Centrais sindicais convocam para greve nesta sexta (28)
Na ALMG, senador Paulo Paim declara acreditar que reformas previdenciária e trabalhista podem ser barradas.
27/04/2017 - 19:07A convocação para a greve geral desta sexta-feira (28/4/17), contra as reformas da previdência e trabalhista propostas pelo governo Michel Temer, marcou a reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) desta quinta-feira (27/4/17).
Solicitada pelos deputados Celinho do Sinttrocel (PCdoB) e Rogério Correia (PT) e pela deputada Marília Campos (PT), a reunião teve como objetivo debater a proposta de reforma da previdência em tramitação no Congresso Nacional.
O principal convidado foi o senador Paulo Paim (PT-RS), que leu uma carta com duras críticas às reformas trabalhista e previdenciária em tramitação no Congresso Nacional. Segundo a carta, “a reforma trabalhista vai promover o esmagamento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e da própria justiça trabalhista, aprofundando a desigualdade social”.
Em relação à reforma da Previdência, a carta diz que tal proposta só interessa ao mercado financeiro e, não à toa, é rejeitada pela população brasileira. Ao final da leitura, Paim revelou que o autor da carta é o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Isso é para mostrar que não estamos derrotados. Mesmo a reforma trabalhista não tem garantia de que passe no Senado, mas isso só vai acontecer se pararmos o País nesta sexta-feira (28)”, avaliou o senador.
“A greve geral será o primeiro grande momento de enfrentamento deste governo imoral e ilegítimo”, continuou Paulo Paim. O senador também considerou o presidente Michel Temer covarde “por tentar humilhar os mais humildes”.
Centrais sindicais se posicionam contra as reformas
Representantes de várias centrais sindicais convocaram os trabalhadores a aderirem à greve geral e se posicionaram contra as reformas.
Jairo Nogueira Filho, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), deu um panorama da perspectiva de paralisação por categorias. Segundo ele, com a paralisação dos aeroviários, serão cancelados os voos desta sexta-feira (28). Também vão parar funcionários dos Correios, rodoviários e metroviários, entre outras categorias.
Oraldo Paiva, da Central Sindical e Popular (CSP Conlutas), disse que, pela primeira vez, foi possível unificar todo o movimento sindical contra as propostas federais. “Amanhã é o dia das nossas vidas. Temos tudo para fazer a maior greve geral da história do País”, comemorou.
Robson de Souza, da Federação dos Aposentados e Pensionistas de Minas Gerais, reforçou que a previdência nunca foi deficitária. “Foram retirados 30% dos recursos da previdência por meio da Desvinculação das Receitas da União (DRU)”, denunciou.
Gilson Reis, vereador de Belo Horizonte, declarou que “se o governo Temer está radicalizando, a radicalização tem que vir do lado de cá”. Na sua opinião, a atual geração tem que honrar a memória dos que lutaram por conquistas de que a sociedade se beneficia hoje. “Temos a responsabilidade de não permitir nenhum retrocesso civilizatório”, concluiu.
A procuradora do Trabalho Adriana de Souza destacou que a posição do Ministério Público do Trabalho é de respeito ao direito de greve do trabalhador. Ela ressaltou que o órgão vai paralisar as atividades nesta sexta (28) e não vai adotar nenhuma medida que impeça a greve, já que as reformas colocadas, especialmente a trabalhista, afrontariam a Constituição Federal.
Deputados apoiam paralisação
Logo no início da reunião, o deputado Celinho do Sinttrocel pediu um minuto de silêncio em protesto contra a aprovação da reforma trabalhista na Câmara dos Deputados, considerada por ele um crime contra o povo brasileiro. Ele defendeu a instalação no Senado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência. “Aí vamos saber para onde estão indo os recursos da Previdência”, disse.
O deputado Doutor Jean Freire (PT) informou que nesta sexta-feira (28) estará em Itaobim (Vale do Jequitinhonha), para protestar na BR-116. “Este momento tem que dar frutos. Temos que ir à prática, com cada um fazendo sua parte, chamando para a greve na sua rua, no seu bairro”, defendeu.
O deputado Geraldo Pimenta (PCdoB), por sua vez, garantiu estar junto do povo brasileiro “contra o desmonte proposto pelo governo federal”.