Última etapa regional do fórum técnico sobre startups foi realizada na Unimontes
Luiz Fernando destacou a importância da segurança jurídica

ALMG divulga exemplos de empreendedorismo em Montes Claros

Fórum técnico sobre startups reúne empreendedores locais, como cirurgião que se prepara para lançar novo negócio.

04/11/2016 - 16:33 - Atualizado em 04/11/2016 - 16:57

Nascido em Montes Claros, Norte de Minas, o médico cirurgião Luiz Fernando Veloso foi até mesmo à França para se tornar um especialista em transplante de fígado e rins. Fiel à sua terra, ele atua hoje na Santa Casa local e é reconhecido na região pela excelência em sua área de atuação: salvar vidas. Mas, contagiado pelo vírus do empreendedorismo, em vez de colher os louros, resolveu sair da zona de conforto e se prepara para abrir uma startup.

Nesta sexta-feira (4/11/16), ele foi um dos participantes da última etapa regional do Fórum Técnico Startups em Minas - A Construção de uma Nova Política Pública, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com instituições do poder público e da sociedade civil. As discussões aconteceram nas dependências da Unimontes. Outras três cidades mineiras já sediaram o evento.

Em meio às discussões, umas das primeiras lições é justamente o que fez Luiz Fernando: sair da zona de conforto e correr riscos atrás de uma boa ideia. Não à toa, startups são organizações projetadas para explorar novos produtos ou serviços, sob condições de extrema incerteza mercadológica.

A ideia parece promissora, surgida da própria rotina. Todo mundo sabe que médico é um profissional bastante ocupado e a futura startup pretende atuar para tentar amenizar esse problema. O plano é criar uma plataforma que ajude as pessoas a gerenciar melhor o tempo gasto com atividades rotineiras, mas indispensáveis, como fazer as compras do mês. Essas necessidades serão automatizadas, sem que isso represente uma experiência menos individualizada.

Conforto – “Queremos trazer mais conforto para a vida das pessoas. Se um médico não tem tempo para coisas assim, imagine um médico casado com uma médica”, brinca Luiz Fernando. Aliás, Conforto é justamente o nome escolhido para a futura startup. Uma equipe já cuida da parte tecnológica do novo negócio, mas ele resolveu participar do fórum técnico da ALMG para entender melhor o ecossistema do setor.

Luiz Fernando ressalta que a experiência de outros empreendedores pode ser um atalho para o sucesso. “Vim aqui aprender quais passos preciso dar. Precisamos de segurança jurídica para atuar”, diz.

Legislação – Nesse aspecto, o objetivo do fórum é colher sugestões da sociedade para a criação de uma política estadual de estímulo ao desenvolvimento das startups, expressa no novo marco legal proposto pelo Projeto de Lei (PL) 3.578/16, de autoria dos deputados Antônio Carlos Arantes e Dalmo Ribeiro Silva, ambos do PSDB.

Em Montes Claros, após um painel de contextualização com especialistas no setor, os participantes se dividiram em três grupos de trabalho que revisaram e aprovaram o documento de propostas, incluindo algumas inéditas, e elegeram os representantes regionais para a etapa final, que acontecerá na ALMG, entre 23 e 25 de novembro.

Empreendedores relatam entraves e dão conselhos

O destaque na abertura das discussões foi a apresentação de algumas startups que, apesar das dificuldades, vêm dando certo no Norte de Minas. É o caso da AgroWet, que faz o monitoramento remoto da irrigação em propriedades rurais; da Advogar, que amplia o acesso de advogados às publicações jurídicas; e da Entregar, que conecta motoboys a estabelecimentos do ramo alimentício.

Em cada uma delas, entraves, sucessos e conselhos. O desenvolvedor da AgroWet, Lucas Teixeira Moura Soares, reclama da alta tributação, sobretudo em componentes importados, e da dificuldade no registro de patentes. Para superá-los, a empresa tem contado com a ajuda de uma incubadora.

Já o CEO da Embratec, desenvolvedora da Advogar, Rômulo Gomes Lima, uma startup não precisa de um grande centro para florescer, embora a burocracia seja um entrave em todo o País. “Sou de Varzelândia (Norte de Minas) e já temos mais de 20 mil clientes em todo o Brasil. A cultura empreendedora muitas vezes nasce com a pessoa, mas é possível desenvolvê-la. O ensino do empreendedorismo precisa recuar até o ensino médio”, receita.

O fundador do Entregar, Maycon Willer Ribeiro Machado, aconselha o futuro empreendedor a desistir da ilusão de ficar rico da noite para o dia. “A startup é a nova onda do momento. Mas, o ecossistema não facilita, o glamour acaba logo e o dia a dia é árduo”, alerta.

Consenso – O deputado Antônio Carlos Arantes coordenou os trabalhos e leu a mensagem enviada pelo presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (PMDB), na qual ele considera as startups uma alternativa viável para enfrentar a atual crise econômica. “A necessidade desse projeto é consensual e tem tudo para dar certo”, destacou.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva também elogiou a interiorização das discussões e convidou todos a participar da etapa estadual. “Esse debate pode resultar na eliminação de gargalos como a redução da carga tributária”, avalia.

Já o deputado Gil Pereira (PP) lembrou que Minas Gerais tem conseguido unir empreendedorismo e inovação tanto em iniciativas limitadas, como nas startups, ou ambiciosas, como a exploração da energia solar em escala industrial. Segundo ele, a construção de uma planta de energia fotovoltaica em Pirapora (Norte de Minas) pode, no futuro, criar condições para outras ações de pequenos empreendedores no ramo da energia sustentável.