O Pró-Genética promove feiras de touros e vacas de qualidade genética superior, para aumentar a produtividade, competitividade e sustentabilidade da atividade pecuária
Edson Simielli explicou que o programa começou em 2006 com três feiras e, em 2015, já contava com 38
Parlamentares explicaram que o objetivo é o melhoramento genético do gado da região

Melhoria genética viabiliza evolução da pecuária mineira

Ação do programa Pró-Genética, que eleva produtividade da pecuária no Estado, foi divulgada e debatida no Sul de Minas.

30/05/2016 - 18:17 - Atualizado em 30/05/2016 - 19:12

O Pró-Genética, programa mineiro de melhoramento da qualidade do rebanho bovino, foi apontado como uma das principais inovações de Minas no setor, que oferece uma grande oportunidade para a evolução da pecuária leiteira em todo o País.

Essas foram as conclusões apresentadas por especialistas e produtores rurais durante audiência pública na cidade de Carmo do Rio Claro (Sul de Minas), nesta segunda-feira (30/5/16). A reunião foi promovida pela Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa Minas Gerais (ALMG), a pedido do deputado Emidinho Madeira (PSB).

O foco principal da reunião foi a divulgação e a discussão do Pró-Genética – Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino do Estado de Minas Gerais. Criado em 2006, o programa promove, regionalmente, feiras de touros e vacas de qualidade genética superior, com o objetivo de aumentar produtividade, competitividade e sustentabilidade da atividade pecuária mineira.

De acordo com o zootecnista da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Edson Simielli Filho, essas feiras são importantes, pois permitem o acesso de pequenos e médios pecuaristas a animais de alto valor genético, por meio de financiamentos bancários ou dos próprios vendedores. O programa começou com a realização de três feiras. Já em 2015, houve 38 eventos em todo o Estado.

O Pró-Genética é uma parceria entre a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a ABCZ.

Genes desejáveis – Após falar sobre o programa, o zootecnista Edson Simielli definiu o conceito de melhoramento genético. “É o conjunto de métodos que visa ao aumento da frequência de genes desejáveis ou à diminuição da ocorrência de genes indesejáveis”, explicou. Para ele, investir nesse processo é fundamental para aumentar a produção de leite nas fazendas, promover a homogeneidade na produção e aprimorar a fertilidade do rebanho. “Um touro bom é um investimento, e não uma despesa”, salientou.

Para o presidente da Epamig, Rui da Silva Verneque, o que o animal produz em carne, leite e ovos depende da genética e da condição do ambiente, que sofre interferência do clima, do manejo e da gestão. “Há, no Brasil, sistemas de produção em que se tem qualidade genética maravilhosa, mas condição do ambiente péssima, o que leva o animal a produzir pouco. O contrário também ocorre. O ideal é que haja equilíbrio entre genética e qualidade ambiental”, resumiu.

Para uma boa produção bovina, segundo o presidente da Epamig, é importante, além da questão genética, ter vegetação de qualidade e em boa quantidade para o gado; condição climática apropriada; e também levar em consideração a boa saúde dos animais. “O Brasil, nos últimos 35 anos, apresentou evolução incrível na área de genética. Temos, hoje, plenas condições de usar o melhoramento em nosso rebanho e fazer com que nossa pecuária leiteira evolua”, ressaltou.

Estudos realizados pela Epamig mostraram, por exemplo, que as matrizes meio sangue Zebu/Holandês são as mais eficientes e de melhor custo benefício quando se trata da pecuária leiteira. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2012, nosso País está entre os maiores produtores mundiais de carne e de leite. Mesmo assim, ainda há uma baixa produtividade de leite por vaca/ano, que corresponde apenas a 1.382 litros.

Qualidade de vida – O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Gado Girolando, Jônatan Hsuan Min Ma, afirmou que o Pró-Genética é uma das grandes ferramentas da melhoria da qualidade de vida do produtor rural, seja ele voltado para produção de leite ou de carne. Para ele, esse programa é a “grande inovação" de Minas Gerais.

O gerente regional da Emater-MG, em Passos (Sul de Minas), Frederico Ozanam de Souza, avalia que o agronegócio é um suporte para o desenvolvimento de nosso País. “Tudo que se desenvolve em termos do agronegócio é investimento que retorna para o Estado e para a população”, acredita.

O médico veterinário Maurício Coelho, acredita que o Brasil tem feito “muito” na área da genética bovina. “Esse setor pode ser uma grande oportunidade de crescimento para a produção rural”, afirmou. Segundo ele, Minas é responsável por 30% da produção nacional de leite. “O Estado tem vocação, tecnologia e know-how de produção leiteira”, acrescentou.

Melhoramento genético de bovinos no Estado

O deputado Emidinho Madeira disse que “veio da roça” e que sabe das dificuldades e da relevância dos produtores rurais. Ele falou sobre a importância do melhoramento genético do gado na região. “Com o Pró-Genética, podemos aumentar a produção leiteira local. Tenho interesse em contribuir para que o programa chegue de fato à região”, pontuou.

Em cerimônia antes da audiência pública, houve assinatura de convênio com 33 municípios do Sul de Minas para distribuir 33 botijões de sêmen bovino, via emenda parlamentar do deputado. “Nosso objetivo é o melhoramento genético do gado da região”, pontuou. Emidinho Madeira afirmou ainda que, em breve, mais 20 botijões serão comprados para distribuir em Minas.

Para o deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), o pilar de sustentação do Brasil é o campo. “É a agropecuária que faz a diferença no País”, ressaltou. O deputado Cássio Soares (PSD) disse que a região de Carmo do Rio Claro é vocacionada para a produção de leite, que se dá pela força do trabalho, da dedicação e da insistência dos produtores rurais. Em sua visão, se a agricultura vai bem, a região prospera, gera emprego e renda.

O deputado Inácio Franco (PV) contou que também é produtor rural. “Estamos sempre na luta por melhorias, discutindo problemas na área rural e o melhoramento genético do gado bovino, que é muito importante”, salientou. Já o deputado Fabiano Tolentino (PPS) falou da dificuldade atual do homem do campo em se manter na zona rural, tanto em termos de produção, como de segurança.