Assunto foi debatido em audiência conjunta das Comissões Segurança Pública e de Agropecuária e Agroindústria
Roberta Lima destacou pacto interestadual pela segurança

Estado terá sistema para melhorar a segurança no campo

Criação de rede para codificação e localização de fazendas foi prometida em reunião sobre a criminalidade na zona rural.

20/06/2017 - 20:44

A criação, pelo Estado, de uma rede de proprietários rurais, que consistirá no cadastramento das propriedades com a geração de um código para cada fazenda, foi anunciada nesta terça-feira (20/6/17) como instrumento para melhorar da segurança no campo. “Esse código fará parte de um software, que estará acessível a todos os policiais por meio de GPS, tablets e smartphones. Ou seja, a polícia poderá consultar e receber as coordenadas geográficas de todas as propriedades, o que facilitará demais o trabalho”, explicou o diretor de Apoio Operacional da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel PM Geovani Gomes da Silva.

Ele participou de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada em conjunto pelas Comissões de Segurança Pública e de Agropecuária e Agroindústria, para debater soluções para a insegurança nas zonas rurais de Minas. Discorrendo sobre esforços feitos pela polícia para prender criminosos e prevenir ocorrências, o coronel frisou que hoje a corporação tem 43 mil policiais, formados, na ativa e reconvocados.

“A meta do comando atual é de ter todos os destacamentos de Minas com um mínimo de oito policiais, número que será atingido mediante reformulação das missões administrativas e acreditamos que alcançaremos isso em dezembro deste ano”, prometeu, após ouvir críticas de deputados e produtores rurais quanto à sensação de medo e ao avanço da criminalidade que, segundo eles, tem alterado a rotina no campo.

“Hoje não durmo mais na minha propriedade, no quarto em que nasci”, desabafou o produtor e vereador em Baldim (Região Metropolitana de Belo Horizonte), Arnaldo José da Silva. Ele disse ter se impressionado com histórias como a de um produtor rural de 90 anos que recentemente foi parar no hospital após ter sido agredido por bandidos em sua propriedade, na zona rural de Baldim. 

Já o produtor Jershon Ayres de Morais, representante do Sindicato Rural de Viçosa (Zona da Mata), centrou sua fala na dificuldade que o produtor, segundo ele isolado no campo, encontra para se proteger. “Não queremos ser desequilibrados na defesa da luta armada. Mas o Estado nos abandonou e estamos entregando tudo o que temos aos bandidos e ninguém faz nada por nós”, criticou ele ao defender a posse de arma no campo, conforme permite a lei. 

Educação para a segurança - Representante da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Altino Rodrigues, anunciou que a entidade contratou uma empresa de consultoria para auxiliar na elaboração de um plano de ação para a melhoria da segurança no campo. “Será um plano muito baseado na educação para a segurança, hoje a maior demanda que chega à federação”, adiantou Altino.

Por sua vez, o assessor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Rômulo Luiz Campos, ponderou que deve haver a priorização, pelo Estado, de ações e políticas públicas voltadas para a inclusão de jovens, a geração de emprego e a melhoria da educação, que, no seu entendimento, contribuiriam para reduzir a criminalidade.

Secretaria aponta queda da criminalidade

Apesar dos relatos, a superintendente de Integração e Planejamento Operacional da Secretaria de Estado de Segurança Pública, Roberta Lima, disse que a criminalidade no campo não estaria aumentando. Ela admitiu, contudo, que a migração dos criminosos dificulta a ação da polícia e disse que muitas quadrilhas que estão no interior seriam, inclusive, de outros estados.

“Mas não estamos parados. De acordo com o último diagnóstico de criminalidade, tivemos diminuição de 5% nos primeiros seis meses deste ano em relação ao ano de 2016 e isso já nos traz algum alento”, considerou. O diagnóstico, segundo Roberta, mostrou que nos primeiros meses deste ano houve redução em furto e roubos a rebanho.

Ela também falou da iniciativa de um pacto integrador interestadual, com outros 16 estados, com o objetivo de planejar ações integradas de segurança pública. 

Deputados cobram mais recursos

Frisando que o tema da insegurança no campo tem sido recorrente, o presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PDT), cobrou que as medidas do Governo do Estado sejam mais concretas e criticou cortes de recursos que estariam ocorrendo na área da segurança em Minas.

Segundo o deputado, somente em custeio foram retirados da Polícia Militar R$ 223 milhões entre 2014 e 2016, tendo os investimentos da Polícia Civil caído de R$ 32 milhões em 2014 para R$ 1 milhão e 800 mil no ano passado. “Ou seja, está faltando o feijão com arroz, que na segurança significam efetivo e logística”, condenou ele.

O presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria, deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), alertou especialmente para a proximidade da época de colheita do café, o que, segundo ele, aumenta os riscos de roubos nas regiões produtoras.

Integração - Autor do requerimento da audiência, o deputado Roberto Andrade (PSB) defendeu o envolvimento das polícias ambiental e rodoviária do Estado também no patrulhamento rural, de forma articulada e transparente tendo em vista as funções distintas de cada esfera. Alertou, ainda, para a necessidade de medidas urgentes ao dizer que os pequenos fazendeiros tem sido os mais prejudicados.

Já o deputado Fabiano Tolentino (PPS) defendeu que se tenha um olhar diferenciado para com a realidade do produtor rural, que não tem vizinhos e vive isolado muitas vezes, o que segundo ressaltou acaba por atrair a criminalidade. 

O deputado Emidinho Madeira (PSB) defendeu, por sua vez, que os produtores e a população atuem em parceria com a polícia.

Consulte o resultado da reunião.