Durante a reunião foi lançada oficialmente a Câmara Minas Gerais – Israel de Comércio e Indústria
O cônsul Daniel Kolbar falou sobre os fatores que tornaram Israel um modelo em inovação
Segundo Luiz Fábio Cherem (à esquerda), a maior contribuição de Israel para Minas é na tecnologia de irrigação

Segurança cibernética e gestão da água unem Minas e Israel

Além de inovação tecnológica, turismo é outra frente para atuação de câmara de comércio instalada em reunião na ALMG.

23/08/2016 - 23:17

País jovem e pequeno em tamanho, fundado há 68 anos em território semelhante ao estado brasileiro de Sergipe, Israel, hoje modelo de inovação tecnológica, pode estreitar relações econômicas e industriais com Minas Gerais sobretudo em áreas como energia renovável, gestão das águas em atividades como mineração e agricultura, tecnologia em segurança cibernética e equipamentos médicos.

Foi o que vislumbrou o cônsul para Assuntos Econômicos da Embaixada de Israel no Brasil, Daniel Kolbar, ao participar, na noite desta terça-feira (23/8/16), de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico.

Durante a reunião, realizada no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), foi lançada oficialmente a Câmara Minas Gerais – Israel de Comércio e Indústria. Criada para estimular parcerias e estreitar vínculos comerciais, econômicos e industriais entre aquele país e o Estado, a câmara é composta por 50 conselheiros voluntários de diversos segmentos e sua instalação foi saudada por gestores públicos, parlamentares e representantes de entidades de classe.

Elogiando a organização das Olimpíadas no Rio de Janeiro e destacando o bom desempenho alcançado pelo Brasil na Olimpíada Internacional de Matemática, o cônsul disse que esses dois exemplos ilustram a importância de foco e planejamento para a conquista de avanços, o que, para ele, explica em parte porque Israel é modelo em inovação.

Aliado ao foco, ele citou a importância de uma conjugação de fatores presentes em Israel, como investimentos vultuosos, mão de obra qualificada, excelência dos centros de pesquisa e de transferência de tecnologia, aliada à cultura de seu país, onde aqueles que falham também são valorizados no processo de evolução.

O presidente da Câmara Israel-Minas, Marcos Brafman, por sua vez, destacou que a iniciativa de lançar essa instância de aproximação vem num momento oportuno para Minas. “A criatividade e a inovação são pontos fundamentais para superar dificuldades pelas quais o Brasil passa no momento, e criar um ambiente que favoreça novos negócios é importante para Minas, um Estado que tem um grande mercado potencial”, frisou ele, considerando que, em contrapartida, Minas pode incrementar exportações para Israel e se valer do turismo para atrair israelenses ao Estado.

Segundo Brafman, Israel investe mais de US$ 10 bilhões ao ano em inovação, ciência e tecnologia, montante equivalente a mais de 4% do produto interno bruto do país, que de 1980 para cá viu seu PIB per capita saltar de 5.600 dólares para 37 mil.

O resultado, disse ele, é que Israel, com apenas 8,5 milhões de habitantes, tem hoje a maior concentração de cientistas do mundo, 300 centros de pesquisa e, depois dos Estados Unidos, é o país que mais tem startups integrando a NASDAQ, a bolsa de valores especializada em empresas de tecnologia, vindo a ser conhecido como nação empreendedora.

Minas pode economizar com tecnologia de irrigação

Avaliando que já há uma relação comercial forte entre Minas e Israel, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Luiz Fábio Cherem, disse que os negócios acertados entre as duas partes em 2015 somam US$ 70 milhões de dólares, sendo 40 milhões em exportação de carne bovina de Minas para Israel e 27 milhões em diversos produtos israelenses importados pelo Estado, como equipamentos hospitalares e fertilizantes.

Quanto ao crescimento potencial das relações entre os dois, o secretário destacou especialmente a contribuição que Israel tem a dar ao Estado na área de tecnologia aplicada à irrigação, que no semi-árido israelense gerou uma economia de 20% no consumo de água. “Em Minas, essa economia pode chegar a 50% pois temos um semi-árido mais úmido do que o de Israel”, afirmou o secretário.

Ponto este que também foi destacado pelo presidente da comissão, deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), para quem Israel é exemplo mundial de produção com irrigação de grande precisão e tecnologia de reuso de água, o que pode vir a beneficiar especialmente regiões como o Norte de Minas.

Autor do requerimento da audiência, junto com o deputado João Leite (PSDB), Arantes avaliou que a Câmara traz novas frentes para ambas as partes. “A perspectiva agora é de estreitamento de parcerias, para focar em ações e aprendizagem”, registrou o deputado.

Também destacando o desenvolvimento de Israel em várias áreas, João Leite citou, entre outros, que o País detém 30% dos prêmios Nobel do mundo por se destacar em conhecimento e pesquisa. “Esse momento de aproximação é um marco nas relações entre Minas e Israel”, frisou o parlamentar, destacando o papel importante que segundo ele as lideranças judaicas de Minas tem na história do Estado.

Por sua vez, o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que preside a Frente Parlamentar da Indústria Mineira, considerou que a Câmara Israel-Minas poderá contribuir com o Legislativo na construção de um marco regulatório de startups em Minas, assunto que será tema de evento em preparação na ALMG.

Também compuseram a mesa de lançamento da Câmara o cônsul honorário de Israel em Minas Gerais, Silvio Musman; o diretor da Câmara Brasil-Israel, Daniel Tibor Fuchs; o presidente da Federação Israelita do Estado de Minas Gerais, Salvador Ohana; o assessor da presidência da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Fábio Veras de Souza; o secretário municipal interino de Desenvolvimento de Belo Horizonte, Leonardo Amaral Castro; o diretor da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMINAS), Silvio Soares Nazaré; e o presidente da Federação Israelita do Estado de Minas Gerais, Salvador Ohana.

Consulte o resultado da reunião.