivo na consolidação dos objetivos previstos na norma como assegurar à população em situação de rua o acesso aos serviços e programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda.