A audiência pública seria sobre a situação das cadeias produtivas do café, leite e queijo artesanal, mas o tema da insegurança no campo acabou prevalecendo
Arnaldo Pereira Júnior alertou que as vítimas deixam de levar as informações à polícia

Produtores rurais de Campos Altos pedem segurança no campo

Subnotificação de crimes, baixo efetivo policial e fechamento de cadeia foram problemas apontados em audiência pública.

22/09/2016 - 13:31

A segurança na área rural foi o principal tema discutido na audiência pública da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) desta quinta-feira (22/9/16). A reunião foi realizada em Campos Altos (Alto Paranaíba), atendendo a requerimento do presidente da comissão, deputado Fabiano Tolentino (PPS). A insegurança no município acabou dominando a pauta da reunião, que deveria discutir as cadeias produtivas do café, leite e queijo artesanal.

De acordo com informações da Polícia Militar, foram registrados, entre janeiro e agosto deste ano, 188 furtos na área urbana do município e 33 na área rural. Mas, para o comandante do 37º Batalhão da PM, em Araxá (Alto Paranaíba), o tenente-coronel Arnaldo Pereira Júnior, os números estão subnotificados. “Há uma descrença na capacidade do Estado de dar vazão às demandas da sociedade. Então, as vítimas deixam de levar as informações à polícia”, lamentou.

O oficial orientou os presentes a não deixarem de registrar os boletins de ocorrência porque, na avaliação dele, só diante dessas estatísticas será possível planejar ações de repressão e solicitar novas viaturas e o aumento de efetivo. "A probabilidade de recuperarmos os bens roubados é pequena, mas podemos, por meio dos dados, identificar rotinas e pessoas que tem cometido crimes”, analisou.

Armas - Outro assunto abordado pelo tenente-coronel foi o Estatuto do Desarmamento (Lei Federal 10.826, de 2003), frequentemente apontado como um problema pelos produtores rurais, que alegam não poderem se armar para se proteger.

O representante da PM advertiu que o fator surpresa está sempre ao lado daqueles que cometem crimes e, por isso, a defesa com arma de fogo torna-se mais difícil. Ele lembrou, ainda, que os criminosos tendem a ficar mais violentos diante de uma vítima armada.

Assim, concluiu que o essencial é equipar o poder público para responder às demandas de segurança. Nesse ponto, sem revelar números, ele reconheceu que o efetivo na cidade é pequeno e isso faz com que seja impossível manter plantões de 24 horas. Nessa linha, admitiu que isso pode deixar realmente o município inseguro em alguns momentos, especialmente nos fins de semana e à noite.

Sem cadeia, presos em flagrante são levados para Araxá

Outro destaque nas discussões da audiência pública foi para o transtorno gerado pelo recente fechamento da cadeia local, o que faz com que presos em flagrante tenham que ser levados até Araxá.

O tenente-coronel Arnaldo Júnior lembrou, ainda, que não há na cidade centro de internação para menores infratores e destacou que é preciso também instalar centros de tratamento para usuários de drogas. “Muitas pessoas têm cometido crimes só para sustentar seus vícios”, pontuou.

Na sequência das discussões, o delegado da Polícia Civil Vinícius Ramalho Lima também destacou a importância de sempre registrar os crimes ocorridos e adiantou que a região vai receber um novo investigador ainda este ano.

Já o 2º sargento do 4º Pelotão de Bombeiro Militar, Pablo Campos Siqueira, incentivou os produtores rurais a treinarem seus funcionários no combate a incêndios e a adquirirem abafadores, equipamento utilizado contra queimadas, problema recorrente na região.

O deputado Fabiano Tolentino classificou a reunião como proveitosa e reforçou a necessidade de mais investimentos do poder público nos equipamentos de segurança e no aumento do efetivo policial. Ele citou, ainda, concurso recente da PM, o que pode amenizar o problema, mas defendeu que deve ser feito pelo menos um concurso por ano, já que são necessários dois anos até que o policial esteja preparado para ir para o patrulhamento nas ruas.

Demandas – Ao fim da reunião, muitos dos presentes pediram a palavra para relatar outros problemas enfrentados pelos produtores rurais da região. Uma das questões mais citadas foi uma geada recente que acarretou prejuízos para a lavoura.

Consulte o resultado da reunião.