José Gregori, ativista na área de direitos humanos, foi ministro do governo Fernando Henrique Cardoso

Memória & Poder estreia programa com José Gregori

Jurista e político paulista pioneiro na defesa dos direitos humanos é o entrevistado do programa da TV ALMG.

26/05/2017 - 10:51

“A política ainda não comprou a ideia dos direitos humanos. Por analogia, a sociedade também não”. A afirmação é de um dos pioneiros na defesa dos direitos humanos no Brasil, o jurista e político paulista José Gregori. Ele é o entrevistado do próximo Memória & Poder, que estreia neste sábado (27/5/17), às 20 horas, na TV Assembleia.

Confira a sintonia da TV Assembleia na sua cidade.
Veja outros vídeos do programa Memória & Poder.

Aos 86 anos e ainda atuante no cenário político brasileiro, Gregori foi ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso e Secretário Nacional de Direitos Humanos.

Apesar de reconhecer avanços, sobretudo nas políticas em defesa das crianças, mulheres e idosos, ele vê o País dando os primeiros passos em um longo caminho de combate ao racismo, à intolerância de gênero e à desigualdade econômica.

“Mas ouso pensar que a contabilidade que se faz em matéria de direitos humanos é uma pouco mais elástica do que nos outros temas. Porque as dificuldades são maiores e porque temos de mexer com as pessoas. E não do ponto de vista de atitude apenas, mas de sentimento. É preciso fazê-las sentir que o fato de respeitar o outro não é uma exigência da lei, mas algo que a nossa natureza deve reconhecer”, afirma.

Jurista atuou em favor de desaparecidos políticos

Gregori foi uma figura atuante na defesa dos direitos dos presos políticos durante o regime militar. Por uma década (1972-82), foi presidente da Comissão de Justiça e Paz, fundada pelo arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns, e considerada um refúgio aos que se opunham à ditadura.

Anos depois, fez parte da Comissão da Verdade e foi co-autor da Lei dos Desaparecidos Políticos. “Esta lei é o meu cartão de visitas. Mexemos em um assunto que era tabu, sem sentimento de revanchismo ou vingança. Apenas para reparar injustiças cometidas pelo Estado brasileiro”.

No programa, Gregori recorda a experiência de ter vivenciado momentos importantes da História brasileira, como o suicídio de Getúlio Vargas - do qual era oposicionista: “Ao ver a comoção que a morte do presidente causou nas camadas mais populares, percebi que errei a pontaria, lutei do lado contrário ao povo”, avalia.

Ele aborda, ainda, a noite do Golpe de 1964, a qual passou em pleno Palácio das Laranjeiras, residência do presidente João Goulart. “Era a sede de um governo em desmoronamento. De forma que o golpe veio sem que se esboçasse reação”, testemunha.

Reprises - Esta edição do programa será reprisada no domingo (28), às 15h30; na segunda-feira (29), à meia-noite; e na terça-feira (31), às 21 horas.