No programa, o cartunista Ziraldo conta sobre sua infância e sua trajetória profissional

TV Assembleia entrevista o cartunista mineiro Ziraldo

Programa vai ao ar neste sábado (7), às 20h, e conta a história de um dos ícones da literatura infantil brasileira.

04/10/2017 - 11:12

Ainda na década de 1940, quando a revista Herói promoveu uma enquete entre seus leitores perguntando “O que você quer ser quando crescer?”, o filho de dona Zizinha e do seu Geraldo respondeu com a segurança que só uma criança pode ter: desenhista. Centro e trinta livros depois e milhares de charges estampadas em O Pasquim e nos principais jornais do País atestam que Ziraldo já havia traçado o seu futuro quando ainda morava no Lajão, como era conhecida a cidade de Conselheiro Pena, no Vale do Rio Doce, onde passou parte da infância. A história de um dos principais escritores brasileiros de livros infantis está contada no Memória & Poder da TV Assembleia, que estreia neste sábado (7/10/17), às 20 horas.

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Natural de Caratinga (Vale do Rio Doce), Ziraldo cresceu numa casa repleta de livros e onde era permitido até desenhar nas paredes. “Fui muito amado por minha mãe e pelo meu pai, num tempo em que pai não acarinhava filho”, comenta. Segundo o escritor, é possível que esteja aí a inspiração para seu livro mais famoso, “O Menino Maluqinho”, de 1980. “É um livro sobre um tema universal, o afeto. Ele não era um menino maluquinho, era um menino feliz. Se quando você é criança e se sente amado, é muito grande a chance de ser um adulto legal”, conta. 

A carreira de Ziraldo começou em agências de publicidade no Rio de Janeiro, onde desenvolveu o traço. A primeira história de sucesso veio com a “Turma do Pererê”, publicada narevista O Cruzeiro, entre 1960 e 1964. “Foi a primeira revista em quadrinhos inteiramente colorida no Brasil”, relembra. O gibi chegou a vender 120 mil exemplares por mês e foi encerrado em 31 de março de 1964, véspera do Golpe Militar, dia que Ziraldo considera o mais triste de sua vida.

Charge - Autor de personagens famosos como "Jeremias – O Bom", a "Supermãe" e o "Mineirinho - O Comequieto", Ziraldo também se destacou na charge política. Foram 30 anos publicando periodicamente na Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil e O Globo. O reconhecimento do público veio com O Pasquim, no fim dos anos 1960 e na década de 1970. “Foi uma aventura fantástica. Era o crème de la créme do jornalismo”, considera Ziraldo, citando os colegas de redação Millôr Fernandes, a quem chama de “guru”, Ivan Lessa, Paulo Francis, Fortuna e Jaguar.

Depois de fracassos editoriais, como a revista Palavra, inteiramente editada em Belo Horizonte, e da revista Bundas, uma tentativa de reviver os tempos de O Pasquim, Ziraldo hoje se dedica apenas aos livros infantis. Na série mais recente, ele cria histórias de crianças para cada um dos planetas do sistema solar. Segundo ele, ainda faltam três livros para terminar. “É uma forma de enganar o tempo. Me pedem para tirar férias, mas eu só descanso aqui”, diz o escritor, apontando para a prancheta.

Reprises - o programa será reprisado no domingo (8), às 15h30, na segunda-feira (9), à meia-noite, e na terça-feira (10), às 21 horas.