Nova reunião entre os envolvidos inicialmente nas negociações foi agendada para a próxima quarta (22), na ALMG
Lacerda disse que os moradores da ocupação vivem um clima de grande instabilidade

ALMG vai intermediar negociações com ocupação na RMBH

Moradores de área da Ceasa, em Contagem, reivindicam cumprimento de acordo para reassentamento firmado no ano passado.

16/06/2016 - 14:13 - Atualizado em 22/06/2016 - 18:57

Moradores da Ocupação William Rosa, em Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte), reivindicaram, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o cumprimento de acordos firmados no último ano. No início da tarde desta quinta-feira (16/6/16), um grupo destacado entre os manifestantes foi recebido pelo presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (PMDB), e pela deputada Marília Campos e deputado Rogério Correia, ambos do PT, que sugeriram a reabertura da mesa de negociações.

Nova reunião para tratar do tema foi agendada para a próxima quarta (22), às 16 horas, na sede do Parlamento mineiro. A ocupação está em um terreno das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas), que é, desde outubro de 2013, uma empresa de economia mista controlada pelo governo federal.

O representante do grupo, Lacerda Santos, explicou que no ano passado houve intensas negociações que envolveram os governos federal, estadual e municipal. Teria sido decidido que os moradores poderiam ficar no local até que a prefeitura de Contagem doasse um novo terreno e o governo federal construísse unidades habitacionais por meio do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades. O governo estadual, por sua vez, daria auxílio-moradia às famílias enquanto as residências não fossem entregues. O Poder Judiciário, porém, não homologou o acordo.

De acordo com Lacerda Santos, as cerca de 1.800 pessoas que moram na Ocupação William Rosa vivem um clima de grande instabilidade e incerteza. As razões seriam a suspensão do Minha Casa, Minha Vida Entidades pelo governo interino de Michel Temer e uma nova ação de reintegração de posse, iniciada pelo Ceasa no último dia 31. “Enquanto alguns não têm onde morar, os deputados ganham esse auxílio-moradia. Não dá para aceitar isso”, disse Lacerda Santos, que também representa o Movimento Luta Popular.

Negociação - O deputado Adalclever Lopes informou que o Parlamento mineiro vai atuar como intermediário na nova rodada de negociações. Ele afirmou que entrou em contato com representantes do Ceasa e da Companhia de Habitação de Minas Gerais (Cohab), que confirmaram presença na reunião marcada no dia 22. A deputada Marília Campos pediu que também fossem convidados para o encontro representantes do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal.

Diante da preocupação dos moradores quanto a uma possível liminar que determinaria a reintegração de posse, Adalclever Lopes garantiu que vai entrar em contato com o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Pedro Carlos Bitencourt Marcondes, para solicitar que a decisão aguarde a próxima reunião.

Já o deputado Rogério Correia citou o Projeto de Lei 3.562/16, atualmente em tramitação no Legislativo estadual, que requer a elaboração do Plano Estadual de Mediação de Conflitos Coletivos Socioambientais e Fundiários Rurais e Urbanos e de Manutenção e Reintegração de Posse Coletiva. O objetivo, segundo o parlamentar, é prevenir arbitrariedades em casos de ocupações rurais e urbanas com áreas em litígio judicial.