Na reunião, foi destacada a necessidade de não haver competição do Aeroporto da Pampulha com o de Confins, para não atrapalhar a conectividade de BH
Moradores da Pampulha protestaram contra o retorno dos grandes jatos ao aeroporto

Retorno de grandes jatos à Pampulha gera controvérsia

Participantes de audiência pública criticam impactos ambientais e risco para a conectividade dos voos de Confins.

25/04/2017 - 15:43 - Atualizado em 25/04/2017 - 16:32

A retomada de voos comerciais de grande porte no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, foi rechaçada pela maior parte dos participantes de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (25/4/17).

Durante a reunião, os principais argumentos utilizados foram relacionados à necessidade de não gerar competição com o Aeroporto Internacional de Confins. Evitar isso seria importante para não atrapalhar a conectividade de Belo Horizonte com a malha aérea nacional e internacional e, ainda, para garantir a segurança jurídica dos investidores da concessionária que administra Confins.

Paulo Cesar Rangel, diretor-presidente da BH Airport, concessionária do Aeroporto de Confins, criticou a possibilidade de transferência de voos do terminal. “Se soubéssemos que o Aeroporto da Pampulha seria reaberto pouco tempo depois, não teríamos entrado no leilão”, afirmou.

Para ele, a competição entre os dois terminais seria predatória. Ele citou estudos que indicam que os dois aeroportos dividem o mesmo espaço de captação de passageiros. Por fim, destacou que as passagens, segundo tais estudos, devem aumentar de preço e que a possibilidade de aumentar as conexões entre voos deve ser reduzida em Confins diante da reabertura da Pampulha.

Melhorias em Confins - Para confirmar as melhoras obtidas diante da concessão do Aeroporto de Confins, o diretor de Planejamento e Alianças da Azul Linhas Aéreas, Marcelo Bento Ribeiro, afirmou que o tempo de conexão de Confins é hoje um dos menores do Brasil.

“Nós inauguramos um voo direto para Buenos Aires e, três meses depois, passamos a ter dois horários diários. Essa mesma rota tinha sido abandonada um ano antes por uma companhia argentina por falta de conectividade”, disse Ribeiro.

Ele lembrou, ainda, que a Azul operava voos regionais a partir da Pampulha, mas agora concentra tudo em Confins. “As operações eram deficitárias, já que os voos regionais precisam também de conectividade”, ressaltou.

Impactos ambientais - Os moradores da Pampulha também se manifestaram contra o retorno dos grandes jatos. O representante da Associação dos Moradores do Bairro Jaraguá, Rogério Carneiro de Miranda, lembrou que é preciso considerar os impactos ambientais. Segundo ele, no entorno do aeroporto moram 160 mil pessoas, que seriam diretamente prejudicadas pela poluição sonora.

“A Infraero (que administra o Aeroporto da Pampulha) vai ganhar dinheiro com a volta dos voos. As empresas, os taxistas, os donos de restaurantes: todos vão ganhar. Mas o impacto ambiental será socializado”, criticou.

Pampulha e Confins seriam complementares

Quem se posicionou favoravelmente à retomada dos voos na Pampulha defendeu que não haverá competição entre os dois aeroportos, e sim complementaridade. O superintendente do Aeroporto da Pampulha, Mário Jorge de Oliveira, ressaltou que as exigências de segurança da Agência Nacional de Aviação (Anac) têm sido cumpridas.

Ele salientou, ainda, que o Aeroporto da Pampulha pode receber aviões do porte do Boeing 737. “Não estamos buscando conexões internacionais. Confins continuará sendo o principal aeroporto”, destacou, complementando que três companhias aéreas já manifestaram interesse em operar no terminal. Oliveira explicou que o plano é manter no máximo três voos por hora e não funcionar no período noturno.

Também defendeu essa posição o secretário adjunto municipal de Desenvolvimento Econômico de Belo Horizonte, Bruno Miranda. Para ele, não se pode defender de forma incondicional a concessão que hoje administra Confins. “Precisamos conversar com moradores, comerciantes e usuários dos dois aeroportos”, defendeu.

Deputados são contra retomada do Aeroporto da Pampulha

Os parlamentares presentes se posicionaram contrários à proposta de reativação do Aeroporto da Pampulha. “É preciso respeitar os investidores, que geram emprego, renda e impostos”, afirmou o deputado Roberto Andrade (PSB), referindo-se à concessionária BH Airport. Ele ressalvou que é preciso avaliar os possíveis impactos dessa medida, especialmente para o turismo de eventos.

Já o deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) salientou que o Aeroporto de Confins é parte de um projeto maior de desenvolvimento do vetor norte da Capital, ao lado de outros investimentos, como a Cidade Administrativa. “Não podemos dar marcha a ré nesse processo”.

Os deputados João Leite e Gustavo Valadares, ambos do PSDB, defenderam a mesma posição. “O que precisamos é ter visão mais progressista do que revanchista, que é a que o governo tem adotado nessa tentativa do desconstruir o que foi feito pela administração anterior”, criticou Gustavo Valadares.

Já o deputado Sargento Rodrigues (PDT) ressaltou que a Pampulha é uma área urbanizada com grande população e que seria arriscado permitir o retorno dos grandes jatos. “Não é a primeira vez que discutimos isso em audiência. Temos que avançar, esquecer isso que já está decidido e debater educação, saúde e outros assuntos”, completou o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

Consulte o resultado da reunião.